Ai de mim se não pregar o evangelho! (1Co
9.16)
Pregar o
evangelho não é apenas sobre a necessidade do perdido de ser alcançado (Rm
10.13-15), é também a minha necessidade de cumprir meu propósito.
O ganho do
ministério da pregação.
Ao
ler todo este capítulo da primeira carta de Paulo aos coríntios (1Co 9),
temos uma orientação muito necessária para nossa geração, pois ela nos fará ter
uma melhor noção do que é o direito, a honra, o dever e a necessidade do ministro.
Necessitamos de uma meditação cuidadosa, até porque este assunto merece esse
cuidado e atenção, pois não sendo bem entendido prejudicará a pregação do
evangelho.
É concordado por
todos que o apóstolo Paulo ensina e orienta a igreja sobre o direito do
ministro de ser mantido pela igreja, ele deixa claro que os
ministros são pessoas como qualquer outra, comem, bebem, casam-se e inclui o
que nós chamamos hoje tecnicamente de “Prebenda pastoral”, trata-se do sustento
do ministro que se dedica integralmente ao serviço do templo e do altar.
As questões
que envolvem dinheiro tem se tornado o motivo de muitos escândalos no “mundo
evangélico”, pois como a própria bíblia diz: “O amor ao dinheiro é a raiz de
todos os males (1Tm 6.10), muitos tem feito da obra e do ministério do
Senhor que é santo, um negócio lucrativo, um verdadeiro comércio, o próprio
apóstolo Pedro disse que isso aconteceria, que homens gananciosos fariam da
igreja negócio, em outras traduções, fariam comércio (1Pe 2.3). Infelizmente
é o que temos visto em alguns lugares e mais uma vez as palavras de Paulo à
igreja de Corinto precisam ser consideradas por nós.
Primeiro Paulo
defende o direito do ministro de receber o sustento da igreja, ele usa o
exemplo do soldado que não luta as suas próprias custas, do vinhateiro que não
deixa de comer do fruto que ele mesmo está plantando, do pastor que cuidando
das ovelhas vai beber do leite produzido por elas, por fim, Paulo deixa claro
que isso não é uma opinião sua, mas que este entendimento está amparado pela
Lei, ele cita Dt 25.4 “Não amordace o boi enquanto estiver debulhando o
cereal”, ele continua, “acaso Deus estaria preocupado com o boi?”.
Paulo questiona se pelo fato de semear coisas espirituais na vida da igreja,
seria demais colher coisas materiais, sim, Paulo está falando de receber da
igreja pelo trabalho que é desempenhado ali e precisamos abrir nossa mente para
entendermos que não há nada de errado nisso, até aqui tudo é simples e nos
basta apenas ter bom senso para aceitarmos que, se temos alguém se dedicando à
igreja e que por essas pessoas temos sido ricamente abençoados, é mais do que
justo que estas também sejam amparadas e sustentadas pela igreja.
É também muito
importante considerarmos estas palavras que foram destacadas, a NVI traz o
versículo 6 exatamente assim: “Ou será que só eu ou Barnabé não
temos o direito de receber sustento sem trabalhar?”,
na palavra direito encontramos o dever da igreja com o ministro, e na
palavra sustento encontramos qual é esse direito, ou seja, o ministério
não é uma visão de carreira para enriquecimento pessoal, o ministério deve
trazer consigo o sustento do ministro, claro, com sua família.
V. 12 –
Paulo então cita algumas pessoas que estão sendo sustentadas pela igreja, ele
questiona se o fato da igreja estar comprometida com algumas pessoas, não
deveria estar mais comprometida com aqueles que são os principais responsáveis pela vida deles, Paulo fala como quem plantou a igreja de Corinto, ele
diz que este é um direito dele. Até aqui podemos ter uma noção mais clara do
direito do ministro que serve ao templo e ao altar de Deus, edificando assim a
sua igreja, mas após falar do seu direito, o apóstolo Paulo se volta para o
objetivo central para o qual a igreja foi edificada, não por ele, mas por
Cristo, a pregação do Evangelho.
Ainda
no versículo 12 ele deixa claro que mesmo tendo seu direito, nunca usou desse
direito, “suportando tudo para não colocar obstáculo algum ao evangelho de
Cristo”, Ele continua nos versículos 13 e 14 falando sobre o direito de
quem vive servindo no ministério, que seja mantido por ele, mas Paulo está
defendendo o direito que tem mesmo quando abre mão dele ao trabalhar como
fabricante de tendas (1Co 4.12 / At 18.3). Paulo conclui, “eu não estou
usando nenhum desses direitos”.
Talvez
tenhamos uma observação importante e necessária para fazermos quando se trata
dos direitos tão buscados e defendidos em nossos dias concernente ao assunto
sobre o direito do ministro, seja ele um pregador ou cantor, a primeira coisa que devemos considerar é que, seu
dever está acima do seu direito, de forma que, se o seu direito estiver
colocando obstáculo ao dever, Paulo nos deixa o exemplo, abra mão do direito,
trabalhe com suas próprias mãos e continue empenhado no dever de pregar o
evangelho. O que precisa ser observado e louvado na atitude de Paulo, não é o fato de exigir seu direito, mas o fato de abrir mão dele.
Paulo nos
ensina que o ganho do ministro não consiste no lucro financeiro que está tendo
com a igreja, até porque devemos considerar a palavra sustento, pois é
esse o dever da igreja com o ministro, algo bem diferente do que temos visto em
nossos dias e que tem sido questionado inclusive por quem não faz parte da
igreja. Isso é ou não um obstáculo para o evangelho?
Este entendimento
é extremamente necessário em nossa geração, principalmente para aqueles que estão ingressando e vislumbram o ministério como algo que promoverá viagens, hotéis de luxo, mesas
fartas e “ofertas generosas” nos seus bolsos. Um princípio que precisamos nos
atentar e considerar é que, ministério, chamada é algo que vem de Deus e não do
reconhecimento do público, recebemos no altar com a benção de nossos líderes
espirituais e não pelos admiradores de outras igrejas e seguidores da internet,
muitas pessoas estão ingressando no ministério e convictos de que estão sendo
bem sucedidos por conta do retorno financeiro, das agendas, da notoriedade e da influência
que levam a outros, mas ressalto que muitos (não todos) já deixaram suas
congregações, suas famílias e estão por si nesta carreira de sucesso, não há
raízes, não contribuem em suas congregações, não digo isso daqueles que têm o
chamado e estão sob a benção e orientação de seus líderes, inclusive tomando todos os cuidados com a família que é seu primeiro ministério.
A motivação.
O grande perigo
está na motivação do coração, por isso o apóstolo Paulo chamou a atenção de
Timóteo para não por a mão na cabeça de ninguém precipitadamente (1Tm 5.22)
e que não levantasse ao ministério neófitos (1Tm 3.6), pois estes
corriam o risco de cair na mesma condenação do diabo, ou seja, a vaidade
poderia tomar conta de seus corações e sua motivação inicial que era boa poderia se transformar e se tornar sua própria destruição, pois agora seu alvo não seria vidas para o Reino, seria o lucro para si mesmo.
O ganho (vidas) que Paulo fala é mais importante do que o meu direito como ministro, claro que não podemos deixar de lado o direito, basta à igreja o bom censo, pois não é correto a igreja explorar o ministro e nem deixá-lo padecer necessidade, precisamos tomar esse cuidado com a motivação do nosso coração, pois podemos não mais ser movidos pelo amor que Paulo fala pelas vidas, mas literalmente pelo retorno material que podemos obter. Entendendo isso, não irei fazer a obra onde sei que receberei a melhor oferta ou a melhor recepção, pois vou pelas vidas e porque isso se trata de uma obrigação, o suficiente me basta.
Honra e super-honra.
Temos outro assunto ligado a este, pois o ministro deve ser honrado pela
igreja, mas como deve ser essa honra?
De acordo com Rm 13.7,8; temos que dar honra a quem tem honra, é também aqui que podemos nos perder, pois todo ministro de Jesus entenderá que sua maior honra está em servir a Cristo, porém temos visto se formando uma cultura que chamo de “super-honra”, ou seja, quando é perceptível excessos, excessos esses que podem ser considerados relativos, pois nesse caso aceita-se a relativização das visões, pois aquilo que para mim é excesso, talvez não seja para outro. Paulo sempre falou que a igreja de Corinto deveria honrá-lo, mas ao contrário disso, chegaram ao ponto de questionarem seu apostolado, ele então destaca a atitude deles sobre a forma como tratavam outros e a forma como o tratavam.
Fui
insensato, mas vocês me obrigaram a isso. Eu devia ser recomendado por vocês,
pois em nada sou inferior aos "super-apóstolos", embora eu
nada seja.
As marcas de um apóstolo — sinais,
maravilhas e milagres — foram demonstradas entre vocês, com grande
perseverança.
Em que vocês foram inferiores às outras
igrejas, exceto no fato de eu nunca ter sido um peso para vocês? Perdoem-me
esta ofensa!
Agora, estou pronto para visitá-los pela
terceira vez e não lhes serei um peso, porque o que desejo não são os seus
bens, mas vocês mesmos. Além disso, os filhos não devem ajuntar riquezas
para os pais, mas os pais para os filhos.
Assim, de boa vontade, por amor de vocês, gastarei
tudo o que tenho e também me desgastarei pessoalmente. Visto que os amo
tanto, devo ser menos amado?
2 Coríntios 12:11-15
Paulo
fala sobre sua motivação, ele não deseja os bens da igreja, ele deseja a
igreja, Paulo não deseja ser um peso para a igreja, mesmo trabalhando e
servindo a ela e sustentando-se com seu ofício, diz estar disposto a gastar
todos os seus recursos e até a sua própria vida por amor deles, mesmo sendo
menos amado. Aqui não consigo encontrar honra dos homens ao maior dos
apóstolos, mas talvez consideraremos que essa igreja não era o melhor exemplo
de alguém que sabe honrar.
Não há
problema algum em honrar e em ser honrado, falo hoje como um ministro de Deus
que trabalhou e trabalha para Deus servindo a igreja, trazemos com essa palavra
a atenção para a necessidade de equilibrarmos as coisas, pois após fazermos
tudo o que nos foi mandado, não devemos nos achar dignos ou merecedores de
privilégios, como disse Jesus, devemos nos considerar servos inúteis, pois
fizemos apenas o que fomos mandado fazer (Lc 17.7-10).
Paulo fala que
pregar o evangelho é uma necessidade dele e não um favor a Deus e aos perdidos.
Todos nós somos sensíveis a situação daqueles que ainda não ouviram a pregação
do evangelho, “pois como ouvirão se não há quem pregue?”, mas Paulo destaca o
fato de que não é isso que o impulsiona, mas que ao pregar ele mesmo está sendo
beneficiado, pois se pregar for algo que faço somente se eu quiser, ou de
acordo com a minha vontade, automaticamente tomarei o caminho da recompensa,
mas se faço por necessidade estou simplesmente cumprindo meu dever, ou seja,
não terei mais expectativas em receber o que hoje conhecemos como “honra”.
Pregar o
evangelho não é favor, muitos serão gratos a nós por sermos instrumentos de Deus
em suas vidas, mas não fomos instrumentos de Deus para recebermos a gratidão do
povo, mas por causa da nossa necessidade de pregar, de cumprir nosso propósito
e cumprí-lo deve nos bastar, pois de outra forma poderíamos nos frustrar quando
essa honra do povo não nos viesse, talvez poderíamos nos tornar mal acostumados
a ser ovacionados, a receber reconhecimento, quando toda honra e todo
reconhecimento devem ser dado a Jesus.
Paulo diz a
igreja de corinto que padeceu muito mais do que alguns que se sentiam
superiores, ele declara detalhadamente pelo que passou arriscando sua vida para
que vidas fossem salvas (1Co 11.22-28), porém, mesmo que tenha feito e
passado por tudo isso, reconhece que só há um meio pelo qual vidas possam ser
salvas, pela palavra de Deus somada a ação do Espírito Santo.
Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês,
não fui com discurso eloqüente nem com muita sabedoria para lhes proclamar o
mistério de Deus.
Pois decidi nada saber entre vocês, a não
ser Jesus Cristo, e este, crucificado.
E foi com fraqueza, temor e com muito
tremor que estive entre vocês.
Minha mensagem e minha pregação não
consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de
demonstração do poder do Espírito,
para que a fé que vocês têm não se
baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.
1 Coríntios 2:1-5
Paulo sendo um
poliglota, um doutor da Lei, formado aos pés de um dos maiores rabinos de sua
época sabia que isso não significava nada se sua mensagem não fosse pura e
simples para as pessoas, Paulo acabou “disputando” muitas vezes com os judeus
sobre a Palavra, isto se fez necessário, pois os muitos judeus eram resistentes
à revelação de Jesus, porém, mesmo quando muitos resistiam a mensagem, haviam alguns
que abriam seu coração para receberem a revelação por meio do espírito Santo.
Algumas
pessoas me perguntam "O que você pensa sobre isso ou aquilo?", isso
com relação às discussões teológicas que tomam espaço em muitos debates. Penso
que não estamos nos dias de Paulo e que quando se trata de Deus e de sua
palavra, não posso dizer o que penso ou acho, e sim dar qualquer opinião
iniciando a frase com "a bíblia diz que" ou "segundo o texto
de". Mas mesmo assim tenho muitas opiniões sobre tudo, pois sou uma mente
pensante, mas não é isso que importa quando vou falar de Deus, pois sou um
pregador do Evangelho de Jesus Cristo e estou comprometido e empenhado nisso,
estou visando um único ganho e nessa missão não cabe a minha opinião, não há
lugar para o que eu gosto ou o que eu não gosto, o que eu concordo ou discordo,
a Bíblia é minha regra de fé e prática. Como diz C.S.Lewis em seu livro Cristianismo puro e simples, "não
estou pregando a minha religião pessoal, o que prego hoje já existe a muito
tempo antes de eu ter nascido". Eu
não tenho que convencer ninguém com minha capacidade de persuadir, esse método
não transforma vidas, ou seja, eu não falo o que o pecador prefere, eu falo o
que ele precisa, as letras dos louvores não devem expressar o que será aceito e
comprado, elas precisam glorificar a Deus.
Ai de mim se
não pregar o evangelho fala sobre a minha necessidade de pregar, e fala da
necessidade de pregar o verdadeiro evangelho, pois posso pecar em não o pregar,
ou posso pecar em pregá-lo erroneamente, da forma que me agrada ou no lugar que
me traz vantagem, o evangelho não é sobre mim, é sobre Cristo.
Espero que esta palavra tenha servido para seu
crescimento e amadurecimento no ministério, que tenha aprendido sobre o
direito, o dever, a honra e a necessidade do verdadeiro ministro do evangelho.
Amém! Mesmo antes de ler essa explicação tão bem revelada do direito dos ministros da palavra. Eu sempre tive o entendimento da importância do salário a quem é do direito. Hoje eu saberei citar esse texto para me ajudar a explicar meu entendimento.
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