quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Relacionamento com Deus

 




  Como é importante estudarmos sobre este assunto, pois todo estudo organizado e sistemático nos possibilitará uma maior compreensão da obra de Cristo no plano eterno de salvação do homem, assim como o seu relacionamento com Deus.

  O Deus Eterno (El-Olom) criou o homem para um relacionamento eterno com Ele, um relacionamento em que o homem cresceria em conhecimento, tanto das coisas celestiais, como das coisas terrenas.

  Pai e Discipulador.

  Existe um ditado popular que diz: “Pai não é aquele que coloca no mundo, mas aquele que cria”, ou seja, aquele que acompanha no seu dia a dia. Deus não apenas colocou o homem no mundo, mas todos os dias passava tempo com o homem, o relacionamento inicial que observamos entre o homem e Deus é o de um Pai com seu filho.

  Gn 3:8 Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim.

  O homem e seu propósito. 

  Gn 2.15 – O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo.

  Deus não precisava do homem para isso, mas deu ao homem uma missão, um propósito.

  O trabalho que o homem realizava envolvia obediência a Deus, zelo pela criação, cuidado com sua esposa, que também representava o próximo este era o seu propósito pessoal.

Cuidar/Cultivar = (Hebraico – abhadh); servir. Verbo que significa trabalhar, servir. Este trabalho pode concentrar-se em coisas, pessoas ou Deus.

  Cultivar - Culto - Cultura

  O cultivo e proteção do Jardim, com tudo o que havia nele fazia parte do relacionamento do homem com Deus eram a essência que regia a cultura do Jardim, a cultura do Reino de Deus, pois o Pai providenciava tudo o que o homem necessitava de forma que este não plantava pra colher, este cultivava simplesmente porque era o propósito de sua vida, pois o Pai supria as necessidades dos filhos, e proteger para que nada pudesse ameaçar a criação perfeita de Deus. Essa cultura do Reino observada no Jardim do Éden nos faz olhar para Deus como Criador, Pai, Amigo, Provedor e Discipulador, e também nos reeduca sobre a forma que devemos tratar nosso próximo e a natureza, não como exploradores da terra ou do próximo, mas como cultivadores e protetores.

  Por exemplo, ao orarmos como fomos ensinados na oração do Pai Nosso "Venha o teu Reino", nós estamos sempre pedindo e agindo para que mais uma vez a cultura do Reino ou do Jardim seja estabelecida na terra.

  O homem pós -queda.

  Após a queda todos os relacionamentos do homem foram danificados.

  - Relacionamento com Deus, seu criador.

2.     - Relacionamento com o próximo.

3.     - Relacionamento com a criação (natureza).

4.     - Relacionamento com si mesmo.

  Um novo status passou a ser a realidade no relacionamento entre Deus e o homem, o filho e amigo se tornara inimigo de Deus tendo como consequência da sua desobediência a morte espiritual e física. (Rm 3.23; 6.23)

  Desde então vemos o homem se rebelando contra Deus, se levantando contra o próximo, contra a Natureza e contra si mesmo.

  Na história tivemos homens diferenciados, que experimentaram um relacionamento mais íntimo com Deus, Noé, Enoque, Abraão, Moisés, dentre outros exemplos que poderíamos citar, mas nenhum deles experimentou um relacionamento paternal como o de Adão e Eva antes do pecado e o que estava reservado para o tempo que chamamos de Graça. Talvez pensemos em encontrar estes homens no céu para perguntar a eles como foram as experiências vividas, mas talvez a maior expectativa não seja nossa, mas deles em saber como foi viver neste “novo” nível de intimidade no relacionamento com Deus.

  Deus entregou sua Lei escrita em tábuas de pedras a fim de mais uma vez trazer o homem para perto, mas com o passar do tempo a religião se tornou apenas o cumprimento de regras, vazia de amor para com Deus que não era mais visto como um Pai amoroso, mas um Senhor distante e que estava sempre pronto a condenar os  pecadores. Em uma grande parte da história bíblica Deus apenas se relacionava com algumas classes de pessoas: Patriarcas, sacerdotes e profetas, em poucas exceções ele se revelou com mais intensidade a homens comuns, mesmo assim os tornou grandes personalidades na história bíblica.

  A Religião (Latim, verbo religare, que significa religar).

  A religião judaica foi uma forma de manter o homem conectado aquilo que é Sagrado, tanto ao fazê-lo lembrar dos fatos passados, como manter acesa no coração a esperança de um futuro de glória, isso nós podemos ver nos livros do Pentateuco, assim como nos livros históricos e proféticos. Só que com o passar do tempo os homens perderam a essência da religião e ela não serviu mais para mantê-los ligados e conectados em Deus.

  Ainda nos dias de Jesus vemos o resultado dessa religião vazia, onde os próprios líderes se achavam filhos de Deus por causa do sangue de Abraão que corria em suas veias e pelas obras da Lei, mas Jesus foi claro e direto com eles.

  Vocês estão fazendo as obras do pai de vocês". Protestaram eles: "Nós não somos filhos ilegítimos. O único Pai que temos é Deus".

Disse-lhes Jesus: "Se Deus fosse o Pai de vocês, vocês me amariam, pois eu vim de Deus e agora estou aqui. Eu não vim por mim mesmo, mas ele me enviou.

Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que eu digo.

"Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.

No entanto, vocês não crêem em mim, porque lhes digo a verdade!

João 8:41-45

  Deus Pai novamente.

  Só há uma maneira de nos tornarmos filhos de Deus, recebendo Jesus como Senhor e Salvador, os religiosos apesar de serem zelosos cumpridores da Lei, queriam matar aquele que deveriam reconhecer e receber com amor.

Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.

Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus,

João 1:11,12

  O antes e o depois de Cristo na vida do homem.

    Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.

  Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira.

Ef 2.1-3

 

Antes vocês estavam separados de Deus e, em suas mentes, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês.

  Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação,

  Desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do Evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro.

  Cl 1.21-23

  Em Cristo fomos reconciliados com Deus e agora novamente como filhos, fomos reeducados a nos relacionar com Ele.

  Jesus quando pisou na terra e cumpriu seu ministério, ensinou seus discípulos como deveriam se relacionar com Deus.

  Mt 6.6-10 – Um Pai que continua sendo Rei e Senhor.

  "Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará.

E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos.

Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem.

Vocês, orem assim: ‘Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome.

Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu."

  Ef 5.1 / Mt 5.48 -- Um Pai para imitarmos.

  "Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados. (Ef 5.1)."

  "Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai celestial de vocês (Mt 5.48)."

  Jo 4.23 – Um Pai para adorarmos já.

"No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura."


Uma nova criação / Deus em nós. 

2 Coríntios 5:17 "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo."

  Após a queda o homem se perdeu do seu propósito e teve todos os seus relacionamentos prejudicados, somente quando em Jesus fomos recriados, ou seja, fomos feitos nova criatura tivemos nosso relacionamento com Deus restaurado e consequentemente os demais relacionamentos, podendo viver novamente a Cultura do Reino de Deus.

  Deus havia criado todas as coisas e por fim o homem, ou seja, Deus criou todo o cenário para  o homem e para que este cuidasse e cultivasse, e ao ser criado havia nele (homem) um diferencial de todo o resto da criação, após Deus o formar do barro, soprou em suas narinas o fôlego de vida (Espírito), o homem foi feito a imagem e semelhança de Deus (Gn 2.7), após isso toda a criação via o criador quando contemplava o homem, mas o pecado danificou a criação perfeita de Deus que tinha sua imagem e semelhança, mas no evangelho que escreveu João temos um relato que revela quem é Jesus e quem nós somos n'Ele

  João 20:22 E com isso, soprou sobre eles e disse: "Recebam o Espírito Santo.

  Se o pecado danificou a criação de Deus transformando a natureza do homem em uma natureza carnal e pecaminosa, em uma mente voltada para praticar o mal, Cristo o recriou soprando sobre o homem mais uma vez o Espírito, podendo ele viver uma nova vida, uma nova mentalidade (Rm 12.2) guiado pelo Espírito (Rm 8.1) e não mais escravo dos prazeres da carne.

  Geralmente consideramos uma diferença entre aqueles que se arrependem, consideramos aqueles que aceitam a Jesus e aqueles que se reconciliam, mas se levarmos em consideração estes textos, concluiremos que na queda de Adão todos nós também caímos, perceberemos que todos os homens estão afastados de Deus e que necessitam de reconciliação, reconciliar é tornar amigo novamente, é voltar ao relacionamento inicial e Jesus nos possibilitou isso através do seu sacrifício. Devemos nos despir do velho homem (Adão após o pecado) e nos revestir do novo homem (Adão antes do pecado), mais uma vez criado para ser semelhante ao Pai como filhos amados.

  Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos,

a serem renovados no modo de pensar e

a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.

Efésios 4:22-24 


   Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus,

por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo.

Hebreus 10:19,20

 

  “Não apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a reconciliação.”

Rm 5.11

  Neste tempo da história humana, tempo que chamamos de dispensação da graça entendemos que vivemos um relacionamento com Deus nunca experimentado pelos grandes nomes da história bíblica no AT, pois Deus se relacionava com o Homem através de aparições (teofanias), visões e revelações, o Espírito de Deus vinha sobre eles e em porções, mas hoje não temos Deus sobre/conosco, temos Deus em/dentro de nós através do Espírito Santo.

  Os benefícios deste tempo são infinitamente maiores, podemos voltar a nos relacionar com Deus, mas não como um Senhor distante e pronto a nos condenar, que quer nos ver cumprindo suas regras escritas, mas aprender com Jesus que temos um Deus que é Senhor, mas que é nosso Pai e que está dentro de nós.

  Na religião cumprimos as obrigações e deveres, na graça e neste novo relacionamento desfrutamos o prazer de poder obedecer mais uma vez. Essa é a diferença do salvo para o moralmente religioso, há leveza na obediência para o salvo, mas para o religioso sempre há sacrifício, sempre há uma busca para pagar sua dívida com Deus, o salvo não paga dívida, ele faz por amor e gratidão, pois entende que a dívida já foi paga.

  Relacionamento abusivo.

  Por fim, achei muito necessário falar sobre isso, pois é muito comum ouvirmos sobre este fato hoje no nosso país, por conta dos inúmeros casos de feminicídio. Temos visto muitas mulheres denunciando homens por conta de relacionamentos abusivos. O que seria isso? Um relacionamento onde uma pessoa seja obrigada a receber um tratamento que faz mal, tanto fisicamente, como psicologicamente e emocionalmente, fato é que, existem muitos que não abrem mão do relacionamento com Deus, mas também "o obrigam" a ir em lugares que não condiz com seu perfil, ver, ouvir e presenciar situações que o entristecem. Claro que digo tudo isso em uma linguagem que seja de maior facilidade de entendimento, pois creio eu que em muitos destes casos os homens estejam convencidos de estarem em um relacionamento com Deus, quando mais uma vez estão vivendo enganados tendo como pai o diabo.

  Que Deus nos guarde e nos capacite, para que possamos sustentar esse relacionamento de Pai e filho que recebemos como um presente de valor inestimável.

  Deus te abençoe!  

Mais humano

 


  Lucas 16:19 "Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e vivia no luxo todos os dias. 

20 Diante do seu portão fora deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas; 

21 este ansiava comer o que caía da mesa do rico. Em vez disso, os cães vinham lamber as suas feridas.

 

  As desigualdades entre os homens não é uma realidade dos nossos dias, é uma realidade que passou a fazer parte da vida dos homens a partir da queda.

  O rico vivia TODOS OS DIAS no luxo, vestindo-se das roupas mais caras, comendo as mais deliciosas comidas e desfrutando do conforto de um lar aconchegante.

  Mas havia uma outra realidade muito distante que era vivida do lado de fora do seu portão, um mendigo, coberto de chagas, faminto e esperançoso de que algumas migalhas que caiam da mesa do rico lhes fossem ofertadas, suas companhias eram os cães que lambiam suas feridas.

  Não muito diferente em nossos dias, às vezes vemos grandes condomínios luxuosos separados apenas por muros de comunidades que sobrevivem na precáriedade, onde estaria o problema da nossa sociedade? Alguns estão certos de que os problemas estão nos ideais políticos.

  Socialismo e Capitalismo se tornaram temas de grandes debates na história e com o passar dos anos nenhum se mostrou capaz de resolver o problema da desigualdade, pois não adiantaria arrancar a árvore e deixar a raiz viva, pois a raiz que coloca um semelhante em uma posição inferior não é o fato de eu ter mais dinheiro do que ele, mas meu coração caído e escravisado pelo pecado. 

  Maior do que Deus não há, mais Santo, mais Justo e Poderoso, porém o seu amor o fez pisar na terra como homem, olhou nos olhos dos ricos, religiosos, publicanos, prostitutas, cegos, coxos, dentre tantos outros moribundos e os tratou como seres humanos, criados segundo a imagem e semelhança do Criador, ele olhou nos olhos, mas não o fez de cima para baixo, ele olhou de igual para igual e nos deixou um novo mandamento.


  "Amem uns aos outros como eu vos amei" (Jo13.34)


  O problema não é a desigualdade em si, não é eu ter mais do que o outro, o problema está no coração egoísta que só pensa em si e em explorar o outro para se dar bem. Jesus nos ensina a excelência do propósito da nossa existência mais uma vez, pois para isso fomos criados, para cultivar e guardar, seja o cônjuge, os familiares, os amigos, a natureza, ou até mesmo um desconhecido. Cultivar para que continue frutificando e guardar para que nada venha danificar o que Deus criou com perfeição. Isso nós podemos fazer independente do lugar que moramos, tratar nossos funcionários com dignidade e respeito, ou aqueles que nos servem um café, aqueles que abastecem nosso carro ou que trabalham nos caixas de super-mercados.

 Servir e não somente ser servido nos faz grandes nessa terra, não porque seremos mais crentes ou santos, mas sim, por nos tornarmos mais parecidos com o primeiro homem criado...

  MAIS HUMANO.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Deus que restaura sonhos

 


  Em Mc 9.14-32 temos uma história que também está sendo apresentada por Mateus (Mt 17.14-21) e Lucas (Lc 9.37-42). Uma coisa fica clara em ambas referências, que Jesus não estava presente quando o pai chega com o menino que está possesso por um demônio que o oprime de forma terrível.

  Jesus havia passado a noite no monte que depois ficou conhecido por todos nós como monte da transfiguração, nesta feita estavam acompanhando Jesus os discípulos Pedro, Thiago e João. Estes três discípulos viveram um momento extraordinário durante essa madrugada, pois ao mesmo tempo que Jesus começou a ficar resplandecente, apareceram duas personalidades muito especiais na história de Israel, Moisés e Elias, os discípulos até queriam erguer tendas para Moisés e Elias, mas estes desapareceram e pôde ser ouvida por eles a voz de Deus que dizia: “Este é o meu Filho, o Escolhido; ouçam-no”.

  É muito interessante observarmos isso, quando Jesus está com esses discípulos no monte, vivendo essas experiências, lá embaixo do monte os outros discípulos também estão vivendo uma experiência, mas bem diferente. Um pai desesperado traz seu filho para que estes discípulos expulsem o demônio que o oprime, mas estes não conseguem expulsar e isso acaba gerando uma grande discussão entre eles e os mestres da lei que em todo tempo buscavam uma maneira de criticar e condenar as obras de Jesus, eram verdadeiros “juízes cegos de causas espirituais”, mas o pior de tudo isso é que os discípulos caíram neste laço e entraram na discussão.

  Ao ler o texto e observar a cena, penso que o pai continua desesperado com seu filho nos braços enquanto os mestres da Lei se ocupam em uma discussão da qual nenhum deles tem capacidade de julgar corretamente.

  Jesus chama Pedro, Thiago e João para subir ao monte e nesta parte sempre fiquei imaginando como não deveriam ter ficado os outros discípulos, o que passava pela cabeça deles, sempre pensei que no lugar deles eu iria ficar muito indignado, pois desejaria também ser mais íntimo a ponto de ser chamado para estar junto de Jesus em cada momento. Sempre pensei e falei que ao retornarem, os demais estavam ansiosos para saber o que havia acontecido, mas talvez isso não tenha acontecido, pois no retorno deles os discípulos estavam envolvidos em uma grande discussão, podemos perceber que havia muita gente reunida neste momento

  Que experiências podemos viver quando estamos sempre com Jesus, certamente muito diferentes das que viveremos sem ter Ele por perto.

  É claro que nessa história existe todo um contexto, mas a aplicação dela nos serve de grande ensinamento, uma coisa é viver na intimidade com Jesus, outra é ter nome de discípulo e viver longe dele, é bem provável que o mundo nos reconheça como discípulos d’Ele, mas que o mundo espiritual não nos reconheça.

  Essa história também vai nos ensinar sobre a fé, pois ter Jesus de forma visível nos traz segurança diante dos levantes do adversário, mas nem sempre a presença d’Ele será percebida através dos nossos sentidos, apenas a fé nos possibilitará crer em sua companhia em todos os momentos. Existiram dois momentos em que o Evangelho vai relatar que os discípulos enfrentaram grande tempestade no mar, a primeira delas Jesus estava dormindo no barco, eles então foram acordá-lo e perguntaram se Ele não se importava que estivessem perecendo? Jesus então mandou o vento se aquietar e disse-lhes: Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não tendes fé?” (Mc 4.35-41)

  Neste primeiro episódio no mar os discípulos ficaram atemorizados e se questionavam, quem seria este que até o vento e o mar obedecia, mas houve uma segunda experiência, mas nessa Jesus despede seus discípulos dizendo que iria orar, mas que atravessassem o mar que ele os encontraria, mas ao chegarem no meio do mar, começou um forte vento contrário e eles remavam usando todas as suas forças e já cansados pelas ondas contrárias, diz o texto que Jesus estava vendo tudo o que acontecia, veio andando sobre as águas e pensaram que se tratava de um fantasma, nesta feita que Pedro andou sobre as águas (Mc 6.45-51), quando Jesus acalmou mais uma vez a tempestade, diz Mateus que eles disseram: “Verdadeiramente este é o Filho de Deus” (Mt 14.33).

  Eu vejo duas situações muito parecidas em que os discípulos acabam agindo de forma semelhante, sem fé. Na primeira Jesus está presente, foi fácil sacudi-lo e chama-lo para acalmar a tempestade, mas Ele os advertiu dizendo que a fé deles era muito pequena e isso os faziam ser escravos do medo, na segunda vez que passaram pela mesma experiência Jesus escolheu não estar de corpo presente no barco, mas de longe olhava tudo, mesmo assim preferiam usar a força do braço para lutar contra o vento e as ondas, quando deveriam usar a fé.

  O problema da falta de fé não é apenas desistirmos e não lutarmos contra os ventos contrários, na verdade o problema pode ser bem maior, pois quando não lutamos com a fé em questões espirituais acabamos lutando com nossas próprias forças, ou começamos a pensar que Jesus não se importa conosco. Quantos ventos serão necessários passarmos para lutarmos com a fé e não pela força do nosso braço?

  Existem duas perguntas de Jesus que me chamaram atenção neste texto quando o Senhor mais uma vez me levou a meditar, a primeira é:

  O que vocês estão discutindo? (Mc 9.16)

  É muito irônico ver os discípulos no meio dessa discussão, sendo que no final da história eles vão até Jesus perguntar o porquê de não conseguirem expulsar o demônio do rapaz, ora, se eles não sabiam o que estava acontecendo. Como poderiam discutir?

   Por outro lado, temos os mestres da Lei, homens religiosos que se sentiam na condição de juízes de causas espirituais pelo conhecimento que tinham e pela posição que ocupavam. Eu realmente não sei quais eram os argumentos de ambas as partes nessa discussão, mas eu vejo neles uma característica muitas vezes nossa, aquela em que nos fazemos mestres de questões que estão além da nossa capacidade de explicar e julgar.

  Lembro-me de um dia ter escrito sobre Ez 37, quando Deus leva o profeta em uma visão ao meio de um vale de ossos que estavam sequíssimos e faz ao profeta Ezequiel uma pergunta: “Filho do homem, poderão reviver estes ossos?”. A pergunta é feita por Deus, mas Ezequiel nos dá um grande exemplo e talvez isso faça dele um profeta diferenciado, ele nos ensina que não importa quando capítulos já tenham passado na nossa história com Deus e no ministério, existem coisas que devemos ter humildade e simplesmente dizer: “Não sei, mas Deus sabe”.

  Isso pode parecer covardia, pode parecer que estamos nos esquivando dos debates, sim até devemos evitá-los, mas não é só evitarmos debates, nós realmente não sabemos de tudo, e na maioria das vezes o que nos falta é o discernimento. Por isso essa pergunta de Jesus me chama tanto a atenção, “o que tanto discutimos?”, “por que tão facilmente caímos nesse laço?”. Existem coisas que acontecem ou que não acontecem que deveriam nos levar a buscar em Deus resposta, buscar entender o que Deus quer fazer ou dizer através de cada situação. Cuidado para não se tornar um juiz cego de causas espirituais!  

  Jesus então atende ao pai do rapaz e diz que se ele crer, tudo é possível ao que crer, Mateus nos deixa um detalhe que Marcos e Lucas não deixa, que a nossa fé só precisa ser do tamanho de um grão de mostarda e que se a tivermos poderemos dizer ao monte para se transportar para o meio dos mares e ele obedecerá, Jesus não estava falando de forma literal, mas de questões espirituais, que coisas impossíveis iriam acontecer quando usássemos nossa fé, que poderíamos dizer aos demônios que saíssem do meio do nosso caminho, que saísse da vida dos nossos entes queridos, nessa feita, do filho.

  Quando falou com o pai do menino, Jesus fez uma pergunta, “Há quanto tempo ele está assim”(Mc 9.21),  creio que Jesus sabia quanto tempo aquele rapaz estava naquela situação, mas que ao perguntar, era para que os seus discípulos e os mestres da Lei soubessem que, enquanto eles perdiam tempo discutindo, um filho continuava oprimido e um pai desesperado, eu entendo essa pergunta de outra forma quando chega a mim: “Quanto tempo você vai perder com discussões ou com coisas que não te levarão a lugar nenhum enquanto seu filho está oprimido por demônios? Quanto tempo vai perder em guerras egoístas enquanto pessoas entram pelas portas da igreja esperando encontrar nos discípulos de Jesus ajuda? Mas que acabam encontrando discípulos sem Mestre.

  “Filhos são como sonhos de pernas”, isso foi o que eu disse a minha esposa quando Deus colocou essa palavra no meu coração, que os filhos ainda estão no ventre e nós sonhamos como será o rostinho quando sair, e quando sai, sonhamos com o dia que vai falar as primeiras palavras, sonhamos com os primeiros passos, sonhamos com o seu futuro esperando ser um grande servo ou serva de Deus, mas assim como este pai da história, vemos muitos sonhos se perdendo no caminho, vemos o diabo se apossando e destruindo muitos sonhos.

  Mas vemos nos evangelhos a história de pais que buscaram no lugar certo terem seus sonhos restaurados, vemos a mulher siro-fenícia, mesmo não sendo judia e recebendo um “não” de Jesus, o adorou e disse que as migalhas que vinham dele seria suficientes, Jesus libertou a filha dela, vemos o caso desse pai que desesperado tirou seu filho da água e do fogo, pois o demônio o tentava matar, este vindo a Jesus teve seu filho restaurado, temos também a filha de Jairo, chefe de uma sinagoga, um líder da religião, mas que ao ter sua filha perecendo em sua cama, se prostrou aos pés de Jesus e este decidiu entrar na sua casa, seja alguém que não pertence a Israel, seja como esse pai ou um líder religioso, se buscarmos a restauração dos nossos filhos em Jesus, Ele pode restaurá-los.

  Pense nisso! Deus te abençoe!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Ex- inimigo de Deus.

 


 

“Não apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a reconciliação.”

Rm 5.11

 

  Uma vez ouvi um pregador dizendo que “nunca conseguiremos entender a grandeza da graça recebida através de Jesus se não entendermos nossa real condição de pecadores diante de Deus”, não lembro quem foi, mas essas palavras continuaram gravadas em meu coração. Agora, depois de tantos anos e muito estudo da palavra sinto fortemente em meu coração o desejo de escrever sobre este assunto, pois talvez a melhor forma dentre tantas existentes para descrever nossa condição antes de sermos salvos seja essa, “ex- inimigos de Deus”.

  Ouvimos muitos testemunhos de libertação na igreja, até porque todos são “ex- alguma coisa”, pessoas que tinham suas vidas aprisionadas ao tráfico, ou mesmo que não estivesse diretamente envolvida com o tráfico, muitas estavam viciadas em drogas, prostituição, corrupção, mentira, outras presas em religiões e por espíritos malignos,  dentre tantas outras coisas que poderíamos citar. Existem aqueles que criticam a igreja por conta de tanta gente com históricos terríveis estarem agora dizendo que foram santificadas por Deus, sem entenderem fazem esta crítica, pois Jesus veio exatamente para isso, para desfazer as obras do diabo, nos dar um novo status de vida.

  O fato é que na maioria das vezes somos impactados pela transformação dessas vidas, seus testemunhos nos emocionam e fortalecem nossa fé.

  Como cristãos maduros sabemos que não dependemos de testemunhos para crermos em Jesus, o Evangelho nos é suficiente e vamos ver isso mais a frente, porém é fato que o próprio Jesus operava muitos milagres e isso servia para que a fé dos seus discípulos fosse fortalecida, um exemplo disso foi a morte de Lázaro, quando o próprio Jesus disse:

  Então lhes disse claramente: “Lázaro morreu, e para o bem de vocês estou contente por não ter estado lá, para que vocês creiam. Mas vamos até ele”.

  Jo 11. 14,15

  Precisamos entender  que nossa mensagem não se resume a nossa história de vida, mas na história de Jesus, precisamos entender que pertence a Ele o grande testemunho, mesmo quem se via preso em uma vida totalmente destruída e foi restaurado, independente dos pecados que nos fizeram cativos um dia, a grandeza e a beleza do nosso testemunho não está em nós, mas consiste na obra de Cristo, pois todos passaram da morte para a vida, de inimigos para amigos e filhos de Deus através da sua obra e não da nossa.

  Em Mc 1.40-45 encontramos um leproso que fora curado por Jesus, a lepra era uma doença incurável, mas para Jesus não havia impossível, então após curá-lo, Jesus o despediu com uma severa advertência: “Não conte isso a ninguém.” Jesus não queria que aquele homem desse seu testemunho, deixou bem claro que deveria apenas continuar sua vida livre daquela enfermidade. Ele desobedeceu e por conta disso Jesus não podia mais entrar publicamente em nenhuma cidade, mas ficava fora em lugares desertos.

  Era fácil ouvir um grande testemunho de um homem que fora curado de lepra, mas por causa da sua desobediência tornou mais difícil o encontro das demais pessoas que também necessitavam de Jesus, seu testemunho mais o afastava das pessoas do que aproximava.

  Então fica claro que o nosso testemunho de transformação de vida é importante, mas maior do que qualquer testemunho foi o que Jesus fez. O evangelho não se trata do que fizemos, mas sim, do que Ele fez por nós.

  Ex- mortos.

  Um dia um jovem me perguntou como ele deveria evangelizar? Como deveria abordar uma pessoa na rua? O que deveríamos falar para as pessoas?

  Essas perguntas são muito importantes, pois nós como pregadores devemos realmente pregar o que as pessoas precisam ouvir. Existem muitas estratégias para atrair as pessoas para a igreja hoje, muitos métodos que precisamos analisar com muito cuidado, pois toda estratégia que Deus dá sempre estará de acordo com os critérios do próprio Evangelho.

  Eu respondi para o jovem que a nossa missão e grande desafio ao pregar o evangelho nas ruas é exatamente conseguir fazer com que as pessoas reconheçam seu estado de morte diante de Deus, pois sendo assim a própria pessoa que está sendo evangelizada saberá identificar e valorizar a verdadeira mensagem do Evangelho. Pense comigo, uma pessoa morta precisa de carro zero? Casa própria? Marido ou esposa? Cura de qualquer doença?

  Uma pessoa morta precisa de vida, a verdadeira mensagem do Evangelho provará que sem Cristo estamos mortos, mas nele passamos da morte para a vida (1 Jo 3.14). Hoje encontramos outros evangelhos que tentam atrair o povo pela ambição de coisas terrenas, quando a maior necessidade do homem sem Deus é vida e reconciliação com seu Criador.

  Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.

  Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira.

Ef 2.1-3

 

  Paulo ao escrever aos efésios sobre a condição deles antes de receberem salvação pela graça de Jesus e deixa bem claro que “todos nós também vivíamos entre eles”, ou seja, mesmo sendo um fariseu zeloso da Lei (Fl 3.5,6), Paulo não viveu sua vida como um bêbado, um drogado ou prostituto, mas ainda assim reconheceu seu estado antes de Cristo, estava também morto em suas transgressões e pecados, ainda que fielmente estivesse seguindo a religião judaica, todos nós somos como Paulo “ex- mortos” e “ex- inimigos de Deus”, mesmo se nossa vida era aparentemente reta.

  O título deste texto me veio ao coração em uma madrugada quando estava lendo o livro do profeta Jeremias no capítulo 15 e 37, quando Deus declarava seus juízos sobre o seu povo escolhido, ao ler isso comecei a refletir sobre o dia do Juízo Final quando o próprio Deus que é Amor lançará no lago de fogo os pecadores. Naquela madrugada o Senhor reafirmou algo que eu já sabia, mas que de certa forma me trouxe grande temor, pois eu refletia no Deus que sendo Amor era também a própria Justiça, e que haveria de trazer condenação a todos àqueles que se mantiveram como seus inimigos por conta de seus pecados, não importando se estes viviam declaradamente no pecado, ou se estes viviam como se fosse povo escolhido.

  Pensei no fato de que o diabo não lança ninguém no inferno, acredito que ele mesmo não queria esse final para si, o lago de fogo não será o reino de satanás, muitos têm uma ideia muito errada deste lugar terrível, Deus preparou o inferno para o diabo e seus anjos, um lugar de tormento eterno para todos os que forem lançados ali. Sua obra na terra consiste em nos manter nesta posição que ele mesmo se encontra, a de inimigos de Deus, por isso está sempre armando seus laços para que estejamos presos ao pecado.

  Um dos grandes sinais do Fim dos Tempos, ou quem sabe o maior é o engano, que Deus nos livre de cair no mesmo engano que os religiosos de Israel nos dias do ministério terreno de Jesus que ao se acharem filhos de Deus foram declarados por Jesus como filhos do diabo.

 

  Disse-lhes Jesus: “Se Deus fosse o Pai de vocês, vocês me amariam, pois eu vim de Deus e agora estou aqui. Eu não vim por mim mesmo, mas Ele me enviou.

  Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que eu digo.

  Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou a verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.

  Jo 8.42-44

 

  Paulo dá testemunho de si quando fala aos efésios, que mesmo sendo religioso vivia este engano, mas que através de Jesus recebeu vida, o mesmo Paulo que falou aos crentes de Éfeso, falou também aos irmãos de Colossos.

  Antes vocês estavam separados de Deus e, em suas mentes, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês.

  Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação,

  Desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do Evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro.

  Cl 1.21-23

  Já conseguimos entender com essas referências nosso real estado antes de Jesus entrar na nossa vida, primeiro nosso estado de mortos e depois o de inimigos de Deus, merecedores da ira divina.

  É muito difícil convencer as pessoas dessas coisas, por isso é desafiador pregar o Evangelho, por isso nossa pregação não consiste em informações teóricas, mas necessita de ser feita sob a unção do Espírito Santo, pois Ele é quem pode convencer o pecador do seu estado pecaminoso, quando entendemos essas verdades sobre nosso estado sem Deus, passamos também a entender o valor da Graça.

  Quanto me custou a salvação? Quanto custa para as demais pessoas? Nada! Ela é de graça! Mas o fato de ela ser de graça para nós não significa que ela não tenha custado alguma coisa a alguém, a graça que nos é oferecida hoje custou a vida do Filho de Deus na Cruz do Calvário.

  Temos muita facilidade em olhar para o texto da crucificação e imaginarmos as cenas do sofrimento de Jesus e pensamos que tudo o que Ele sofreu foi injusto, pois Ele era inocente, mas essa é uma visão muito rasa do que realmente estava acontecendo ali, pois na cruz se cumpria toda a justiça de Deus e naquele momento Ele estava tomando sobre si os nossos pecados, não era mais um inocente, ali estava sobre ele nossos pecados e culpas, ele assumiu nossas culpas para nos tornar justos e inculpáveis diante do Pai, livres de qualquer acusação.

  A difícil missão de pregar “Todo o Evangelho” ou “Toda a vontade de Deus”.

   Uma irmã em minha igreja um dia me mandou uma mensagem perguntando sobre o capítulo 3 do Livro do profeta Ezequiel, eu demorei muito para responde-la, no dia que respondi precisei até pedir perdão por isso, mas no final das contas eu também entendo o tempo, pois foi no mesmo dia que eu havia lido o livro de Jeremias e Deus havia falado comigo. No cap. 3 de Ezequiel fala da difícil missão do profeta, primeiro em engolir o rolo que Deus havia dado (Mensagem), depois, transmiti-la ao povo, a mensagem era amarga, Deus o havia posto como sentinela/atalaia, ou seja, aquele que ficava na torre de vigia e anunciava o perigo iminente se aproximando. O profeta deveria entregar a mensagem, pois se não o fizesse seria responsabilizado pela morte daquele que não ouviu a mensagem, mesmo que as pessoas o ouvissem e não se arrependesse, ele deveria entregar a mensagem.

  Hoje estamos no tempo da graça, o tempo em que Deus está transformando em amigos quem nasceu inimigo, Deus está chamando de filho aquele que outrora era filho do diabo, mas ainda temos uma grande responsabilidade de pregar todo o Evangelho, pois se lermos os evangelhos, veremos o próprio Jesus citando muitas vezes o inferno, a condenação daqueles que optaram em se manter inimigos de Deus mesmo depois de o conhecerem, nas parábolas do servo (Mt 24), das virgens, dos talentos e dos bodes e ovelhas (Mt 25) vemos Deus trazendo duro juízo a quem aparentemente eram seus servos, mas enganados em vida receberam condenação para a eternidade.

  Deus no AT não poupou o seu povo quando pecou, no NT também deixa bem claro que o salário do pecado é a morte e que nós deveríamos valorizar e nos apegar com tudo o que temos a essa graça salvadora que é um dom gratuito de Deus.

  No dia que respondi a irmã sobre Ezequiel 3, encontrei uma referência que o próprio Paulo fez ao se despedir dos líderes da igreja de Éfeso, Paulo usou a mesma expressão que encontramos no livro de Ezequiel.

  Portanto, eu lhes declaro hoje que estou inocente do sangue de todos.

  Pois não deixei de proclamar-lhes toda a vontade de Deus.

  At 20. 26,27

  Proclamar o Evangelho completo, ou toda a vontade de Deus é uma grande responsabilidade, é falar da graça, do favor imerecido, mas é também deixar claro que viver no pecado ainda nos torna inimigos de Deus, merecedores de sua ira. Há perdão para aqueles que se arrependem, mas para aqueles que se mantém no pecado haverá duro juízo.

  Ao ler Jeremias 37 algo me deixou muito impactado, o rei Zedequias mandou uma mensagem ao profeta pedindo para que orasse em favor do povo, pois desejava se ver livre da dominação do império babilônico, mas Jeremias disse que não haveria salvação para Judá e Jerusalém, pois ainda que viesse do Egito reforço, eles retornariam para sua própria terra e a Babilônia atacaria, conquistaria e destruiria a cidade, mesmo que sobrassem apenas homens feridos no exército babilônico não haveria a possibilidade do povo escolhido de Deus vencer, pois não se tratava de uma guerra contra a Babilônia, se tratava de um juízo de Deus contra seu povo que se tornou inimigo por causa dos seus pecados.

  O que me trouxe muito temor ao ler este capítulo foi o momento que o rei pede oração, lembrei-me imediatamente das palavras de Deus ao profeta no cap. 15.

  Então o Senhor me disse: “Ainda que Moisés e Samuel estivessem diante de mim, intercedendo por este povo, eu não lhes mostraria favor. Expulse-os da minha presença! Saiam!

  Jr 15.1

  Deus já havia dito que não ouviria orações pelo povo, foi mais além ao citar Moisés e Samuel, pois estes aparecem na história bíblica intercedendo pelo povo em um momento que pecaram, onde parecia ser o fim, Deus havia dito para Moisés que acabaria com o povo de Israel por conta da sua rebeldia, Moisés intercedeu pelo povo, disse que Deus poderia riscar o seu nome do Livro, mas que poupasse o povo , Deus nessa feita feriu o povo com uma praga, mas poupou a nação de ser completamente dizimada (Ex32.31-35).

  Samuel intercede pelo povo em um momento de grade derrota que sofriam contra os filisteus, além de perderem milhares de seus soldados em duas batalhas, perderam também a Arca da Aliança, diante deste quadro de derrota o povo arrependido pediu a Samuel que orasse a Deus e o Senhor operou grandemente dando livramento e vitória ao seu povo (1Sm 7).

  Esses dois grandes homens de Deus intercederam pelo povo quando ninguém mais poderia interceder e Deus usou de misericórdia, por isso é tão forte a palavra de Deus a Jeremias, nem mesmo se eles orassem Deus atenderia, agora no capítulo 37 vemos o rei pedindo ao profeta para orar e não havia nada que o profeta pudesse fazer, pois já estava escrito o que aconteceria.

  No capítulo 15 nós encontramos o que está escrito que aconteceria.

 

  E, se lhe perguntarem: ‘Para onde iremos? ’, diga-lhes: ‘Assim diz o Senhor: " ‘Os destinados à morte, para a morte; os destinados à espada, para a espada; os destinados à fome, para a fome; os destinados ao cativeiro, para o cativeiro’.

"Enviarei quatro tipos de destruidores contra eles", declara o Senhor: "a espada para matar, os cães para dilacerar, as aves do céu e os animais selvagens para devorar e destruir.

Eu farei deles uma causa de terror para todas as nações da terra, por tudo o que Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, fez em Jerusalém.

"Quem terá compaixão de você, ó Jerusalém? Quem se lamentará por você? Quem vai parar e perguntar como você está?

Você me rejeitou", diz o Senhor; "Você vive se desviando. Por isso, porei as mãos em você e a destruirei; cansei-me de mostrar compaixão.

Jeremias 15:2-6

  Todo o juízo que a nação sofreria já havia sido declarado no tempo em que o rei Manassés reinou, neste período diz as Escrituras que Manassés desviou o povo, a ponto de fazerem pior do que as nações que o Senhor havia destruído diante dos israelitas (2Rs 21.9). A lista de pecados de Manassés pode ser encontrada em 2Reis 21 e 2Cr 33, este rei levantou os altares pagãos que seu pai havia destruído, porém seus pecados o levaram ao fracasso, pois foi levado cativo pela assíria e na prisão refletiu sobre sua vida de pecados e se humilhou e arrependido clamou fervorosamente e Deus o livrou e restituiu seu reinado.

  Manassés foi um dos piores reis que surgiu na história do seu povo, segundo a tradição, foi responsável pela morte do profeta Isaías, serrando-o ao meio, perseguiu e matou outros profetas, levantou altares pagãos, consultou adivinhadores da pior espécie, sacrificou seus filhos no fogo aos ídolos, mas mesmo para este homem tão desviado de Deus houve misericórdia, pois este se arrependeu.

  Manassés era sem dúvida um grande inimigo de Deus, mas ele usou a porta da Graça que nos conduz a reconciliação através de um arrependimento sincero.  Deus deixou escrito que o salário do pecado é a morte (Rm6.23), é inevitável esse resultado para quem vive no pecado como inimigo de Deus, porém também está escrito que, Deus não rejeita um coração quebrantado e contrito (Sl 51). Quando o rei Zedequias pede oração para o profeta Jeremias, não há como mudar, pois não importa se quem está orando por nós seja Moisés ou Samuel, se em nós não houver verdadeiro arrependimento. No caso de Manassés, ninguém orou por ele, ele mesmo se humilhou e arrependido orou fervorosamente.

  Qual seria então a oração mais poderosa? Do pastor? Do líder? Das irmãs de oração? Não. A oração mais poderosa é a minha oração pessoal, a de quem está preso ao pecado, mesmo que com poucas palavras, sem muito conhecimento, mas sincera de um coração quebrantado e contrito.

  Deus restituiu o reino a Manassés e após retornar a sua terra ela passa a dar muito valor as palavras dos profetas que antes perseguia e matava, pois vemos no relato de 2Cr 33.14 que ao retornar aumentou a altura do muro externo da cidade em vários lugares e pôs comandantes militares em todas as cidades fortificadas de Judá, Manassés tentou se preparar para as consequências dos pecados que havia praticado, tentou destruir os altares que haviam sido erguidos, mas não conseguiu fazer uma limpeza completa e acabou que o povo cometeu um grande erro.

  ”O povo, contudo, continuou a sacrificar nos altares idólatras, mas somente ao Senhor, ao seu Deus.”

2Cr 33.17

  Este versículo contém uma mensagem que ultrapassa seu tempo, pois ele nos fala de um risco que todos nós corremos, pois tudo aquilo que não glorifica a Deus deve ser removido de nossas vidas, ainda que pareça não haver mal e que a nossa intenção seja boa, Deus não aceita mistura, não podemos adorá-lo em um altar dedicado a outras entidades pagãs, Deus deu uma ordem a Gideão quando teve um encontro com ele, Gideão o obedeceu destruindo o altar dedicado a Baal e construiu um novo altar e sobre ele ofereceu sacrifício a Deus.

  Com o passar do tempo a nação se afastava da presença de Deus e se prostrava diante desses altares. Este texto nos chama a atenção para algo extremamente importante, precisamos remover das nossas vidas tudo o que possivelmente nos remete ao tempo que éramos inimigos de Deus e não podemos de forma alguma lidar com isso como se fosse algo de pouca relevância, nessa história, Manassés teve um encontro com Deus e pelo que lemos permaneceu na presença de Deus até seus últimos dias, mas por não remover todos os altares e por reaproveitar alguns deles para adorar a Deus vemos seu filho Amom fazendo aquilo que o Senhor reprova e pior do que isso, Amom não se arrependeu desse pecado como Manassés seu pai (2Cr 33.21-23).

  Manassés teve a grande oportunidade de em vida se arrepender dos seus pecados, por mais graves que fossem, “as misericórdias do Senhor não tem fim (Lm 3.22)”. E após se converter ele dá atenção ao que os profetas diziam, Manassés me ensina que a mensagem anunciada nem sempre é aceita quando recebida, mas isso não significa que não será no futuro, existem aqueles que ouvirão a nossa pregação hoje, mas que apenas ouvirão, mas a mensagem não será suficiente para que se convertam, estes precisarão passar por apuros semelhantes ao de Manassés, daí tudo passará a ter maior valor, porém existe uma situação mais perigosa do que uma vida de apuros, a vida folgada e sem problemas.

  Jesus nos fala através de uma parábola sobre um mendigo chamado Lázaro e de um rico (Lc 16.19-31), diz o texto que o mendigo estava coberto de chagas e que ficava na porta do rico esperando as sobras que caiam da mesa para se alimentar. O texto diz que Lázaro e o rico morreram, mas ambos foram para lugares diferentes, o mendigo estava em um lugar maravilhoso junto de Abraão, por outro lado o rico foi levado para um lugar de tormento, um lugar muito quente e que não tinha uma gota d’água para se refrescar.

  O que me chama a atenção nesta parábola é que o rico, ainda que tenha recebido condenação, ao avistar Lázaro e Abraão, chama Abraão de pai e não bastar esse fato curioso de alguém que claramente estar condenado chamar Abraão de pai, Abraão o responde o chamando de filho. Muito intrigante esse relato, pois no que parece, este homem rico é um israelita conhecedor de Abraão, provavelmente um religioso, mas que seu sangue, sua riqueza e vida religiosa não foram capazes de salvá-lo. O céu de fato será um lugar de muitas surpresas, sucesso, riqueza, status e bens não são sinônimos de salvação, vemos nesta parábola um mendigo salvo e um religioso rico condenado. 

  Agora vamos ao detalhe que mais nos interessa para o nosso texto, existem pessoas que mesmo ouvindo a mensagem do evangelho não se apropriam da mensagem, outros se apropriarão no futuro quando passarem por apuros. É aquela famosa frase de crente, “quem não vem pelo amor, vem pela dor”. Manassés passou pelos espinhos, mas esse rico não teve a mesma oportunidade, ele viveu uma vida sem espinhos, mas recebeu uma eternidade de tormentos por rejeitar a Palavra, veremos como aconteceu.

  Quando o rico pediu água e Abraão disse que não havia mais a possibilidade disso acontecer, pois havia um abismo de separação entre eles, o rico então pediu para que permitisse Lázaro avisar seus irmãos, para que não tivessem o mesmo fim, Abraão então respondeu:

  “Eles têm Moisés (Lei) e os profetas (Livros proféticos), que os ouçam”

Lc 16.29

  O rico insiste dizendo que seria mais provável eles se arrependerem através de um homem ressuscitado. Abraão o responde mais uma vez:

  “Se não ouvem a Moisés e os profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.”

Lc 16.31

  O que temos neste texto é a realidade dos nossos dias na vida de muitos crentes e ministérios em que, somente as Escrituras não seriam mais suficiente para levar o pecador ao arrependimento, precisamos tomar esse cuidado, pois nós mesmo podemos chegar a essa dependência de testemunhos impactantes, quando a Palavra deve ser suficiente para nós, era isso que Abraão queria dizer ao falar que os irmãos do rico tinham Moisés (Lei) e os profetas (livros do Antigo Testamento). E aqui não precisamos destacar apenas o testemunho pessoal de quem entrega a mensagem, mas a dependência de diversas outras coisas para que consigamos levar o povo ao arrependimento.  

  Hoje nós anunciamos o Evangelho da Reconciliação, Paulo fala que é desse evangelho que se tornou ministro (Cl 1.23), e precisamos entender que fomos reconciliados e que precisamos perseverar para que não nos afastemos dessa posição e que mantenhamos firmes a nossa fé em Jesus.

  Todos nós nos tornamos inimigos de Deus após o pecado de Adão, o relacionamento que o homem tinha com Deus foi prejudicado e limitado por causa dessa barreira que se pôs entre ambos (Is 59.2), na história Bíblica tivemos homens que se destacaram ao desfrutar de um relacionamento íntimo e diferenciado com Deus, homens como Enoque que andou tão próximo a Ele que Deus o tomou para si, Noé, Abraão, Moisés, Davi, tivemos sacerdotes e profetas com um relacionamento bem estreito com Deus, dentre tantos outros que poderíamos citar. Mas um dia Deus proporcionou aos homens um relacionamento como nunca antes, mais uma vez Deus veio a terra para andar junto com os homens que havia criado, mas não como Deus, ele se encarnou, nasceu e viveu entre nós, não somente isso, Ele cumpriu toda a justiça de Deus e por fim tomou sobre si nossas culpas e pagou por elas na cruz.

  Ao fazer isso sua maior missão era nos reconciliar com o Pai, nos possibilitar andar com Deus todos os dias, mas essa proposta foi ainda maior, pois se no Jardim do Éden Adão e Eva andavam lado a lado com Deus, Jesus nos proporcionou uma experiência superior a essa, hoje nós andamos com deus dentro de nós através da pessoa do Espírito Santo.

  Precisamos entender que não existe diferença na hora de fazermos aquele apelo no final de uma pregação, “quem deseja aceitar Jesus e quem deseja se reconciliar com Ele?”, na verdade, todos os homens estão afastados de Deus, este desvio talvez não tenha acontecido em vida, esse desvio aconteceu para todos nós no Éden e Cristo através de sua carne nos abriu esse caminho e acesso a presença do melhor Pai e amigo.

    Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus,

por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo.

Hebreus 10:19,20

  “Não apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a reconciliação.”

Rm 5.11

  Jesus em todo o tempo de seu ministério ensinou aos seus discípulos uma nova forma de se relacionar com Deus, uma maneira que não se aprendia nas sinagogas com os rabinos, Deus não seria mais inacessível, não seria um Senhor distante de seus servos, Ele deveria ser buscado como um Pai, isso com certeza foi um choque para a religião judaica, mas para os pecadores a melhor dádiva da vida. Antes somente os descendentes de Abraão eram considerados "filhos", mas agora temos uma boa notícia (Evangelho), a todos que o receberam e o reconheceram como Senhor, Deus lhes deu o poder de serem feitos seus filhos (Jo 1.12).

  Desfrute hoje desse relacionamento, Ele é Deus, Ele criou todas as coisas, habita no céu, mas deseja morar dentro de nós, é nosso melhor Amigo e Pai.

Deus te abençoe!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Por que perdoar? (Parte 2)

 


  Jesus disse aos seus discípulos: "É inevitável que aconteçam coisas que levem o povo a tropeçar, mas ai da pessoa por meio de quem elas acontecem.

Seria melhor que ela fosse lançada no mar com uma pedra de moinho amarrada no pescoço, do que levar um desses pequeninos a pecar.

Tomem cuidado. "Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe.

Se pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: ‘Estou arrependido’, perdoe-lhe".

Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé! "

Ele respondeu: "Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderão dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’, e ela lhes obedecerá.

"Qual de vocês que, tendo um servo que esteja arando ou cuidando das ovelhas, lhe dirá, quando ele chegar do campo: ‘Venha agora e sente-se para comer’?

Pelo contrário, não dirá: ‘Prepare o meu jantar, apronte-se e sirva-me enquanto como e bebo; depois disso você pode comer e beber’?

Será que ele agradecerá ao servo por ter feito o que lhe foi ordenado?

Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado, devem dizer: ‘Somos servos inúteis; apenas cumprimos o nosso dever’ ".

Lucas 17:1-10

  No texto que escrevi anteriormente vimos que alguns ensinamentos de Jesus deixam bem claro o nosso dever de perdoar, nesta segunda parte vamos refletir em mais algumas coisas para entendermos de uma maneira mais abrangente e profunda sobre o perdão, desde já lhe digo que este texto é bastante comprometedor e exigirá de nós maturidade para que não seja apenas mais um conhecimento teórico, mas que se torne nossa maneira de viver.

  No Evangelho que escreveu Lucas, no capítulo 17.1-10 encontramos algumas instruções de Jesus que são feitas diretamente aos seus discípulos, entender que Jesus não falava à multidão, mas aos seus discípulos é um detalhe bem importante para que possamos compreender algo sobre este ensino, pois quando leio algumas instruções que Jesus nos deixou como regra de fé e prática, penso em um termo que eleva o nível do nosso cristianismo, o “Evangelho Nível Hard”, pois o que parece é que existem ensinamentos de Jesus que se tornaram  mais aceitáveis do que outros, não é o caso do perdão que iremos tratar neste texto, este ensinamento pode até ser bem entendido teoricamente, mas em muitas situações acaba se tornando uma utopia, ou seja, uma ideia perfeita, porém muito distante da realidade que está ao nosso alcance.

  Ao dizer que este texto é comprometedor e que exigirá de nós maturidade, é exatamente por conta disso, pois não se trata mais do leitinho materno, mas de um alimento mais sólido.

  Jesus começa falando sobre escândalo, e o texto diz: “E disse aos seus discípulos (v.1)”. Jesus diz que os escândalos são inevitáveis, mesmo se tratando de seus discípulos, Ele nos deixa claro que por se tratar de humanos, muitos acabarão cedendo ao pecado e se tornarão motivo de tropeço para alguns, porém Ele deixa claro que dura coisa é cometer escândalo e ser motivo de tropeço para um desses pequeninos, e este texto me traz muito temor, pois Jesus não está considerando apenas aquele que vai se tornar escândalo para muitos, mas se apenas um pequenino vier a tropeçar, isso já seria uma tragédia para este discípulo que trouxe escândalo.

  Isso deve realmente nos chamar a atenção para o que significa ser um discípulo de Jesus e de nossa responsabilidade no mundo, pois temos de ter a consciência de que somos canal de benção para todos e que um passo errado que dermos pode comprometer um pequenino. É interessante tanto a forma como Jesus fala daquele que comete o escândalo, como também a forma que fala do que vai tropeçar, um pequenino.

  Quem seria considerado pequenino? Jesus é muito sábio ao descrever aquele que tropeçaria, pois apenas aqueles que ainda são pequeninos na fé, ou novos convertidos terão a fé abalada por causa dos escândalos, porque é de se esperar que aqueles que são maduros na fé não se abalem com esses escândalos que surgirão, visto que o próprio Jesus disse que era inevitável que isso acontecesse. É fácil entender isso, é só imaginarmos um obstáculo diante de uma criança que está aprendendo a andar e este mesmo obstáculo diante de um adulto, os escândalos sempre aparecerão como pedras no caminho, mas quem é maduro sempre vai passar por eles sem tropeçar.

  Vale a pena entender que nem sempre alguém que comete escândalo leva outros a tropeçarem por conta dessas pessoas copiarem o seu erro, mas como vemos com tanta frequência em nossos dias nas redes sociais, quando alguém que faz parte de algum ministério e tem muita notoriedade na mídia causa um escândalo, vemos muitos pecando com suas palavras que as vezes são pesadas, se envolvem em discussões que promovem muito mais os escândalos.

  “Melhor que se pendurasse uma pedra no pescoço e se lançasse ao mar (v.2)”. Muitos ao lerem isso interpretam que Jesus está incentivando o suicídio, mas bem sabemos nós que alguém que tira sua própria vida está condenando a si mesmo, eu entendo que Jesus não incentiva um ato como esse, mas está dizendo que “seria melhor”, não que alguém deveria fazer isso, mas que “seria melhor a pessoa trazer condenação apenas para si mesmo, ao invés de trazer escândalo e condenar a si e a outros”.

  Muitos acabam lendo a partir do versículo três separadamente dos dois primeiros versículos, outros não, e quando eu li este texto, também não consegui separa-los, pelo contrário, acho que é bem claro o quanto estão ligados um ao outro e que não se trata de assuntos aleatórios, mas que desde o início Jesus quer trazer lições que elevará o nível de cristianismo de seus discípulos com relação ao perdão.

  “Olhai por vós mesmos ou tomem cuidado. (v.3)”. Ao falar aos seus discípulos, creio que se tratava dos mais próximos, os apóstolos ou até mesmo um grupo maior, porém discípulos que carregavam consigo a responsabilidade de representá-lo, que deveriam ter cuidado para não serem motivo de escândalo e agora ele continua falando que seus discípulos deveriam perdoar quando alguém pecasse contra eles, ainda que sete vezes ao dia, mas que, vindo pedir perdão deveriam perdoar.

  Aqui nós vemos o desafio de um cristão autêntico, se esforçar para ser perfeito em toda a sua vida e tomar cuidado para não ser motivo de escândalo, tendo a consciência de que mesmo fazendo de tudo para preservar os outros, haverá sempre quem peque contra nós. E isso não nos dará o direito de exigir dos outros a mesma atitude como veremos a seguir.

  “Eu nuca falei de ninguém, não aceito que falem de mim.” (Fofoca).

  “Eu nunca tirei nada de ninguém, não aceito que tirem de mim” (Roubo).

  O nosso dever é perdoar sempre, então vamos entender com mais profundidade isso, pois como eu disse, existem instruções que serão mais aceitas do que outras no Evangelho por conta do grau do prejuízo sofrido.

   “Eu nunca tirei nada de ninguém, não aceito que tirem de mim” (Assassinato de alguém que você ama ou até mesmo um acidente que provoca a morte de um ente querido, uma perda por causa de uma negligência ou erro médico).

  São muitas situações que poderíamos descrever aqui, umas mais simples que outras, porém em todas o mesmo dever de perdoar sempre.

  Por isso não consigo desmembrar um assunto do outro neste texto, pois primeiro Jesus fala do dever que seus discípulos têm de serem irrepreensíveis, mas isso não dará a esse discípulo o direito de exigir que todos sejam perfeitos para com ele, e que ao errarem, ele deverá estar aberto a perdoar.

  Os discípulos então disseram “Senhor, aumenta a nossa fé! (v.5)”. O que teria a ver fé com o nosso dever de perdoar? Entendo que perdoar é tanto uma atitude pessoal, como algo sobrenatural, perdoar é algo que o homem natural não poderia fazer sem uma intervenção divina, sem uma capacitação do Espírito Santo. Através da fé genuína em Jesus nós podemos fazer coisas extraordinárias e nós iremos aprender isso com o Mestre, mas precisamos colocar uma “lupa” sobre esse pedido dos discípulos e sobre a resposta que Jesus deu a seguir.

  A princípio já percebemos que a instrução que Jesus está dando não é simples e nem fácil de fazer, no outro texto deixamos bem claro os motivos que temos para perdoar em qualquer situação, um deles é a compreensão da nossa dívida com Deus que era infinitamente maior do que qualquer dívida que alguém possa ter conosco, e que há uma expectativa em Deus ao nosso respeito, de que devemos perdoar assim como Ele nos perdoou, pois mesmo sem merecermos recebemos o seu perdão, ao pedirem para que Jesus aumente a fé deles, seus discípulos também estão reconhecendo que o perdão que precisam liberar não depende da pessoa que pecou contra eles, mas do grau da própria fé deles, ou seja, “Senhor, se minha espiritualidade for pequena ou fraca eu não vou conseguir perdoar como o Senhor está mandando”.

  Aqui está uma lição importante e preciosa, perdão não depende do que a outra pessoa vai fazer, se ela vai mudar, se ela merece, depende exclusivamente de nós e da nossa fé. A verdade é que muitas pessoas se tornam prisioneiras dos seus próprios sentimentos, mágoas e ressentimentos durante anos esperando uma atitude daquele que errou, precisamos aprender que isso não tem a ver com o outro, mas com nós mesmos.

    Jesus respondeu: "Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderão dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’, e ela lhes obedecerá.

Lucas 17:6

  Eu confesso que quando eu li este versículo e o Espírito Santo ministrou ao meu coração, eu fiquei impactado, pois existem aqueles dias que nós lemos a bíblia e lemos juntamente com um livro de apoio, um comentário bíblico, ou até mesmo pesquisando na internet, mas havia poucos dias que eu ministrei em minha igreja sobre este assunto e numa leitura simples fui conduzido a este texto, mas ao meditar nestes dez versículos pude perceber Deus me convidando a uma maior profundidade sobre este assunto.

  O versículo 6 nos parece muito familiar, Jesus mais uma vez usou como exemplo a semente de mostarda, pois esta era uma referência muito comum utilizada por Ele quando queria se referir a algo muito pequeno, só que em outro momento Jesus parece dizer a mesma coisa, só que em outras palavras, refletindo na pequena diferença que há encontraremos diferenças com significados preciosos. Veremos a outra declaração de Jesus sobre a fé do tamanho do grão de mostarda.

  Ele respondeu: "Porque a fé que vocês têm é pequena. Eu lhes asseguro que se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte: ‘Vá daqui para lá’, e ele irá. Nada lhes será impossível.

Mateus 17:20

  No texto de Mateus Jesus não está se referindo ao dever de perdoar, mas da impossibilidade que os seus discípulos encontraram ao tentarem expulsar um demônio e não conseguirem, todos nós concordamos que expulsar demônios é uma questão espiritual, e que precisamos de fé para “dizer ou ordenar” que eles saiam de uma pessoa. Jesus quando fala sobre essa situação do demônio que oprimia o rapaz usou o monte como exemplo, monte fala de barreiras, de impossibilidades, fala de inimigos mais poderosos do que nós, veja o que o salmista diz:

  Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro?

O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.

Salmos 121:1,2

  Mas quando Jesus fala sobre a fé que os discípulos precisam ter para perdoar, Ele não fala de um monte, mas de uma amoreira. Antes de falarmos da profundeza que há nessa diferença, vamos considerar o tamanho da fé que precisamos ter, o grão de mostarda.

  Eu era novo convertido quando alguns irmãos brincavam sobre o tamanho da fé que tinham, nem sempre era 100% brincadeira, pois nunca vi ninguém com coragem para dar uma ordem dessas a um monte, mas precisamos entender o que Jesus estava falando e que Ele não está ensinando aos seus discípulos a ficarem mudando os montes de lugar quando bem entendessem, Jesus está falando sobre questões espirituais. Se eu te perguntasse hoje qual o tamanho da sua fé, o que você me responderia? Lembre e considere o fato de que Jesus usou como exemplo talvez a menor semente que aqueles discípulos conheciam para dar essa lição. O monte ou a amoreira te obedeceriam hoje, caso desse a eles uma ordem?

  Eu mesmo nunca vi os discípulos de Jesus fazerem isso após essa instrução, mas eu li sobre muitos sinais miraculosos que os discípulos fizeram por meio da fé, dos demônios que expulsaram, como no caso de Filipe em Samaria e como no caso de Estevão que perdoou aqueles que o apedrejavam e clamava pelo perdão de Deus por eles, será que a fé deles ficou do tamanho de um caroço de manga? Claro quer não! Não é sobre medirmos o tamanho da nossa fé esse versículo, Jesus está deixando bem claro uma regra no mundo espiritual para nós, seus discípulos. Quando expulsamos demônios, não é porque somos muito crentes, claro que precisamos ter fé, mas na manifestação do poder e nos milagres não é o que nós temos, mas sim o poder que há no nome d’Ele, ou seja, eu preciso ter fé n’Ele, pois o efetuar é espiritual e isso depende de Deus a minha participação em tudo é só o grão de mostarda.

  O que então seria o grão de mostarda?

  Ele respondeu: "Porque a fé que vocês têm é pequena. Eu lhes asseguro que se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, PODERÃO DIZER a este monte: ‘Vá daqui para lá’, e ele irá. Nada lhes será impossível.

Mateus 17:20

  Jesus respondeu: "Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda, PODERÃO DIZER a esta amoreira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’, e ela lhes obedecerá.

Lucas 17:6

  Precisamos dizer, precisamos dar a ordem, precisamos declarar para que isso seja feito, acabou que estamos em um tempo onde algumas palavras foram mal interpretadas, uma dessas palavras é a afirmativa de que “há poder nas nossas palavras”, sim isso precisa ser bem entendido, pois o poder não está simplesmente nas nossas palavras, mas que, se as nossas palavras estiverem acompanhadas de uma fé genuína, uma fé que condiz com as Escrituras, sim, haverá poder em nossas palavras para que possamos dizer “Amoreira, arranque-se daqui e plante-se no mar”, e assim será.

  Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva".

João 7:38

  Agora sim, quando Jesus está falando sobre a fé que precisamos ter para perdoarmos, Ele usa a figura da amoreira, eu não irei falar sobre muitos detalhes que essa árvore possivelmente nos traria como lições, mas considerarei apenas alguns.

  A amoreira é uma árvore com raízes tão grandes na terra quanto a árvore fora dela, em alguns sites é possível observarmos que suas raízes são agressivas, isso nos remete à mágoas e ressentimentos quando não tratados acabam se tornando raízes profundas e destrutivas, essas raízes nos tornam pessoas amargas que acabam contaminando outras.

  Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus. Que nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação, contaminando a muitos.

Hebreus 12:15

  Uma vez plantada e enraizada, a amoreira vai continuar produzindo os seus frutos. Jesus disse que com a fé do tamanho de um grão de mostarda, seus discípulos deveriam dizer para a amoreira ser arrancada e plantada no mar. Primeiro que, Jesus não disse para cortar a árvore, às vezes cortamos a árvore, mas deixamos as raízes vivas onde ninguém vê e em alguns casos as raízes são maiores do que a parte que aparecia no exterior, com isso ela acaba sobrevivendo e crescendo novamente. Esse é o erro de muitos quando supostamente “perdoam” alguém, acabam com os desconfortos exteriores, mas continuam ressentindo interiormente o mal sofrido. Outra coisa a considerar é, Ele não disse “jogue-se ou lança-te no mar”, mas “plante-se no mar” e isso sim valeu muito a pena pesquisar, pois descobri que a amoreira nunca sobreviveria no mar, ou seja, não lance em qualquer lugar sua mágoa, ela sai de você, mas pode brotar em outro lugar, olhe o que diz o versículo escrito aos hebreus, a raiz de amargura, quando brota causa perturbação e contamina a muitos. Às vezes acontece de perdoarmos alguém, mas outras pessoas manterem os fatos vivos em seus corações e se não tomarmos cuidado podem nos devolver a amoreira.

  A aplicação desse raciocínio é muito propícia para nossos dias, existem pessoas magoadas com outras não porque viveram o problema, mas alguém próximo sofrendo a contaminou com sua amargura, neste caso, muitos que entregam suas vidas para Jesus encontram cura, mas amigos próximos que acompanharam sua caminhada permanecem necessitadas de terem esses sentimentos arrancados, então quando oramos e declaramos para que as mágoas e ressentimentos sejam arrancados, que não oremos apenas por nós, mas por aqueles que junto conosco talvez desejou ou deseja vingança e o pior ao ofensor.

  Jesus no início falou sobre a possibilidade de fazermos um pequenino tropeçar, veja o que a raiz de amargura pode provocar, não apenas o tropeço de um pequenino, ela pode contaminar muitos.

  Na maioria das vezes nós oramos e pedimos a Deus que tire de nós a amargura, que limpe o nosso coração da mágoa, sim Ele vai fazer isso, sim isso é espiritual, mas Jesus disse que isso é como uma amoreira que será removida, mas que, mesmo que pequena como um grão de mostarda a nossa participação nessa obra, precisamos fazer nossa parte, que é dizer a amoreira, “arranque-se, com suas raízes mais profundas, arranque-se do meu coração e perca toda a sua capacidade de ainda frutificar nos demais corações”, é realmente colocar um ponto final na história.

  Muitos também interpretam do versículo 7 ao 10 separadamente, mas eu considero o contexto deste ensinamento, pois nele encontramos mais um motivo que faz o perdão ser um dever nosso, devemos perdoar porque isso é uma ordem de Jesus aos seus discípulos, Jesus não nos deixa opção com relação a isso. Na verdade, precisamos observar a quantidade de ensinamentos sobre esse assunto no Evangelho, foi posto na oração do Pai Nosso como um critério essencial para o nosso relacionamento com o Pai, então perdoar não faz de nós super-homens, mas servos autênticos e obedientes.

  E nesta parábola usada por Jesus temos um servo que após trabalhar no campo todo o dia não terá um “descanso” ao final do dia ou não receberá regalias, ele continuará sendo servo em casa, e por fim, o servo não será parabenizado pelo que fez, pois estará apenas fazendo o básico do que é propriamente seu serviço.

  Aqui nos é exigido maturidade para entendermos, pois não podemos misturar as coisas, nesta parábola Jesus está tratando de perdão, o fato do servo não poder se assentar a mesa com o seu senhor não significa que Deus não nos quer junto d’Ele à mesa, pois temos a consciência de que Jesus na Ceia nos chama à mesa para desfrutarmos de sua comunhão e amor. Jesus disse que “já não nos chamaria de servos, mas de amigos (Jo 15.15)”, mas isso não significa que não somos seus servos.

  Em nosso relacionamento com Jesus temos muitas figuras como analogia, somos a noiva, ovelhas, amigos, servos, mas quando se trata de perdão somos servos que receberam ordens de perdoar, setenta vezes sete se for preciso, mas quando fizermos isso tudo, ainda assim Jesus está dizendo, vocês só fizeram o que foram mandados a fazer. Perdoar não se limita a lugares e situações, com este ensino Jesus está dizendo que não importa se somos discípulos que já fizemos muito, ou que tenhamos certa intimidade com o Senhor, perdoar não nos coloca em uma posição privilegiada, perdoar faz de nós servos de verdade.

  Quem sabe você leu este texto e essas palavras tocaram profundo nas “raízes da amoreira” que você carrega no coração, espero que você tenha entendido que perdoar não é sobre quem te ofendeu, é sobre você, que sim, é espiritual e Deus  vai fazer aquilo que é impossível, mas Ele vai realizar quando você usar sua semente de mostarda, você precisa usar a fé e dizer a essa amoreira para que seja arrancada do seu coração, arrancada com todas as suas raízes e que não sobreviva mais em nenhum outro lugar, as mágoas que você sofreu, mas que seus pais ou seus amigos também carregam, dê ordem para essa amoreira ser removida agora.

  Mas ao fazer isso, não se sinta superior aos outros, mesmo que seja difícil e doloroso ser irrepreensível, perdoe e saiba que ao fazer isso você será um perfeito servo de Deus.

  Que Deus te abençoe!

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