“Não apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a
reconciliação.”
Rm 5.11
Uma vez ouvi
um pregador dizendo que “nunca conseguiremos entender a grandeza da graça
recebida através de Jesus se não entendermos nossa real condição de pecadores
diante de Deus”, não lembro quem foi, mas essas palavras continuaram gravadas
em meu coração. Agora, depois de tantos anos e muito estudo da palavra sinto
fortemente em meu coração o desejo de escrever sobre este assunto, pois talvez
a melhor forma dentre tantas existentes para descrever nossa condição antes de
sermos salvos seja essa, “ex- inimigos de Deus”.
Ouvimos muitos
testemunhos de libertação na igreja, até porque todos são “ex- alguma coisa”,
pessoas que tinham suas vidas aprisionadas ao tráfico, ou mesmo que não
estivesse diretamente envolvida com o tráfico, muitas estavam viciadas em
drogas, prostituição, corrupção, mentira, outras presas em religiões e por
espíritos malignos, dentre tantas outras
coisas que poderíamos citar. Existem aqueles que criticam a igreja por conta de
tanta gente com históricos terríveis estarem agora dizendo que foram
santificadas por Deus, sem entenderem fazem esta crítica, pois Jesus veio
exatamente para isso, para desfazer as obras do diabo, nos dar um novo status
de vida.
O fato é que na
maioria das vezes somos impactados pela transformação dessas vidas, seus
testemunhos nos emocionam e fortalecem nossa fé.
Como cristãos
maduros sabemos que não dependemos de testemunhos para crermos em Jesus, o
Evangelho nos é suficiente e vamos ver isso mais a frente, porém é fato que o
próprio Jesus operava muitos milagres e isso servia para que a fé dos seus
discípulos fosse fortalecida, um exemplo disso foi a morte de Lázaro, quando o
próprio Jesus disse:
Então lhes disse claramente: “Lázaro
morreu, e para o bem de vocês estou contente por não ter estado lá, para que
vocês creiam. Mas vamos até ele”.
Jo 11. 14,15
Precisamos
entender que nossa mensagem não se
resume a nossa história de vida, mas na história de Jesus, precisamos entender
que pertence a Ele o grande testemunho, mesmo quem se via preso em uma vida totalmente
destruída e foi restaurado, independente dos pecados que nos fizeram cativos um
dia, a grandeza e a beleza do nosso testemunho não está em nós, mas consiste na
obra de Cristo, pois todos passaram da morte para a vida, de inimigos para
amigos e filhos de Deus através da sua obra e não da nossa.
Em Mc 1.40-45
encontramos um leproso que fora curado por Jesus, a lepra era uma doença
incurável, mas para Jesus não havia impossível, então após curá-lo, Jesus o
despediu com uma severa advertência: “Não conte isso a ninguém.” Jesus não
queria que aquele homem desse seu testemunho, deixou bem claro que deveria
apenas continuar sua vida livre daquela enfermidade. Ele desobedeceu e por
conta disso Jesus não podia mais entrar publicamente em nenhuma cidade, mas
ficava fora em lugares desertos.
Era fácil ouvir um
grande testemunho de um homem que fora curado de lepra, mas por causa da sua
desobediência tornou mais difícil o encontro das demais pessoas que também
necessitavam de Jesus, seu testemunho mais o afastava das pessoas do que
aproximava.
Então fica claro que
o nosso testemunho de transformação de vida é importante, mas maior do que
qualquer testemunho foi o que Jesus fez. O evangelho não se trata do que
fizemos, mas sim, do que Ele fez por nós.
Ex- mortos.
Um dia um
jovem me perguntou como ele deveria evangelizar? Como deveria abordar uma
pessoa na rua? O que deveríamos falar para as pessoas?
Essas perguntas são
muito importantes, pois nós como pregadores devemos realmente pregar o que as
pessoas precisam ouvir. Existem muitas estratégias para atrair as pessoas para
a igreja hoje, muitos métodos que precisamos analisar com muito cuidado, pois
toda estratégia que Deus dá sempre estará de acordo com os critérios do próprio
Evangelho.
Eu respondi para o
jovem que a nossa missão e grande desafio ao pregar o evangelho nas ruas é
exatamente conseguir fazer com que as pessoas reconheçam seu estado de morte
diante de Deus, pois sendo assim a própria pessoa que está sendo evangelizada
saberá identificar e valorizar a verdadeira mensagem do Evangelho. Pense
comigo, uma pessoa morta precisa de carro zero? Casa própria? Marido ou esposa?
Cura de qualquer doença?
Uma pessoa morta precisa de vida, a verdadeira mensagem do
Evangelho provará que sem Cristo estamos mortos, mas nele passamos da morte
para a vida (1 Jo 3.14). Hoje encontramos outros evangelhos que tentam atrair o
povo pela ambição de coisas terrenas, quando a maior necessidade do homem
sem Deus é vida e reconciliação com seu Criador.
Vocês estavam
mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver,
quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar,
o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.
Anteriormente,
todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa
carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por
natureza merecedores da ira.
Ef 2.1-3
Paulo ao escrever
aos efésios sobre a condição deles antes de receberem salvação pela graça de
Jesus e deixa bem claro que “todos nós também vivíamos entre eles”, ou seja,
mesmo sendo um fariseu zeloso da Lei (Fl 3.5,6), Paulo não viveu sua vida como
um bêbado, um drogado ou prostituto, mas ainda assim reconheceu seu estado
antes de Cristo, estava também morto em suas transgressões e pecados, ainda que
fielmente estivesse seguindo a religião judaica, todos nós somos como Paulo
“ex- mortos” e “ex- inimigos de Deus”, mesmo se nossa vida era aparentemente
reta.
O título deste texto me veio ao coração em uma madrugada quando estava lendo o livro do profeta
Jeremias no capítulo 15 e 37, quando Deus declarava seus juízos sobre o seu povo
escolhido, ao ler isso comecei a refletir sobre o dia do Juízo Final quando o
próprio Deus que é Amor lançará no lago de fogo os pecadores. Naquela madrugada
o Senhor reafirmou algo que eu já sabia, mas que de certa forma me trouxe
grande temor, pois eu refletia no Deus que sendo Amor era também a própria
Justiça, e que haveria de trazer condenação a todos àqueles que se mantiveram
como seus inimigos por conta de seus pecados, não importando se estes viviam
declaradamente no pecado, ou se estes viviam como se fosse povo escolhido.
Pensei no fato de que o diabo não lança
ninguém no inferno, acredito que ele mesmo não queria esse final para si, o
lago de fogo não será o reino de satanás, muitos têm uma ideia muito errada
deste lugar terrível, Deus preparou o inferno para o diabo e seus anjos, um
lugar de tormento eterno para todos os que forem lançados ali. Sua obra na
terra consiste em nos manter nesta posição que ele mesmo se encontra, a de
inimigos de Deus, por isso está sempre armando seus laços para que estejamos
presos ao pecado.
Um dos grandes
sinais do Fim dos Tempos, ou quem sabe o maior é o engano, que Deus nos livre
de cair no mesmo engano que os religiosos de Israel nos dias do ministério
terreno de Jesus que ao se acharem filhos de Deus foram declarados por Jesus
como filhos do diabo.
Disse-lhes Jesus:
“Se Deus fosse o Pai de vocês, vocês me amariam, pois eu vim de Deus e
agora estou aqui. Eu não vim por mim mesmo, mas Ele me enviou.
Por que a minha
linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que eu digo.
“Vocês
pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele
foi homicida desde o princípio e não se apegou a verdade, pois não há verdade
nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da
mentira.
Jo 8.42-44
Paulo dá testemunho
de si quando fala aos efésios, que mesmo sendo religioso vivia este engano, mas
que através de Jesus recebeu vida, o mesmo Paulo que falou aos crentes de
Éfeso, falou também aos irmãos de Colossos.
Antes vocês
estavam separados de Deus e, em suas mentes, eram inimigos
por causa do mau procedimento de vocês.
Mas agora ele
os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para
apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação,
Desde que
continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da
esperança do Evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os
que estão debaixo do céu. Esse é o
evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro.
Cl 1.21-23
Já
conseguimos entender com essas referências nosso real estado antes de Jesus
entrar na nossa vida, primeiro nosso estado de mortos e depois o de inimigos de
Deus, merecedores da ira divina.
É muito difícil
convencer as pessoas dessas coisas, por isso é desafiador pregar o Evangelho,
por isso nossa pregação não consiste em informações teóricas, mas necessita de
ser feita sob a unção do Espírito Santo, pois Ele é quem pode convencer o
pecador do seu estado pecaminoso, quando entendemos essas verdades sobre nosso
estado sem Deus, passamos também a entender o valor da Graça.
Quanto me custou a
salvação? Quanto custa para as demais pessoas? Nada! Ela é de graça! Mas o fato
de ela ser de graça para nós não significa que ela não tenha custado alguma
coisa a alguém, a graça que nos é oferecida hoje custou a vida do Filho de Deus
na Cruz do Calvário.
Temos muita facilidade
em olhar para o texto da crucificação e imaginarmos as cenas do sofrimento de
Jesus e pensamos que tudo o que Ele sofreu foi injusto, pois Ele era inocente,
mas essa é uma visão muito rasa do que realmente estava acontecendo ali, pois
na cruz se cumpria toda a justiça de Deus e naquele momento Ele estava tomando
sobre si os nossos pecados, não era mais um inocente, ali estava sobre ele
nossos pecados e culpas, ele assumiu nossas culpas para nos tornar justos e
inculpáveis diante do Pai, livres de qualquer acusação.
A difícil missão de
pregar “Todo o Evangelho” ou “Toda a vontade de Deus”.
Uma irmã em minha
igreja um dia me mandou uma mensagem perguntando sobre o capítulo 3 do Livro do
profeta Ezequiel, eu demorei muito para responde-la, no dia que respondi
precisei até pedir perdão por isso, mas no final das contas eu também entendo o
tempo, pois foi no mesmo dia que eu havia lido o livro de Jeremias e Deus havia
falado comigo. No cap. 3 de Ezequiel fala da difícil missão do profeta,
primeiro em engolir o rolo que Deus havia dado (Mensagem), depois, transmiti-la
ao povo, a mensagem era amarga, Deus o havia posto como sentinela/atalaia, ou
seja, aquele que ficava na torre de vigia e anunciava o perigo iminente se
aproximando. O profeta deveria entregar a mensagem, pois se não o fizesse seria
responsabilizado pela morte daquele que não ouviu a mensagem, mesmo que as
pessoas o ouvissem e não se arrependesse, ele deveria entregar a mensagem.
Hoje estamos no
tempo da graça, o tempo em que Deus está transformando em amigos quem nasceu
inimigo, Deus está chamando de filho aquele que outrora era filho do diabo, mas
ainda temos uma grande responsabilidade de pregar todo o Evangelho, pois se
lermos os evangelhos, veremos o próprio Jesus citando muitas vezes o inferno, a
condenação daqueles que optaram em se manter inimigos de Deus mesmo depois de o
conhecerem, nas parábolas do servo (Mt 24), das virgens, dos talentos e dos
bodes e ovelhas (Mt 25) vemos Deus trazendo duro juízo a quem aparentemente
eram seus servos, mas enganados em vida receberam condenação para a eternidade.
Deus no AT não
poupou o seu povo quando pecou, no NT também deixa bem claro que o salário do
pecado é a morte e que nós deveríamos valorizar e nos apegar com tudo o que
temos a essa graça salvadora que é um dom gratuito de Deus.
No dia que respondi
a irmã sobre Ezequiel 3, encontrei uma referência que o próprio Paulo fez ao se
despedir dos líderes da igreja de Éfeso, Paulo usou a mesma expressão que
encontramos no livro de Ezequiel.
Portanto, eu lhes
declaro hoje que estou inocente do sangue de todos.
Pois não deixei
de proclamar-lhes toda a vontade de Deus.
At 20. 26,27
Proclamar o
Evangelho completo, ou toda a vontade de Deus é uma grande responsabilidade, é
falar da graça, do favor imerecido, mas é também deixar claro que viver no
pecado ainda nos torna inimigos de Deus, merecedores de sua ira. Há perdão para
aqueles que se arrependem, mas para aqueles que se mantém no pecado haverá duro
juízo.
Ao ler Jeremias 37
algo me deixou muito impactado, o rei Zedequias mandou uma mensagem ao profeta
pedindo para que orasse em favor do povo, pois desejava se ver livre da
dominação do império babilônico, mas Jeremias disse que não haveria salvação
para Judá e Jerusalém, pois ainda que viesse do Egito reforço, eles retornariam
para sua própria terra e a Babilônia atacaria, conquistaria e destruiria a
cidade, mesmo que sobrassem apenas homens feridos no exército babilônico não
haveria a possibilidade do povo escolhido de Deus vencer, pois não se tratava
de uma guerra contra a Babilônia, se tratava de um juízo de Deus contra seu
povo que se tornou inimigo por causa dos seus pecados.
O que me trouxe
muito temor ao ler este capítulo foi o momento que o rei pede oração,
lembrei-me imediatamente das palavras de Deus ao profeta no cap. 15.
Então o Senhor me
disse: “Ainda que Moisés e Samuel estivessem diante de mim, intercedendo por
este povo, eu não lhes mostraria favor. Expulse-os da minha presença!
Saiam!
Jr 15.1
Deus
já havia dito que não ouviria orações pelo povo, foi mais além ao citar Moisés
e Samuel, pois estes aparecem na história bíblica intercedendo pelo povo em um
momento que pecaram, onde parecia ser o fim, Deus havia dito para Moisés que
acabaria com o povo de Israel por conta da sua rebeldia, Moisés intercedeu pelo
povo, disse que Deus poderia riscar o seu nome do Livro, mas que poupasse o
povo , Deus nessa feita feriu o povo com uma praga, mas poupou a nação de ser
completamente dizimada (Ex32.31-35).
Samuel intercede
pelo povo em um momento de grade derrota que sofriam contra os filisteus, além
de perderem milhares de seus soldados em duas batalhas, perderam também a Arca
da Aliança, diante deste quadro de derrota o povo arrependido pediu a Samuel
que orasse a Deus e o Senhor operou grandemente dando livramento e vitória ao
seu povo (1Sm 7).
Esses dois grandes
homens de Deus intercederam pelo povo quando ninguém mais poderia interceder e
Deus usou de misericórdia, por isso é tão forte a palavra de Deus a Jeremias,
nem mesmo se eles orassem Deus atenderia, agora no capítulo 37 vemos o rei
pedindo ao profeta para orar e não havia nada que o profeta pudesse fazer, pois
já estava escrito o que aconteceria.
No capítulo 15 nós
encontramos o que está escrito que aconteceria.
E, se lhe
perguntarem: ‘Para onde iremos? ’, diga-lhes: ‘Assim diz o Senhor: " ‘Os
destinados à morte, para a morte; os destinados à espada, para a espada; os
destinados à fome, para a fome; os destinados ao cativeiro, para o cativeiro’.
"Enviarei quatro tipos de destruidores contra
eles", declara o Senhor: "a espada para matar, os cães para
dilacerar, as aves do céu e os animais selvagens para devorar e destruir.
Eu farei deles uma causa de terror para todas as nações
da terra, por tudo o que Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, fez em
Jerusalém.
"Quem terá compaixão de você, ó Jerusalém? Quem se
lamentará por você? Quem vai parar e perguntar como você está?
Você me rejeitou", diz o Senhor;
"Você vive se desviando. Por isso, porei as mãos em você e a
destruirei; cansei-me de mostrar compaixão.
Jeremias 15:2-6
Todo o juízo que a
nação sofreria já havia sido declarado no tempo em que o rei Manassés reinou,
neste período diz as Escrituras que Manassés desviou o povo, a ponto de fazerem
pior do que as nações que o Senhor havia destruído diante dos israelitas (2Rs
21.9). A lista de pecados de Manassés pode ser encontrada em 2Reis 21 e 2Cr 33,
este rei levantou os altares pagãos que seu pai havia destruído, porém seus
pecados o levaram ao fracasso, pois foi levado cativo pela assíria e na prisão
refletiu sobre sua vida de pecados e se humilhou e arrependido clamou
fervorosamente e Deus o livrou e restituiu seu reinado.
Manassés foi um dos
piores reis que surgiu na história do seu povo, segundo a tradição, foi
responsável pela morte do profeta Isaías, serrando-o ao meio, perseguiu e matou
outros profetas, levantou altares pagãos, consultou adivinhadores da pior
espécie, sacrificou seus filhos no fogo aos ídolos, mas mesmo para este homem
tão desviado de Deus houve misericórdia, pois este se arrependeu.
Manassés era sem
dúvida um grande inimigo de Deus, mas ele usou a porta da Graça que nos conduz
a reconciliação através de um arrependimento sincero. Deus deixou
escrito que o salário do pecado é a morte (Rm6.23), é inevitável esse resultado
para quem vive no pecado como inimigo de Deus, porém também está escrito que,
Deus não rejeita um coração quebrantado e contrito (Sl 51). Quando o rei
Zedequias pede oração para o profeta Jeremias, não há como mudar, pois não
importa se quem está orando por nós seja Moisés ou Samuel, se em nós não houver
verdadeiro arrependimento. No caso de Manassés, ninguém orou por ele, ele mesmo
se humilhou e arrependido orou fervorosamente.
Qual seria então a
oração mais poderosa? Do pastor? Do líder? Das irmãs de oração? Não. A oração
mais poderosa é a minha oração pessoal, a de quem está preso ao pecado, mesmo
que com poucas palavras, sem muito conhecimento, mas sincera de um coração
quebrantado e contrito.
Deus restituiu o
reino a Manassés e após retornar a sua terra ela passa a dar muito valor as
palavras dos profetas que antes perseguia e matava, pois vemos no relato de 2Cr
33.14 que ao retornar aumentou a altura do muro externo da cidade em vários
lugares e pôs comandantes militares em todas as cidades fortificadas de Judá,
Manassés tentou se preparar para as consequências dos pecados que havia
praticado, tentou destruir os altares que haviam sido erguidos, mas não
conseguiu fazer uma limpeza completa e acabou que o povo cometeu um grande
erro.
”O povo, contudo, continuou a sacrificar nos altares idólatras, mas
somente ao Senhor, ao seu Deus.”
2Cr 33.17
Este versículo contém uma mensagem que
ultrapassa seu tempo, pois ele nos fala de um risco que todos nós corremos,
pois tudo aquilo que não glorifica a Deus deve ser removido de nossas vidas,
ainda que pareça não haver mal e que a nossa intenção seja boa, Deus não aceita
mistura, não podemos adorá-lo em um altar dedicado a outras entidades pagãs,
Deus deu uma ordem a Gideão quando teve um encontro com ele, Gideão o obedeceu
destruindo o altar dedicado a Baal e construiu um novo altar e sobre ele
ofereceu sacrifício a Deus.
Com o passar do
tempo a nação se afastava da presença de Deus e se prostrava diante desses
altares. Este texto nos chama a atenção para algo extremamente importante,
precisamos remover das nossas vidas tudo o que possivelmente nos remete ao
tempo que éramos inimigos de Deus e não podemos de forma alguma lidar com isso
como se fosse algo de pouca relevância, nessa história, Manassés teve um
encontro com Deus e pelo que lemos permaneceu na presença de Deus até seus
últimos dias, mas por não remover todos os altares e por reaproveitar alguns
deles para adorar a Deus vemos seu filho Amom fazendo aquilo que o Senhor
reprova e pior do que isso, Amom não se arrependeu desse pecado como Manassés
seu pai (2Cr 33.21-23).
Manassés teve a
grande oportunidade de em vida se arrepender dos seus pecados, por mais graves
que fossem, “as misericórdias do Senhor não tem fim (Lm 3.22)”. E após se
converter ele dá atenção ao que os profetas diziam, Manassés me ensina que a
mensagem anunciada nem sempre é aceita quando recebida, mas isso não significa que não será
no futuro, existem aqueles que ouvirão a nossa pregação hoje, mas que apenas
ouvirão, mas a mensagem não será suficiente para que se convertam, estes
precisarão passar por apuros semelhantes ao de Manassés, daí tudo passará a ter
maior valor, porém existe uma situação mais perigosa do que uma vida de apuros,
a vida folgada e sem problemas.
Jesus nos fala
através de uma parábola sobre um mendigo chamado Lázaro e de um rico (Lc
16.19-31), diz o texto que o mendigo estava coberto de chagas e que ficava na
porta do rico esperando as sobras que caiam da mesa para se alimentar. O texto
diz que Lázaro e o rico morreram, mas ambos foram para lugares diferentes, o
mendigo estava em um lugar maravilhoso junto de Abraão, por outro lado o rico
foi levado para um lugar de tormento, um lugar muito quente e que não tinha uma
gota d’água para se refrescar.
O que me chama a
atenção nesta parábola é que o rico, ainda que tenha recebido condenação, ao
avistar Lázaro e Abraão, chama Abraão de pai e não bastar esse fato curioso de
alguém que claramente estar condenado chamar Abraão de pai, Abraão o responde o
chamando de filho. Muito intrigante esse relato, pois no que parece, este homem
rico é um israelita conhecedor de Abraão, provavelmente um religioso, mas que seu sangue, sua riqueza
e vida religiosa não foram capazes de salvá-lo. O céu de fato será um lugar de
muitas surpresas, sucesso, riqueza, status e bens não são sinônimos de
salvação, vemos nesta parábola um mendigo salvo e um religioso rico condenado.
Agora vamos ao
detalhe que mais nos interessa para o nosso texto, existem pessoas que mesmo
ouvindo a mensagem do evangelho não se apropriam da mensagem, outros se
apropriarão no futuro quando passarem por apuros. É aquela famosa frase de crente, “quem
não vem pelo amor, vem pela dor”. Manassés passou pelos espinhos, mas esse rico
não teve a mesma oportunidade, ele viveu uma vida sem espinhos, mas recebeu uma
eternidade de tormentos por rejeitar a Palavra, veremos como aconteceu.
Quando o rico pediu
água e Abraão disse que não havia mais a possibilidade disso acontecer, pois
havia um abismo de separação entre eles, o rico então pediu para que permitisse
Lázaro avisar seus irmãos, para que não tivessem o mesmo fim, Abraão então
respondeu:
“Eles têm Moisés (Lei) e os profetas (Livros proféticos), que os ouçam”
Lc 16.29
O rico insiste
dizendo que seria mais provável eles se arrependerem através de um homem
ressuscitado. Abraão o responde mais uma vez:
“Se não ouvem a Moisés e os profetas, tampouco se deixarão convencer,
ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.”
Lc 16.31
O que temos neste
texto é a realidade dos nossos dias na vida de muitos crentes e ministérios em
que, somente as Escrituras não seriam mais suficiente para levar o pecador ao
arrependimento, precisamos tomar esse cuidado, pois nós mesmo podemos chegar a
essa dependência de testemunhos impactantes, quando a Palavra deve ser
suficiente para nós, era isso que Abraão queria dizer ao falar que os irmãos do
rico tinham Moisés (Lei) e os profetas (livros do Antigo Testamento). E aqui
não precisamos destacar apenas o testemunho pessoal de quem entrega a mensagem,
mas a dependência de diversas outras coisas para que consigamos levar o povo ao
arrependimento.
Hoje nós anunciamos
o Evangelho da Reconciliação, Paulo fala que é desse evangelho que se tornou
ministro (Cl 1.23), e precisamos entender que fomos reconciliados e que
precisamos perseverar para que não nos afastemos dessa posição e que
mantenhamos firmes a nossa fé em Jesus.
Todos nós nos
tornamos inimigos de Deus após o pecado de Adão, o relacionamento que o homem
tinha com Deus foi prejudicado e limitado por causa dessa barreira que se pôs
entre ambos (Is 59.2), na história Bíblica tivemos homens que se destacaram ao
desfrutar de um relacionamento íntimo e diferenciado com Deus, homens como
Enoque que andou tão próximo a Ele que Deus o tomou para si, Noé, Abraão, Moisés,
Davi, tivemos sacerdotes e profetas com um relacionamento bem estreito com
Deus, dentre tantos outros que poderíamos citar. Mas um dia Deus proporcionou aos
homens um relacionamento como nunca antes, mais uma vez Deus veio a terra para
andar junto com os homens que havia criado, mas não como Deus, ele se encarnou,
nasceu e viveu entre nós, não somente isso, Ele cumpriu toda a justiça de Deus
e por fim tomou sobre si nossas culpas e pagou por elas na cruz.
Ao fazer isso sua
maior missão era nos reconciliar com o Pai, nos possibilitar andar com Deus
todos os dias, mas essa proposta foi ainda maior, pois se no Jardim do Éden
Adão e Eva andavam lado a lado com Deus, Jesus nos proporcionou uma experiência
superior a essa, hoje nós andamos com deus dentro de nós através da pessoa do
Espírito Santo.
Precisamos entender
que não existe diferença na hora de fazermos aquele apelo no final de uma
pregação, “quem deseja aceitar Jesus e quem deseja se reconciliar com Ele?”, na
verdade, todos os homens estão afastados de Deus, este desvio talvez não tenha
acontecido em vida, esse desvio aconteceu para todos nós no Éden e Cristo
através de sua carne nos abriu esse caminho e acesso a presença do melhor Pai e
amigo.
Portanto,
irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de
Jesus,
por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é,
do seu corpo.
Hebreus 10:19,20
“Não apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a reconciliação.”
Rm 5.11
Jesus em todo o tempo de seu ministério ensinou aos seus discípulos uma nova forma de se relacionar com Deus, uma maneira que não se aprendia nas sinagogas com os rabinos, Deus não seria mais inacessível, não seria um Senhor distante de seus servos, Ele deveria ser buscado como um Pai, isso com certeza foi um choque para a religião judaica, mas para os pecadores a melhor dádiva da vida. Antes somente os descendentes de Abraão eram considerados "filhos", mas agora temos uma boa notícia (Evangelho), a todos que o receberam e o reconheceram como Senhor, Deus lhes deu o poder de serem feitos seus filhos (Jo 1.12).
Desfrute hoje desse relacionamento, Ele é Deus, Ele criou todas as coisas, habita no céu, mas deseja morar dentro de nós, é nosso melhor Amigo e Pai.
Deus te abençoe!
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