domingo, 29 de novembro de 2020

O desafio do ministério.

 


O desafio do ministério.

 

  “Então Jesus entrou numa casa, e novamente reuniu-se ali uma multidão, de modo que Ele e os seus discípulo não conseguiam comer.”

Mc 3.20

  Ao olhar este texto junto ao seu contexto vejo com clareza a vida das pessoas que Jesus chamou para assumir uma posição de autoridade na sua obra, nos é necessário ter uma visão equilibrada e coerente de acordo com a realidade de cada um, porém, aqui temos uma ideia do sentido real de fazer parte do ministério.

  Jesus acabara de dar autoridade aos doze discípulos (Mc 3.13-19), que nós conhecemos como apóstolos, é muito importante saber que, ser um apóstolo não era receber um título, mas sim uma autoridade diferenciada para serviço do Reino, entender isso pode nos ajudar a entender que ao fazer parte do ministério seja em qual função for, não temos como objetivo receber admiração ou reconhecimento pelo título, mas torna-se nosso maior objetivo o serviço com o máximo de engajamento possível, algo que de maneira nenhuma poderia ser menor ou igual aos seguidores comuns que acompanham Jesus.

  Neste texto de Marcos os discípulos estavam tão ocupados que não tinham condições ou tempo para comer, este detalhe nos chama muito a atenção, pois este texto vem logo após a “consagração” dos apóstolos, o que esperar dos dias seguintes após a consagração? Precisamos entender que seguir a Jesus e compor seu ministério irá exigir de nós muita renúncia, e renúncia em todos os níveis e em todos eles nós teremos como prioridade servir ao povo que é amado por Jesus.

  Eles não tinham tempo para comer, ou seja, eles não tinham tempo para eles mesmos, para as suas coisas.

  Jesus quando esteve com a mulher samaritana disse algo que se encaixa nesta situação, Ele disse que a sua comida é fazer a vontade do Pai e concluir a sua obra (Jo 4.34). Se nós não estivermos cientes disso podemos ter muitos problemas no ministério e causar muitos problemas também.

 

  Uma questão de equilíbrio e consciência.

  Quanto tempo durava um dia de Jesus e dos apóstolos, será que eles tinham mais ou menos horas no seu dia do que nós? Será que eles não tinham seus compromissos, seus afazeres? Sim, apesar de a sociedade e cultura serem bem distintas da nossa, eles também tinham suas ocupações quotidianas, porém, ao assumirem essa posição de autoridade, estavam também se comprometendo com tudo o que ela exigiria deles, hoje nós não temos nem condições de comparar o nosso nível de envolvimento com o desses homens, até por conta da diferença que há entre nós e eles e do nosso tempo com o deles, porém uma coisa aprendemos aqui e indefere de tempo e cultura, o fato de que ao fazer parte do ministério, haverá momentos que não teremos mesmo tempo para nós, pois estaremos muito ocupados cuidando das pessoas amadas por Jesus.

  Lembro-me de ter ouvido sobre a responsabilidade de um médico cirurgião, que este poderia estar em uma festa de aniversário de sua filha, mas ao receber uma ligação do hospital para uma cirurgia de emergência, teria de sair correndo para atender aquela pessoa que conta com sua instrumentalidade para salvá-la. Essa cena não nos parece estranha ou inaceitável, pois se trata de uma vida que pode ser salva. O ministério não é como o trabalho de um cirurgião, ele é mais sério, pois se trata da salvação de vidas e as vezes por conta disso pode acontecer de perdermos momentos que gostaríamos de participar.

  Isso é uma questão de consciência, ninguém deve ingressar no ministério sem essa maturidade, pois isso seria catastrófico tanto para o ministro, quanto para aqueles que deixarão de ser cuidados por conta das possíveis faltas deste ministro e é importante que o casal esteja consciente disso, que a esposa entenda o chamado do marido e seja seu suporte, pois já é difícil renunciar determinadas coisas e a cobrança da esposa pode trazer um peso muito grande ao ministro.

   O equilíbrio é também importantíssimo, pois ainda que naquele dia os apóstolos não tivessem tempo para comer, uma hora eles teriam que comer, pois senão, morreriam de fome. O ministro precisa entender que no cumprimento do ministério vai haver momentos que ele estará com fome sem poder parar para comer, pois estará alimentando a outros, mas ele não pode deixar de ter cuidado consigo mesmo, pois a bíblia também está cheia de conselhos que precisam ser levados em consideração.

  “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas, porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como as que te ouvem.”

1Tm 4.16

 

“Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma.”

1Jo v.2

 

  É aqui que precisamos encontrar o equilíbrio, não podemos deixar de cuidar de nós mesmos com a justificativa de que há muitas pessoas para cuidar, não podemos justificar a falta de cuidado com a nossa família por conta das muitas famílias que estamos cuidando, também não podemos negar o fato de que as coisas precisam estar equilibradas dentro de nós, pois não há sucesso real quando tudo está bem no nosso ministério e por outro lado a nossa alma está doente e cada vez mais doente.

  Existem dois extremos que precisam ser evitados, aquele que nos impede de abrir mão das nossas coisas para cuidar dos outros, e o que nos impede de abrir mão dos outros para cuidar das nossas coisas. É com sabedoria que serão postos alguns limites para que não deixemos de cuidar de nós, da nossa família e nem dos outros.

  Ao estudar sobre a vida destes homens em quem o Senhor depositou autoridade, percebo que não apenas neste capítulo da bíblia suas vidas foram        cheias de desafios, mas em todo o tempo em que serviram até a morte, pois morreram exatamente por conta do serviço do ministério.

  É preciso entender o que está acontecendo quando somos ordenados, quando o azeite desce sobre nossa cabeça, neste ponto estamos nos comprometendo com algo grandioso, algo que nos custará um alto preço, quem sabe a nossa própria vida, mas sobre tudo isso, somos privilegiados por receber tamanha honra de sermos contados entre os ministros de Jesus.

  Glorifico a Deus pelo reconhecimento e confiança de meus líderes, lembro-me de uma frase que ouvi do Pr Douglas Gonçalves, “Que por medo de consagrarmos um Judas deixamos de consagrar Pedros, Thiagos e Joãos”. Peço a Deus que seja eu contado entre estes três, fiéis até o fim.

Celebro a Deus pela honra do ministério pastoral.

29/11/2020

Um comentário:

  1. De grande importância foi pra mim esse texto.
    Que Deus continue te abençoando e iluminando sua vida para mais textos e devocionais.
    Abriu um leq5de entendimento que tinha algumas dúvidas

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