segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

O melhor de mim no pior momento da história.

 



  Em meio a tantas histórias inspiradoras que encontramos na Bíblia, gostaria de refletir junto com você na história de Gideão e em particular, algumas lições preciosas que podemos aprender com ele, sua vida, cultura e tempo eram tão diferentes e distantes da nossa realidade, só que, mais uma vez, vemos como a Palavra de Deus é atual, como ela continua poderosa para nos abençoar não importa o tempo que vivemos.

  O texto que usaremos como referência se encontra no Livro de Juízes, nos capítulos 6 e 7, se puder leia o texto bíblico antes de continuar essa leitura.

  Sempre que ouço pregações sobre Gideão sempre tem uma parte da vida deste guerreiro e juiz de Israel que é enfatizada, Gideão se mostra inconformado diante do Anjo do Senhor sobre a situação de opressão em que o povo se encontrava diante dos midianitas, questiona a ausência dos sinais que Deus fizera no passado.

  Antes de entrarmos neste detalhe que sempre é dada uma atenção maior, gostaria de falar um pouco deste contexto do qual Gideão se refere, pois já faziam 7 anos que Israel se encontrava em uma situação precária por conta das investidas dos midianitas, amalequitas e de outros povos, porém o texto nos diz que os midianitas dominavam israel. Este domínio levou Israel a viver um tempo de pobreza, viviam em cavernas escondidos e com medo, e cá pra nós, medo é algo que veremos do começo ao fim dessa história.

  É importante lembrarmos que Israel neste período já está vivendo na Terra Prometida, a terra que Deus o entregou após os libertar da escravidão de tantos anos no Egito e que não foi fácil, Deus os entregou, porém houve muita guerra, Josué liderou o povo nas batalhas e conquistas. Mas Deus havia deixado muito claro desde o início que o povo estava sendo expulso da terra por conta dos pecados que cometiam e que Israel não deveria cometer esses pecados, pois aconteceria o mesmo com eles. É muito importante entendermos que a libertação do povo e a conquista da terra não seria possível pela própria força do povo, isso é uma demonstração da intervenção divina e de sua Graça no Antigo Testamento, mas que cabia ao povo permanecerem fiéis ao Senhor, isso é uma mensagem direta e clara a nós em nossos dias sobre a nossa libertação e atual situação diante de Deus e dos desafios no nosso dia a dia.

  No tempo de Gideão podemos ver que a opressão que Israel vivia, era simplesmente por conta do seu afastamento de Deus, o povo havia virado as costas para Deus e levantado altares e ídolos, por conta disso Deus tirou a mão de sobre o povo e sempre seus esforços eram inúteis para o que plantavam e na criação dos seus animais.

  Deus levanta um profeta e deixa isso bem claro:

  ele lhes enviou um profeta, que disse: "Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Tirei vocês do Egito, da terra da escravidão.

Eu os livrei do poder do Egito e das mãos de todos os seus opressores. Expulsei-os e dei a vocês a terra deles.

E também disse a vocês: Eu sou o Senhor, o seu Deus; não adorem os deuses dos amorreus, em cuja terra vivem, mas vocês não me deram ouvidos’ ".

Juízes 6:8-10

  Então quando Gideão faz aquele questionamento sobre a ausência dos sinais de Deus, precisamos levar em conta o que o profeta já havia falado, as vezes nos pegamos fazendo o mesmo questionamento a Deus sobre algumas coisas que passamos e essa será a primeira e grande lição que aprenderemos com Gideão, de tomarmos o cuidado de esperarmos um posicionamento de Deus quando este já deixou bem claro que está esperando um posicionamento nosso. A miséria e opressão que o povo está vivendo não é culpa de Deus, mas do próprio povo.

  O Anjo então diz a Gideão que ele vai livrar Israel das mãos dos midianitas, mas ele se esquiva e diz que isso é improvável, pois o clã dele era o menor e ele era o menor de sua casa (Jz 6.15). Gideão nos mostra que, as vezes somos grandes questionadores da ausência dos sinais de Deus e quando Deus nos chama para sermos instrumentos para realizar, nos esquivamos e recuamos. As vezes isso acontece na igreja, questionamos algumas coisas que julgamos estar faltando, mas nem sempre nos colocamos a disposição para taparmos aquela brecha, sem dúvida essa é uma grande lição para nós.

  O que acontece a seguir é que eu gostaria de te chamar atenção, pois, mais do que o inconformismo de Gideão é seu nível de entrega e o coração adorador e isso vai ficar bem claro agora, no meu ver, diante da história contextualizada, o que mais chamou a atenção de Deus para este homem foi isso, um coração pré-disposto a se entregar sem reservas no meio de um povo completamente tomado pela idolatria.

  Gideão pede ao Anjo para esperar até que ele vá em casa preparar uma oferta, fica claro que não se trata de um anjo comum, mas do próprio Deus que se manifestara, pois anjo não recebe oferta ou adoração para si. Fica claro também em toda a história de gideão que este gostava da experiência de ser pai, pois teve 71 filhos, creio eu que neste momento do encontro não havia tido todos esses filhos ainda, mas creio que já eram muitos. Precisamos levar em consideração o fato de a terra estar em grande pobreza, pois as plantações e criações de animais eram devastados pelos midianitas, mas Gideão não se rendia facilmente.

  Talvez não exista um exemplo melhor para nós na bíblia para falar de alguns guerreiros nesta pandemia, Gideão representa os pais de família, aqueles que precisam levar o sustento para casa e num momento de tamanha miséria e precariedade, ele se reinventa, se não dá para trabalhar no campo, vai trabalhar no lugar de prensar uvas, pode ser arriscado e não ser exatamente como gostaria, mas uma coisa é certa, não vai ficar de braços cruzados e escondido enquanto a família precisa de comida na mesa, por isso Gideão estava tratando o trigo no lagar.

  Naquele período, nada era mais precioso do que comida e animais, pois era um tempo de muita escassez, mas Gideão nos dá um grande exemplo de adorador, de que podemos e precisamos dar o nosso melhor para Deus na pior fase da história, Gideão chega em casa e (creio eu) chama a sua esposa para preparar pães, ele usa aproximadamente 10kg de trigo para preparar esses pães e mata um cabrito e prepara com um caldo, arruma tudo e leva para o Anjo.

  Se você é mulher e esposa, pense como agiria em uma situação dessas, com tantos filhos para alimentar, vem seu esposo e usa uma quantidade tão grande de trigo e ainda mata um cabrito para oferecer a Deus. O que Gideão estava fazendo ao entregar aquela oferta era simplesmente isso, entregando o seu melhor para Deus, isso aconteceu com o profeta Elias quando concertou o altar e fez uma vala, derramou água sobre o altar e encheu toda a vala ao redor e depois clamou ao Senhor (1Rs 18.30-38), em ambos os casos o fogo consumiu o altar e toda a oferta, Deus recebeu como cheiro suave em suas narinas, no tempo de Elias a água era a coisa mais preciosa para todos, pois já haviam três anos sem chover.

  O melhor que Gideão pôde apresentar em sua oferta foi comida, o melhor que Elias pôde colocar no altar foi a água, coisas que para nós podem ter algum valor, mas talvez não o mesmo que tinha para eles, nós sabemos o que na nossa vida pode ser a maior oferta, com Abraão a maior oferta não era Ismael seu primogênito, mas o seu Isaque que tanto amava, não sei o que Deus espera de você como oferta e adoração, mas eu aprendi na Bíblia e com Gideão principalmente, que o tamanho da sua entrega hoje vai determinar o tamanho da sua vitória amanhã.

  Mas uma vez digo de acordo com essa lição que aprendemos com Gideão, dê o seu melhor para Deus na pior fase da história.

  No momento que o Anjo tocou com a ponta do seu cajado na oferta de Gideão, ela foi consumida pelo fogo, que coisa tremenda, mas a história desse encontro não parou por aí. O Anjo desapareceu e Gideão entendeu que se tratava do próprio Senhor que falava com ele, por isso achou que sua vida havia terminado, pois como Isaías bem disse que ia perecendo quando viu o Senhor, pois Deus é Santo e nós pecadores diante d’Ele não resistimos (Is 6).

    Mas Deus continuou a falar com Gideão e agora iria começar a obra de restauração da nação de Israel, só que Deus é organizado, e não iria tirar Gideão “do lagar para o mundo”, a obra de restauração iria começar pela sua família. A lição aqui é: Do que adianta se levantar pela nação e deixar altares e ídolos erguidos na nossa casa e na nossa família?

  Deus manda Gideão destruir o altar de Baal e o ídolo que pertence ao seu pai e matar um touro de sete anos para oferecer sobre o novo altar que seria erguido, mesmo com medo da reação da comunidade, Gideão reúne alguns servos durante a noite e destrói o altar e o ídolo, sacrifica o animal (mais uma grande oferta em período de pobreza) e oferece sobre o altar que levantou ao Senhor. Realmente a comunidade quando viu, desejou matar Gideão, mas o máximo que ele conseguiu foi um “apelido”, pois seu pai interviu e disse que, “se Baal é deus, que ele se defenda”, então chamaram gideão de Jerubaal que quer dizer “que Baal lute”, o seu apelido era uma declaração de inimizade com o ídolo cananeu, “Gideão o destruidor de altares de Baal”.

  A grande lição que aprendemos aqui é que, antes de destruirmos os altares de Baal que existem pelo mundo, precisamos destruir aqueles que estão erguidos dentro da nossa casa e antes de levantarmos altares em qualquer lugar do mundo, precisamos fazer isso em nossa casa primeiro.

  Essa atitude de Gideão automaticamente contagiou muita gente e muitos se posicionaram a partir do seu exemplo e o enxergaram como um líder a ser seguido.

  E Gideão disse a Deus: "Quero saber se vais libertar Israel por meu intermédio, como prometeste.

Vê, colocarei uma porção de lã na eira. Se o orvalho molhar apenas a lã e todo o chão estiver seco, saberei que tu libertarás Israel por meu intermédio, como prometeste".

E assim aconteceu. Gideão levantou-se logo cedo no dia seguinte, torceu a lã e encheu uma tigela de água do orvalho.

Disse ainda Gideão a Deus: "Não se acenda a tua ira contra mim. Deixa-me fazer só mais um pedido. Permite-me fazer mais um teste com a lã. Desta vez faze ficar seca a lã e o chão coberto de orvalho".

E Deus assim fez naquela noite. Somente a lã estava seca; o chão estava todo coberto de orvalho.

Juízes 6:36-40

  A prova que Gideão pede para Deus é uma forma de saber se Deus guardaria o seu povo em qualquer situação, a lã seca quando tudo estava molhado indica que Deus guardaria o seu povo, mesmo que tudo estivesse sendo abalado ao redor e que não haveria situações em que Deus não pudesse livrar o seu povo.

  Gideão então consegue trinta e dois mil soldados para a guerra contra os midianitas, mas Deus disse que havia gente demais e que eles vencendo a guerra diriam que foi com a força do próprio braço e que deveriam voltar para casa os covardes. Fico pensando nessa palavra e como foi para aqueles homens lidar com esse status. Vinte mil covardes, o exército de covardes era maior que o exército de corajosos, claro que para vencer essa guerra não era suficiente apenas a coragem ou valentia, isso nós veremosmos mais à frente.

  Mas fico a pensar que muitos retrocedem por conta disso, muitos não participam de grandes feitos de Deus por conta disso, me coloco no lugar deles e me pergunto, como era eu voltar para casa e dizer que voltei porque sou covarde enquanto outros ficaram para lutar? É muito difícil me imaginar nessa situação, mas ao olhar para o texto, vejo que a maioria dos homens estavam tomando para si esse status de covarde, pois isso era o que haviam se tornado neste período de opressão, é muito triste mas essa é uma realidade na vida de muitos que fazem de seus quartos verdadeiras cavernas, as vezes saem para lutar, mas desistem na primeira oportunidade.

   Um dia aprendi que ter medo é algo natural de todo ser humano, o medo deve ser até considerado importante e essencial para nossa vida quando equilibrado, pois, por outro lado a ausência desse cuidado pode nos fazer inconsequentes e todo inconsequente acaba se prejudicando fatalmente em algum momento da sua história.

  Sobraram dez mil e mais uma vez Deus disse que havia muita gente e deu mais uma prova, que ao beberem água, Gideão deveria separar aqueles que se abaixavam para beber daqueles que, trazendo água com a mão até a boca, bebiam como um cão, estes que traziam com a mão e lambiam foram os trezentos que Deus escolheu para continuarem junto de Gideão.

  Muitos se perguntam sobre essa prova e eu pesquisei um pouco sobre isso, no Comentário Bíblico Beacon diz algo interessante, que ao trazerem a água a boca com a palma da mão eles estavam mostrando que estariam atentos e vigilantes em todo o tempo para lutarem caso inimigo atacasse repentinamente. Pensei muito sobre isso e também me veio algo ao coração, pois quem se abaixava tinha água em abundância e quem levava a boca com a palma da mão, bebia de pouco a pouco, ou seja, quando eu aplico isso na minha vida, não vou deixar de vigiar para satisfazer as minhas necessidades, essa é uma lição tão importante quanto as outras, pois muitos são aqueles que são pegos de surpresa pelo inimigo, pois estão mais voltados para seus anseios e necessidades materiais e carnais, aprendemos aqui que não precisamos de muito, se esse muito nos deixará fracos diante do inimigo, melhor aquilo que mesmo de pouco em pouco, mas suficiente para nos suprir.

  Dos dez mil somente trezentos permaneceram com Gideão e mais uma vez Deus mostra que sua maneira de agir está muito além da nossa compreensão humana, que não depende de muitos ou de situações favoráveis para nos dar vitória. Naquela noite o senhor manda gideão ir até o acampamento dos inimigos como um espia e é neste ponto que tudo fará sentido nesta história gloriosa que temos em mãos sobre a vida e as experiências de Gideão, pois este talvez estava com medo, Gideão não era um covarde, mas seu exército era aparentemente inferior ao exército dos midianitas.

  Ao chegar no acampamento dos inimigos, onde estavam midianitas, amalequitas e outros povos que vinham do leste, eles eram como a areia da praia de tão numerosos que eram (Jz 7.12), Gideão junto de um servo chamado Pura pararam ao lado de uma tenda no exato momento em que um homem contava sobre um sonho que tivera e eu creio que estava bem desesperado ao acordar. Ele dizia que:

   Tive um sonho", dizia ele. "UM PÃO DE CEVADA vinha rolando dentro do acampamento midianita, e atingiu a tenda com tanta força que ela tombou e se desmontou".

Seu amigo respondeu: "NÃO PODE SER OUTRA COISA SENÃO A ESPADA DE GIDEÃO, filho de Joás, o israelita. DEUS ENTREGOU OS MIDIANITAS E TODO O ACAMPAMENTO NAS MÃOS DELE".

Juízes 7:13,14

  Como fico impactado com esses versículos, pois no que parece, Gideão está com medo e então Deus o leva até o acampamento inimigo para ver de perto como está o coração do inimigo com muito mais medo dele, Glória a Deus!!!

  Mas gostaria de chamar sua atenção para algo magnífico, pois para mim Gideão venceu esta guerra no dia que encontrou com Deus, pois o sonho deste homem é muito sugestivo, ele poderia sonhar que uma pedra rolava, ou que uma bola de fogo, ou quem sabe, uma espada como o amigo dele interpretou, mas não, ironicamente ele viu um pão, lembra da oferta de Gideão? Por isso o título desse texto é OFEREÇA O SEU MELHOR NA PIOR FASE DA HISTÓRIA, o nível da sua entrega hoje pode definir a sua vitória amanhã e por que não dizer, o nível da sua entrega neste ano difícil de 2020 pode definir o tamanho da sua vitória em 2021?

  Deus deu vitória a Gideão, e foi algo sobrenatural, pois seus inimigos acabaram se voltando uns contra os outros e não houve dificuldades tão grandes que não pudessem ser superadas.

  Espero que todas essas grandes lições que aprendemos com Gideão fiquem gravadas em seu coração e que esse ano de 2021 seja um ano de vitórias como essa grande vitória de Gideão.

  Que Deus te abençoe!!!

3 comentários:

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