segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Ex- inimigo de Deus.

 


 

“Não apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a reconciliação.”

Rm 5.11

 

  Uma vez ouvi um pregador dizendo que “nunca conseguiremos entender a grandeza da graça recebida através de Jesus se não entendermos nossa real condição de pecadores diante de Deus”, não lembro quem foi, mas essas palavras continuaram gravadas em meu coração. Agora, depois de tantos anos e muito estudo da palavra sinto fortemente em meu coração o desejo de escrever sobre este assunto, pois talvez a melhor forma dentre tantas existentes para descrever nossa condição antes de sermos salvos seja essa, “ex- inimigos de Deus”.

  Ouvimos muitos testemunhos de libertação na igreja, até porque todos são “ex- alguma coisa”, pessoas que tinham suas vidas aprisionadas ao tráfico, ou mesmo que não estivesse diretamente envolvida com o tráfico, muitas estavam viciadas em drogas, prostituição, corrupção, mentira, outras presas em religiões e por espíritos malignos,  dentre tantas outras coisas que poderíamos citar. Existem aqueles que criticam a igreja por conta de tanta gente com históricos terríveis estarem agora dizendo que foram santificadas por Deus, sem entenderem fazem esta crítica, pois Jesus veio exatamente para isso, para desfazer as obras do diabo, nos dar um novo status de vida.

  O fato é que na maioria das vezes somos impactados pela transformação dessas vidas, seus testemunhos nos emocionam e fortalecem nossa fé.

  Como cristãos maduros sabemos que não dependemos de testemunhos para crermos em Jesus, o Evangelho nos é suficiente e vamos ver isso mais a frente, porém é fato que o próprio Jesus operava muitos milagres e isso servia para que a fé dos seus discípulos fosse fortalecida, um exemplo disso foi a morte de Lázaro, quando o próprio Jesus disse:

  Então lhes disse claramente: “Lázaro morreu, e para o bem de vocês estou contente por não ter estado lá, para que vocês creiam. Mas vamos até ele”.

  Jo 11. 14,15

  Precisamos entender  que nossa mensagem não se resume a nossa história de vida, mas na história de Jesus, precisamos entender que pertence a Ele o grande testemunho, mesmo quem se via preso em uma vida totalmente destruída e foi restaurado, independente dos pecados que nos fizeram cativos um dia, a grandeza e a beleza do nosso testemunho não está em nós, mas consiste na obra de Cristo, pois todos passaram da morte para a vida, de inimigos para amigos e filhos de Deus através da sua obra e não da nossa.

  Em Mc 1.40-45 encontramos um leproso que fora curado por Jesus, a lepra era uma doença incurável, mas para Jesus não havia impossível, então após curá-lo, Jesus o despediu com uma severa advertência: “Não conte isso a ninguém.” Jesus não queria que aquele homem desse seu testemunho, deixou bem claro que deveria apenas continuar sua vida livre daquela enfermidade. Ele desobedeceu e por conta disso Jesus não podia mais entrar publicamente em nenhuma cidade, mas ficava fora em lugares desertos.

  Era fácil ouvir um grande testemunho de um homem que fora curado de lepra, mas por causa da sua desobediência tornou mais difícil o encontro das demais pessoas que também necessitavam de Jesus, seu testemunho mais o afastava das pessoas do que aproximava.

  Então fica claro que o nosso testemunho de transformação de vida é importante, mas maior do que qualquer testemunho foi o que Jesus fez. O evangelho não se trata do que fizemos, mas sim, do que Ele fez por nós.

  Ex- mortos.

  Um dia um jovem me perguntou como ele deveria evangelizar? Como deveria abordar uma pessoa na rua? O que deveríamos falar para as pessoas?

  Essas perguntas são muito importantes, pois nós como pregadores devemos realmente pregar o que as pessoas precisam ouvir. Existem muitas estratégias para atrair as pessoas para a igreja hoje, muitos métodos que precisamos analisar com muito cuidado, pois toda estratégia que Deus dá sempre estará de acordo com os critérios do próprio Evangelho.

  Eu respondi para o jovem que a nossa missão e grande desafio ao pregar o evangelho nas ruas é exatamente conseguir fazer com que as pessoas reconheçam seu estado de morte diante de Deus, pois sendo assim a própria pessoa que está sendo evangelizada saberá identificar e valorizar a verdadeira mensagem do Evangelho. Pense comigo, uma pessoa morta precisa de carro zero? Casa própria? Marido ou esposa? Cura de qualquer doença?

  Uma pessoa morta precisa de vida, a verdadeira mensagem do Evangelho provará que sem Cristo estamos mortos, mas nele passamos da morte para a vida (1 Jo 3.14). Hoje encontramos outros evangelhos que tentam atrair o povo pela ambição de coisas terrenas, quando a maior necessidade do homem sem Deus é vida e reconciliação com seu Criador.

  Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.

  Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira.

Ef 2.1-3

 

  Paulo ao escrever aos efésios sobre a condição deles antes de receberem salvação pela graça de Jesus e deixa bem claro que “todos nós também vivíamos entre eles”, ou seja, mesmo sendo um fariseu zeloso da Lei (Fl 3.5,6), Paulo não viveu sua vida como um bêbado, um drogado ou prostituto, mas ainda assim reconheceu seu estado antes de Cristo, estava também morto em suas transgressões e pecados, ainda que fielmente estivesse seguindo a religião judaica, todos nós somos como Paulo “ex- mortos” e “ex- inimigos de Deus”, mesmo se nossa vida era aparentemente reta.

  O título deste texto me veio ao coração em uma madrugada quando estava lendo o livro do profeta Jeremias no capítulo 15 e 37, quando Deus declarava seus juízos sobre o seu povo escolhido, ao ler isso comecei a refletir sobre o dia do Juízo Final quando o próprio Deus que é Amor lançará no lago de fogo os pecadores. Naquela madrugada o Senhor reafirmou algo que eu já sabia, mas que de certa forma me trouxe grande temor, pois eu refletia no Deus que sendo Amor era também a própria Justiça, e que haveria de trazer condenação a todos àqueles que se mantiveram como seus inimigos por conta de seus pecados, não importando se estes viviam declaradamente no pecado, ou se estes viviam como se fosse povo escolhido.

  Pensei no fato de que o diabo não lança ninguém no inferno, acredito que ele mesmo não queria esse final para si, o lago de fogo não será o reino de satanás, muitos têm uma ideia muito errada deste lugar terrível, Deus preparou o inferno para o diabo e seus anjos, um lugar de tormento eterno para todos os que forem lançados ali. Sua obra na terra consiste em nos manter nesta posição que ele mesmo se encontra, a de inimigos de Deus, por isso está sempre armando seus laços para que estejamos presos ao pecado.

  Um dos grandes sinais do Fim dos Tempos, ou quem sabe o maior é o engano, que Deus nos livre de cair no mesmo engano que os religiosos de Israel nos dias do ministério terreno de Jesus que ao se acharem filhos de Deus foram declarados por Jesus como filhos do diabo.

 

  Disse-lhes Jesus: “Se Deus fosse o Pai de vocês, vocês me amariam, pois eu vim de Deus e agora estou aqui. Eu não vim por mim mesmo, mas Ele me enviou.

  Por que a minha linguagem não é clara para vocês? Porque são incapazes de ouvir o que eu digo.

  Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou a verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.

  Jo 8.42-44

 

  Paulo dá testemunho de si quando fala aos efésios, que mesmo sendo religioso vivia este engano, mas que através de Jesus recebeu vida, o mesmo Paulo que falou aos crentes de Éfeso, falou também aos irmãos de Colossos.

  Antes vocês estavam separados de Deus e, em suas mentes, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês.

  Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação,

  Desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do Evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro.

  Cl 1.21-23

  Já conseguimos entender com essas referências nosso real estado antes de Jesus entrar na nossa vida, primeiro nosso estado de mortos e depois o de inimigos de Deus, merecedores da ira divina.

  É muito difícil convencer as pessoas dessas coisas, por isso é desafiador pregar o Evangelho, por isso nossa pregação não consiste em informações teóricas, mas necessita de ser feita sob a unção do Espírito Santo, pois Ele é quem pode convencer o pecador do seu estado pecaminoso, quando entendemos essas verdades sobre nosso estado sem Deus, passamos também a entender o valor da Graça.

  Quanto me custou a salvação? Quanto custa para as demais pessoas? Nada! Ela é de graça! Mas o fato de ela ser de graça para nós não significa que ela não tenha custado alguma coisa a alguém, a graça que nos é oferecida hoje custou a vida do Filho de Deus na Cruz do Calvário.

  Temos muita facilidade em olhar para o texto da crucificação e imaginarmos as cenas do sofrimento de Jesus e pensamos que tudo o que Ele sofreu foi injusto, pois Ele era inocente, mas essa é uma visão muito rasa do que realmente estava acontecendo ali, pois na cruz se cumpria toda a justiça de Deus e naquele momento Ele estava tomando sobre si os nossos pecados, não era mais um inocente, ali estava sobre ele nossos pecados e culpas, ele assumiu nossas culpas para nos tornar justos e inculpáveis diante do Pai, livres de qualquer acusação.

  A difícil missão de pregar “Todo o Evangelho” ou “Toda a vontade de Deus”.

   Uma irmã em minha igreja um dia me mandou uma mensagem perguntando sobre o capítulo 3 do Livro do profeta Ezequiel, eu demorei muito para responde-la, no dia que respondi precisei até pedir perdão por isso, mas no final das contas eu também entendo o tempo, pois foi no mesmo dia que eu havia lido o livro de Jeremias e Deus havia falado comigo. No cap. 3 de Ezequiel fala da difícil missão do profeta, primeiro em engolir o rolo que Deus havia dado (Mensagem), depois, transmiti-la ao povo, a mensagem era amarga, Deus o havia posto como sentinela/atalaia, ou seja, aquele que ficava na torre de vigia e anunciava o perigo iminente se aproximando. O profeta deveria entregar a mensagem, pois se não o fizesse seria responsabilizado pela morte daquele que não ouviu a mensagem, mesmo que as pessoas o ouvissem e não se arrependesse, ele deveria entregar a mensagem.

  Hoje estamos no tempo da graça, o tempo em que Deus está transformando em amigos quem nasceu inimigo, Deus está chamando de filho aquele que outrora era filho do diabo, mas ainda temos uma grande responsabilidade de pregar todo o Evangelho, pois se lermos os evangelhos, veremos o próprio Jesus citando muitas vezes o inferno, a condenação daqueles que optaram em se manter inimigos de Deus mesmo depois de o conhecerem, nas parábolas do servo (Mt 24), das virgens, dos talentos e dos bodes e ovelhas (Mt 25) vemos Deus trazendo duro juízo a quem aparentemente eram seus servos, mas enganados em vida receberam condenação para a eternidade.

  Deus no AT não poupou o seu povo quando pecou, no NT também deixa bem claro que o salário do pecado é a morte e que nós deveríamos valorizar e nos apegar com tudo o que temos a essa graça salvadora que é um dom gratuito de Deus.

  No dia que respondi a irmã sobre Ezequiel 3, encontrei uma referência que o próprio Paulo fez ao se despedir dos líderes da igreja de Éfeso, Paulo usou a mesma expressão que encontramos no livro de Ezequiel.

  Portanto, eu lhes declaro hoje que estou inocente do sangue de todos.

  Pois não deixei de proclamar-lhes toda a vontade de Deus.

  At 20. 26,27

  Proclamar o Evangelho completo, ou toda a vontade de Deus é uma grande responsabilidade, é falar da graça, do favor imerecido, mas é também deixar claro que viver no pecado ainda nos torna inimigos de Deus, merecedores de sua ira. Há perdão para aqueles que se arrependem, mas para aqueles que se mantém no pecado haverá duro juízo.

  Ao ler Jeremias 37 algo me deixou muito impactado, o rei Zedequias mandou uma mensagem ao profeta pedindo para que orasse em favor do povo, pois desejava se ver livre da dominação do império babilônico, mas Jeremias disse que não haveria salvação para Judá e Jerusalém, pois ainda que viesse do Egito reforço, eles retornariam para sua própria terra e a Babilônia atacaria, conquistaria e destruiria a cidade, mesmo que sobrassem apenas homens feridos no exército babilônico não haveria a possibilidade do povo escolhido de Deus vencer, pois não se tratava de uma guerra contra a Babilônia, se tratava de um juízo de Deus contra seu povo que se tornou inimigo por causa dos seus pecados.

  O que me trouxe muito temor ao ler este capítulo foi o momento que o rei pede oração, lembrei-me imediatamente das palavras de Deus ao profeta no cap. 15.

  Então o Senhor me disse: “Ainda que Moisés e Samuel estivessem diante de mim, intercedendo por este povo, eu não lhes mostraria favor. Expulse-os da minha presença! Saiam!

  Jr 15.1

  Deus já havia dito que não ouviria orações pelo povo, foi mais além ao citar Moisés e Samuel, pois estes aparecem na história bíblica intercedendo pelo povo em um momento que pecaram, onde parecia ser o fim, Deus havia dito para Moisés que acabaria com o povo de Israel por conta da sua rebeldia, Moisés intercedeu pelo povo, disse que Deus poderia riscar o seu nome do Livro, mas que poupasse o povo , Deus nessa feita feriu o povo com uma praga, mas poupou a nação de ser completamente dizimada (Ex32.31-35).

  Samuel intercede pelo povo em um momento de grade derrota que sofriam contra os filisteus, além de perderem milhares de seus soldados em duas batalhas, perderam também a Arca da Aliança, diante deste quadro de derrota o povo arrependido pediu a Samuel que orasse a Deus e o Senhor operou grandemente dando livramento e vitória ao seu povo (1Sm 7).

  Esses dois grandes homens de Deus intercederam pelo povo quando ninguém mais poderia interceder e Deus usou de misericórdia, por isso é tão forte a palavra de Deus a Jeremias, nem mesmo se eles orassem Deus atenderia, agora no capítulo 37 vemos o rei pedindo ao profeta para orar e não havia nada que o profeta pudesse fazer, pois já estava escrito o que aconteceria.

  No capítulo 15 nós encontramos o que está escrito que aconteceria.

 

  E, se lhe perguntarem: ‘Para onde iremos? ’, diga-lhes: ‘Assim diz o Senhor: " ‘Os destinados à morte, para a morte; os destinados à espada, para a espada; os destinados à fome, para a fome; os destinados ao cativeiro, para o cativeiro’.

"Enviarei quatro tipos de destruidores contra eles", declara o Senhor: "a espada para matar, os cães para dilacerar, as aves do céu e os animais selvagens para devorar e destruir.

Eu farei deles uma causa de terror para todas as nações da terra, por tudo o que Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, fez em Jerusalém.

"Quem terá compaixão de você, ó Jerusalém? Quem se lamentará por você? Quem vai parar e perguntar como você está?

Você me rejeitou", diz o Senhor; "Você vive se desviando. Por isso, porei as mãos em você e a destruirei; cansei-me de mostrar compaixão.

Jeremias 15:2-6

  Todo o juízo que a nação sofreria já havia sido declarado no tempo em que o rei Manassés reinou, neste período diz as Escrituras que Manassés desviou o povo, a ponto de fazerem pior do que as nações que o Senhor havia destruído diante dos israelitas (2Rs 21.9). A lista de pecados de Manassés pode ser encontrada em 2Reis 21 e 2Cr 33, este rei levantou os altares pagãos que seu pai havia destruído, porém seus pecados o levaram ao fracasso, pois foi levado cativo pela assíria e na prisão refletiu sobre sua vida de pecados e se humilhou e arrependido clamou fervorosamente e Deus o livrou e restituiu seu reinado.

  Manassés foi um dos piores reis que surgiu na história do seu povo, segundo a tradição, foi responsável pela morte do profeta Isaías, serrando-o ao meio, perseguiu e matou outros profetas, levantou altares pagãos, consultou adivinhadores da pior espécie, sacrificou seus filhos no fogo aos ídolos, mas mesmo para este homem tão desviado de Deus houve misericórdia, pois este se arrependeu.

  Manassés era sem dúvida um grande inimigo de Deus, mas ele usou a porta da Graça que nos conduz a reconciliação através de um arrependimento sincero.  Deus deixou escrito que o salário do pecado é a morte (Rm6.23), é inevitável esse resultado para quem vive no pecado como inimigo de Deus, porém também está escrito que, Deus não rejeita um coração quebrantado e contrito (Sl 51). Quando o rei Zedequias pede oração para o profeta Jeremias, não há como mudar, pois não importa se quem está orando por nós seja Moisés ou Samuel, se em nós não houver verdadeiro arrependimento. No caso de Manassés, ninguém orou por ele, ele mesmo se humilhou e arrependido orou fervorosamente.

  Qual seria então a oração mais poderosa? Do pastor? Do líder? Das irmãs de oração? Não. A oração mais poderosa é a minha oração pessoal, a de quem está preso ao pecado, mesmo que com poucas palavras, sem muito conhecimento, mas sincera de um coração quebrantado e contrito.

  Deus restituiu o reino a Manassés e após retornar a sua terra ela passa a dar muito valor as palavras dos profetas que antes perseguia e matava, pois vemos no relato de 2Cr 33.14 que ao retornar aumentou a altura do muro externo da cidade em vários lugares e pôs comandantes militares em todas as cidades fortificadas de Judá, Manassés tentou se preparar para as consequências dos pecados que havia praticado, tentou destruir os altares que haviam sido erguidos, mas não conseguiu fazer uma limpeza completa e acabou que o povo cometeu um grande erro.

  ”O povo, contudo, continuou a sacrificar nos altares idólatras, mas somente ao Senhor, ao seu Deus.”

2Cr 33.17

  Este versículo contém uma mensagem que ultrapassa seu tempo, pois ele nos fala de um risco que todos nós corremos, pois tudo aquilo que não glorifica a Deus deve ser removido de nossas vidas, ainda que pareça não haver mal e que a nossa intenção seja boa, Deus não aceita mistura, não podemos adorá-lo em um altar dedicado a outras entidades pagãs, Deus deu uma ordem a Gideão quando teve um encontro com ele, Gideão o obedeceu destruindo o altar dedicado a Baal e construiu um novo altar e sobre ele ofereceu sacrifício a Deus.

  Com o passar do tempo a nação se afastava da presença de Deus e se prostrava diante desses altares. Este texto nos chama a atenção para algo extremamente importante, precisamos remover das nossas vidas tudo o que possivelmente nos remete ao tempo que éramos inimigos de Deus e não podemos de forma alguma lidar com isso como se fosse algo de pouca relevância, nessa história, Manassés teve um encontro com Deus e pelo que lemos permaneceu na presença de Deus até seus últimos dias, mas por não remover todos os altares e por reaproveitar alguns deles para adorar a Deus vemos seu filho Amom fazendo aquilo que o Senhor reprova e pior do que isso, Amom não se arrependeu desse pecado como Manassés seu pai (2Cr 33.21-23).

  Manassés teve a grande oportunidade de em vida se arrepender dos seus pecados, por mais graves que fossem, “as misericórdias do Senhor não tem fim (Lm 3.22)”. E após se converter ele dá atenção ao que os profetas diziam, Manassés me ensina que a mensagem anunciada nem sempre é aceita quando recebida, mas isso não significa que não será no futuro, existem aqueles que ouvirão a nossa pregação hoje, mas que apenas ouvirão, mas a mensagem não será suficiente para que se convertam, estes precisarão passar por apuros semelhantes ao de Manassés, daí tudo passará a ter maior valor, porém existe uma situação mais perigosa do que uma vida de apuros, a vida folgada e sem problemas.

  Jesus nos fala através de uma parábola sobre um mendigo chamado Lázaro e de um rico (Lc 16.19-31), diz o texto que o mendigo estava coberto de chagas e que ficava na porta do rico esperando as sobras que caiam da mesa para se alimentar. O texto diz que Lázaro e o rico morreram, mas ambos foram para lugares diferentes, o mendigo estava em um lugar maravilhoso junto de Abraão, por outro lado o rico foi levado para um lugar de tormento, um lugar muito quente e que não tinha uma gota d’água para se refrescar.

  O que me chama a atenção nesta parábola é que o rico, ainda que tenha recebido condenação, ao avistar Lázaro e Abraão, chama Abraão de pai e não bastar esse fato curioso de alguém que claramente estar condenado chamar Abraão de pai, Abraão o responde o chamando de filho. Muito intrigante esse relato, pois no que parece, este homem rico é um israelita conhecedor de Abraão, provavelmente um religioso, mas que seu sangue, sua riqueza e vida religiosa não foram capazes de salvá-lo. O céu de fato será um lugar de muitas surpresas, sucesso, riqueza, status e bens não são sinônimos de salvação, vemos nesta parábola um mendigo salvo e um religioso rico condenado. 

  Agora vamos ao detalhe que mais nos interessa para o nosso texto, existem pessoas que mesmo ouvindo a mensagem do evangelho não se apropriam da mensagem, outros se apropriarão no futuro quando passarem por apuros. É aquela famosa frase de crente, “quem não vem pelo amor, vem pela dor”. Manassés passou pelos espinhos, mas esse rico não teve a mesma oportunidade, ele viveu uma vida sem espinhos, mas recebeu uma eternidade de tormentos por rejeitar a Palavra, veremos como aconteceu.

  Quando o rico pediu água e Abraão disse que não havia mais a possibilidade disso acontecer, pois havia um abismo de separação entre eles, o rico então pediu para que permitisse Lázaro avisar seus irmãos, para que não tivessem o mesmo fim, Abraão então respondeu:

  “Eles têm Moisés (Lei) e os profetas (Livros proféticos), que os ouçam”

Lc 16.29

  O rico insiste dizendo que seria mais provável eles se arrependerem através de um homem ressuscitado. Abraão o responde mais uma vez:

  “Se não ouvem a Moisés e os profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.”

Lc 16.31

  O que temos neste texto é a realidade dos nossos dias na vida de muitos crentes e ministérios em que, somente as Escrituras não seriam mais suficiente para levar o pecador ao arrependimento, precisamos tomar esse cuidado, pois nós mesmo podemos chegar a essa dependência de testemunhos impactantes, quando a Palavra deve ser suficiente para nós, era isso que Abraão queria dizer ao falar que os irmãos do rico tinham Moisés (Lei) e os profetas (livros do Antigo Testamento). E aqui não precisamos destacar apenas o testemunho pessoal de quem entrega a mensagem, mas a dependência de diversas outras coisas para que consigamos levar o povo ao arrependimento.  

  Hoje nós anunciamos o Evangelho da Reconciliação, Paulo fala que é desse evangelho que se tornou ministro (Cl 1.23), e precisamos entender que fomos reconciliados e que precisamos perseverar para que não nos afastemos dessa posição e que mantenhamos firmes a nossa fé em Jesus.

  Todos nós nos tornamos inimigos de Deus após o pecado de Adão, o relacionamento que o homem tinha com Deus foi prejudicado e limitado por causa dessa barreira que se pôs entre ambos (Is 59.2), na história Bíblica tivemos homens que se destacaram ao desfrutar de um relacionamento íntimo e diferenciado com Deus, homens como Enoque que andou tão próximo a Ele que Deus o tomou para si, Noé, Abraão, Moisés, Davi, tivemos sacerdotes e profetas com um relacionamento bem estreito com Deus, dentre tantos outros que poderíamos citar. Mas um dia Deus proporcionou aos homens um relacionamento como nunca antes, mais uma vez Deus veio a terra para andar junto com os homens que havia criado, mas não como Deus, ele se encarnou, nasceu e viveu entre nós, não somente isso, Ele cumpriu toda a justiça de Deus e por fim tomou sobre si nossas culpas e pagou por elas na cruz.

  Ao fazer isso sua maior missão era nos reconciliar com o Pai, nos possibilitar andar com Deus todos os dias, mas essa proposta foi ainda maior, pois se no Jardim do Éden Adão e Eva andavam lado a lado com Deus, Jesus nos proporcionou uma experiência superior a essa, hoje nós andamos com deus dentro de nós através da pessoa do Espírito Santo.

  Precisamos entender que não existe diferença na hora de fazermos aquele apelo no final de uma pregação, “quem deseja aceitar Jesus e quem deseja se reconciliar com Ele?”, na verdade, todos os homens estão afastados de Deus, este desvio talvez não tenha acontecido em vida, esse desvio aconteceu para todos nós no Éden e Cristo através de sua carne nos abriu esse caminho e acesso a presença do melhor Pai e amigo.

    Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus,

por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo.

Hebreus 10:19,20

  “Não apenas isso, mas também nos gloriamos em Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, mediante quem recebemos agora a reconciliação.”

Rm 5.11

  Jesus em todo o tempo de seu ministério ensinou aos seus discípulos uma nova forma de se relacionar com Deus, uma maneira que não se aprendia nas sinagogas com os rabinos, Deus não seria mais inacessível, não seria um Senhor distante de seus servos, Ele deveria ser buscado como um Pai, isso com certeza foi um choque para a religião judaica, mas para os pecadores a melhor dádiva da vida. Antes somente os descendentes de Abraão eram considerados "filhos", mas agora temos uma boa notícia (Evangelho), a todos que o receberam e o reconheceram como Senhor, Deus lhes deu o poder de serem feitos seus filhos (Jo 1.12).

  Desfrute hoje desse relacionamento, Ele é Deus, Ele criou todas as coisas, habita no céu, mas deseja morar dentro de nós, é nosso melhor Amigo e Pai.

Deus te abençoe!

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