segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

O melhor de mim no pior momento da história.

 



  Em meio a tantas histórias inspiradoras que encontramos na Bíblia, gostaria de refletir junto com você na história de Gideão e em particular, algumas lições preciosas que podemos aprender com ele, sua vida, cultura e tempo eram tão diferentes e distantes da nossa realidade, só que, mais uma vez, vemos como a Palavra de Deus é atual, como ela continua poderosa para nos abençoar não importa o tempo que vivemos.

  O texto que usaremos como referência se encontra no Livro de Juízes, nos capítulos 6 e 7, se puder leia o texto bíblico antes de continuar essa leitura.

  Sempre que ouço pregações sobre Gideão sempre tem uma parte da vida deste guerreiro e juiz de Israel que é enfatizada, Gideão se mostra inconformado diante do Anjo do Senhor sobre a situação de opressão em que o povo se encontrava diante dos midianitas, questiona a ausência dos sinais que Deus fizera no passado.

  Antes de entrarmos neste detalhe que sempre é dada uma atenção maior, gostaria de falar um pouco deste contexto do qual Gideão se refere, pois já faziam 7 anos que Israel se encontrava em uma situação precária por conta das investidas dos midianitas, amalequitas e de outros povos, porém o texto nos diz que os midianitas dominavam israel. Este domínio levou Israel a viver um tempo de pobreza, viviam em cavernas escondidos e com medo, e cá pra nós, medo é algo que veremos do começo ao fim dessa história.

  É importante lembrarmos que Israel neste período já está vivendo na Terra Prometida, a terra que Deus o entregou após os libertar da escravidão de tantos anos no Egito e que não foi fácil, Deus os entregou, porém houve muita guerra, Josué liderou o povo nas batalhas e conquistas. Mas Deus havia deixado muito claro desde o início que o povo estava sendo expulso da terra por conta dos pecados que cometiam e que Israel não deveria cometer esses pecados, pois aconteceria o mesmo com eles. É muito importante entendermos que a libertação do povo e a conquista da terra não seria possível pela própria força do povo, isso é uma demonstração da intervenção divina e de sua Graça no Antigo Testamento, mas que cabia ao povo permanecerem fiéis ao Senhor, isso é uma mensagem direta e clara a nós em nossos dias sobre a nossa libertação e atual situação diante de Deus e dos desafios no nosso dia a dia.

  No tempo de Gideão podemos ver que a opressão que Israel vivia, era simplesmente por conta do seu afastamento de Deus, o povo havia virado as costas para Deus e levantado altares e ídolos, por conta disso Deus tirou a mão de sobre o povo e sempre seus esforços eram inúteis para o que plantavam e na criação dos seus animais.

  Deus levanta um profeta e deixa isso bem claro:

  ele lhes enviou um profeta, que disse: "Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Tirei vocês do Egito, da terra da escravidão.

Eu os livrei do poder do Egito e das mãos de todos os seus opressores. Expulsei-os e dei a vocês a terra deles.

E também disse a vocês: Eu sou o Senhor, o seu Deus; não adorem os deuses dos amorreus, em cuja terra vivem, mas vocês não me deram ouvidos’ ".

Juízes 6:8-10

  Então quando Gideão faz aquele questionamento sobre a ausência dos sinais de Deus, precisamos levar em conta o que o profeta já havia falado, as vezes nos pegamos fazendo o mesmo questionamento a Deus sobre algumas coisas que passamos e essa será a primeira e grande lição que aprenderemos com Gideão, de tomarmos o cuidado de esperarmos um posicionamento de Deus quando este já deixou bem claro que está esperando um posicionamento nosso. A miséria e opressão que o povo está vivendo não é culpa de Deus, mas do próprio povo.

  O Anjo então diz a Gideão que ele vai livrar Israel das mãos dos midianitas, mas ele se esquiva e diz que isso é improvável, pois o clã dele era o menor e ele era o menor de sua casa (Jz 6.15). Gideão nos mostra que, as vezes somos grandes questionadores da ausência dos sinais de Deus e quando Deus nos chama para sermos instrumentos para realizar, nos esquivamos e recuamos. As vezes isso acontece na igreja, questionamos algumas coisas que julgamos estar faltando, mas nem sempre nos colocamos a disposição para taparmos aquela brecha, sem dúvida essa é uma grande lição para nós.

  O que acontece a seguir é que eu gostaria de te chamar atenção, pois, mais do que o inconformismo de Gideão é seu nível de entrega e o coração adorador e isso vai ficar bem claro agora, no meu ver, diante da história contextualizada, o que mais chamou a atenção de Deus para este homem foi isso, um coração pré-disposto a se entregar sem reservas no meio de um povo completamente tomado pela idolatria.

  Gideão pede ao Anjo para esperar até que ele vá em casa preparar uma oferta, fica claro que não se trata de um anjo comum, mas do próprio Deus que se manifestara, pois anjo não recebe oferta ou adoração para si. Fica claro também em toda a história de gideão que este gostava da experiência de ser pai, pois teve 71 filhos, creio eu que neste momento do encontro não havia tido todos esses filhos ainda, mas creio que já eram muitos. Precisamos levar em consideração o fato de a terra estar em grande pobreza, pois as plantações e criações de animais eram devastados pelos midianitas, mas Gideão não se rendia facilmente.

  Talvez não exista um exemplo melhor para nós na bíblia para falar de alguns guerreiros nesta pandemia, Gideão representa os pais de família, aqueles que precisam levar o sustento para casa e num momento de tamanha miséria e precariedade, ele se reinventa, se não dá para trabalhar no campo, vai trabalhar no lugar de prensar uvas, pode ser arriscado e não ser exatamente como gostaria, mas uma coisa é certa, não vai ficar de braços cruzados e escondido enquanto a família precisa de comida na mesa, por isso Gideão estava tratando o trigo no lagar.

  Naquele período, nada era mais precioso do que comida e animais, pois era um tempo de muita escassez, mas Gideão nos dá um grande exemplo de adorador, de que podemos e precisamos dar o nosso melhor para Deus na pior fase da história, Gideão chega em casa e (creio eu) chama a sua esposa para preparar pães, ele usa aproximadamente 10kg de trigo para preparar esses pães e mata um cabrito e prepara com um caldo, arruma tudo e leva para o Anjo.

  Se você é mulher e esposa, pense como agiria em uma situação dessas, com tantos filhos para alimentar, vem seu esposo e usa uma quantidade tão grande de trigo e ainda mata um cabrito para oferecer a Deus. O que Gideão estava fazendo ao entregar aquela oferta era simplesmente isso, entregando o seu melhor para Deus, isso aconteceu com o profeta Elias quando concertou o altar e fez uma vala, derramou água sobre o altar e encheu toda a vala ao redor e depois clamou ao Senhor (1Rs 18.30-38), em ambos os casos o fogo consumiu o altar e toda a oferta, Deus recebeu como cheiro suave em suas narinas, no tempo de Elias a água era a coisa mais preciosa para todos, pois já haviam três anos sem chover.

  O melhor que Gideão pôde apresentar em sua oferta foi comida, o melhor que Elias pôde colocar no altar foi a água, coisas que para nós podem ter algum valor, mas talvez não o mesmo que tinha para eles, nós sabemos o que na nossa vida pode ser a maior oferta, com Abraão a maior oferta não era Ismael seu primogênito, mas o seu Isaque que tanto amava, não sei o que Deus espera de você como oferta e adoração, mas eu aprendi na Bíblia e com Gideão principalmente, que o tamanho da sua entrega hoje vai determinar o tamanho da sua vitória amanhã.

  Mas uma vez digo de acordo com essa lição que aprendemos com Gideão, dê o seu melhor para Deus na pior fase da história.

  No momento que o Anjo tocou com a ponta do seu cajado na oferta de Gideão, ela foi consumida pelo fogo, que coisa tremenda, mas a história desse encontro não parou por aí. O Anjo desapareceu e Gideão entendeu que se tratava do próprio Senhor que falava com ele, por isso achou que sua vida havia terminado, pois como Isaías bem disse que ia perecendo quando viu o Senhor, pois Deus é Santo e nós pecadores diante d’Ele não resistimos (Is 6).

    Mas Deus continuou a falar com Gideão e agora iria começar a obra de restauração da nação de Israel, só que Deus é organizado, e não iria tirar Gideão “do lagar para o mundo”, a obra de restauração iria começar pela sua família. A lição aqui é: Do que adianta se levantar pela nação e deixar altares e ídolos erguidos na nossa casa e na nossa família?

  Deus manda Gideão destruir o altar de Baal e o ídolo que pertence ao seu pai e matar um touro de sete anos para oferecer sobre o novo altar que seria erguido, mesmo com medo da reação da comunidade, Gideão reúne alguns servos durante a noite e destrói o altar e o ídolo, sacrifica o animal (mais uma grande oferta em período de pobreza) e oferece sobre o altar que levantou ao Senhor. Realmente a comunidade quando viu, desejou matar Gideão, mas o máximo que ele conseguiu foi um “apelido”, pois seu pai interviu e disse que, “se Baal é deus, que ele se defenda”, então chamaram gideão de Jerubaal que quer dizer “que Baal lute”, o seu apelido era uma declaração de inimizade com o ídolo cananeu, “Gideão o destruidor de altares de Baal”.

  A grande lição que aprendemos aqui é que, antes de destruirmos os altares de Baal que existem pelo mundo, precisamos destruir aqueles que estão erguidos dentro da nossa casa e antes de levantarmos altares em qualquer lugar do mundo, precisamos fazer isso em nossa casa primeiro.

  Essa atitude de Gideão automaticamente contagiou muita gente e muitos se posicionaram a partir do seu exemplo e o enxergaram como um líder a ser seguido.

  E Gideão disse a Deus: "Quero saber se vais libertar Israel por meu intermédio, como prometeste.

Vê, colocarei uma porção de lã na eira. Se o orvalho molhar apenas a lã e todo o chão estiver seco, saberei que tu libertarás Israel por meu intermédio, como prometeste".

E assim aconteceu. Gideão levantou-se logo cedo no dia seguinte, torceu a lã e encheu uma tigela de água do orvalho.

Disse ainda Gideão a Deus: "Não se acenda a tua ira contra mim. Deixa-me fazer só mais um pedido. Permite-me fazer mais um teste com a lã. Desta vez faze ficar seca a lã e o chão coberto de orvalho".

E Deus assim fez naquela noite. Somente a lã estava seca; o chão estava todo coberto de orvalho.

Juízes 6:36-40

  A prova que Gideão pede para Deus é uma forma de saber se Deus guardaria o seu povo em qualquer situação, a lã seca quando tudo estava molhado indica que Deus guardaria o seu povo, mesmo que tudo estivesse sendo abalado ao redor e que não haveria situações em que Deus não pudesse livrar o seu povo.

  Gideão então consegue trinta e dois mil soldados para a guerra contra os midianitas, mas Deus disse que havia gente demais e que eles vencendo a guerra diriam que foi com a força do próprio braço e que deveriam voltar para casa os covardes. Fico pensando nessa palavra e como foi para aqueles homens lidar com esse status. Vinte mil covardes, o exército de covardes era maior que o exército de corajosos, claro que para vencer essa guerra não era suficiente apenas a coragem ou valentia, isso nós veremosmos mais à frente.

  Mas fico a pensar que muitos retrocedem por conta disso, muitos não participam de grandes feitos de Deus por conta disso, me coloco no lugar deles e me pergunto, como era eu voltar para casa e dizer que voltei porque sou covarde enquanto outros ficaram para lutar? É muito difícil me imaginar nessa situação, mas ao olhar para o texto, vejo que a maioria dos homens estavam tomando para si esse status de covarde, pois isso era o que haviam se tornado neste período de opressão, é muito triste mas essa é uma realidade na vida de muitos que fazem de seus quartos verdadeiras cavernas, as vezes saem para lutar, mas desistem na primeira oportunidade.

   Um dia aprendi que ter medo é algo natural de todo ser humano, o medo deve ser até considerado importante e essencial para nossa vida quando equilibrado, pois, por outro lado a ausência desse cuidado pode nos fazer inconsequentes e todo inconsequente acaba se prejudicando fatalmente em algum momento da sua história.

  Sobraram dez mil e mais uma vez Deus disse que havia muita gente e deu mais uma prova, que ao beberem água, Gideão deveria separar aqueles que se abaixavam para beber daqueles que, trazendo água com a mão até a boca, bebiam como um cão, estes que traziam com a mão e lambiam foram os trezentos que Deus escolheu para continuarem junto de Gideão.

  Muitos se perguntam sobre essa prova e eu pesquisei um pouco sobre isso, no Comentário Bíblico Beacon diz algo interessante, que ao trazerem a água a boca com a palma da mão eles estavam mostrando que estariam atentos e vigilantes em todo o tempo para lutarem caso inimigo atacasse repentinamente. Pensei muito sobre isso e também me veio algo ao coração, pois quem se abaixava tinha água em abundância e quem levava a boca com a palma da mão, bebia de pouco a pouco, ou seja, quando eu aplico isso na minha vida, não vou deixar de vigiar para satisfazer as minhas necessidades, essa é uma lição tão importante quanto as outras, pois muitos são aqueles que são pegos de surpresa pelo inimigo, pois estão mais voltados para seus anseios e necessidades materiais e carnais, aprendemos aqui que não precisamos de muito, se esse muito nos deixará fracos diante do inimigo, melhor aquilo que mesmo de pouco em pouco, mas suficiente para nos suprir.

  Dos dez mil somente trezentos permaneceram com Gideão e mais uma vez Deus mostra que sua maneira de agir está muito além da nossa compreensão humana, que não depende de muitos ou de situações favoráveis para nos dar vitória. Naquela noite o senhor manda gideão ir até o acampamento dos inimigos como um espia e é neste ponto que tudo fará sentido nesta história gloriosa que temos em mãos sobre a vida e as experiências de Gideão, pois este talvez estava com medo, Gideão não era um covarde, mas seu exército era aparentemente inferior ao exército dos midianitas.

  Ao chegar no acampamento dos inimigos, onde estavam midianitas, amalequitas e outros povos que vinham do leste, eles eram como a areia da praia de tão numerosos que eram (Jz 7.12), Gideão junto de um servo chamado Pura pararam ao lado de uma tenda no exato momento em que um homem contava sobre um sonho que tivera e eu creio que estava bem desesperado ao acordar. Ele dizia que:

   Tive um sonho", dizia ele. "UM PÃO DE CEVADA vinha rolando dentro do acampamento midianita, e atingiu a tenda com tanta força que ela tombou e se desmontou".

Seu amigo respondeu: "NÃO PODE SER OUTRA COISA SENÃO A ESPADA DE GIDEÃO, filho de Joás, o israelita. DEUS ENTREGOU OS MIDIANITAS E TODO O ACAMPAMENTO NAS MÃOS DELE".

Juízes 7:13,14

  Como fico impactado com esses versículos, pois no que parece, Gideão está com medo e então Deus o leva até o acampamento inimigo para ver de perto como está o coração do inimigo com muito mais medo dele, Glória a Deus!!!

  Mas gostaria de chamar sua atenção para algo magnífico, pois para mim Gideão venceu esta guerra no dia que encontrou com Deus, pois o sonho deste homem é muito sugestivo, ele poderia sonhar que uma pedra rolava, ou que uma bola de fogo, ou quem sabe, uma espada como o amigo dele interpretou, mas não, ironicamente ele viu um pão, lembra da oferta de Gideão? Por isso o título desse texto é OFEREÇA O SEU MELHOR NA PIOR FASE DA HISTÓRIA, o nível da sua entrega hoje pode definir a sua vitória amanhã e por que não dizer, o nível da sua entrega neste ano difícil de 2020 pode definir o tamanho da sua vitória em 2021?

  Deus deu vitória a Gideão, e foi algo sobrenatural, pois seus inimigos acabaram se voltando uns contra os outros e não houve dificuldades tão grandes que não pudessem ser superadas.

  Espero que todas essas grandes lições que aprendemos com Gideão fiquem gravadas em seu coração e que esse ano de 2021 seja um ano de vitórias como essa grande vitória de Gideão.

  Que Deus te abençoe!!!

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Quantas vezes devo perdoar? (Parte 1)



 Referências:

MT 18. 21-35.

21 Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? "

22 Jesus respondeu: "Eu lhe digo: não até sete, mas até setenta vezes sete.

23 "Por isso, o Reino dos céus é como um rei que desejava acertar contas com seus servos.

24 Quando começou o acerto, foi trazido à sua presença um que lhe devia uma enorme quantidade de prata (10 mil talentos).

25 Como não tinha condições de pagar, o senhor ordenou que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que ele possuía fossem vendidos para pagar a dívida.

26 "O servo prostrou-se diante dele e lhe implorou: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’.

27 O senhor daquele servo teve compaixão dele, cancelou a dívida e o deixou ir.

28 "Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe devia cem denários. Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague-me o que me deve! ’

29 "Então o seu conservo caiu de joelhos e implorou-lhe: ‘Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei’.

30 "Mas ele não quis. Antes, saiu e mandou lançá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.

31 Quando os outros servos, companheiros dele, viram o que havia acontecido, ficaram muito tristes e foram contar ao seu senhor tudo o que havia acontecido.

32 "Então o senhor chamou o servo e disse: ‘Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou.

33 Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você? ’

34 Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia.

35 "Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão".

Algo que precisamos saber antes de entendermos o perdão na perspectiva bíblica:

Ef 2.1-5 Mortos em pecados é transgressões, merecedores da ira de Deus. Cl 1.21-23 Inimigos de Deus.
Todos nós nos emocionamos ao ouvir um grande testemunho de alguém que teve a vida transformada pelo Evangelho, mas não nos damos conta de que todos nós que fomos salvos temos um testemunho para contar, pois todos fomos ex-mortos e ex- inimigos de Deus. É muito importante termos essa noção para que possamos entender o tamanho do perdão dado a nós, independentemente de termos passado a nossa vida inteira fazendo parte de uma comunidade evangélica ou praticando boas obras em qualquer que seja a religião. Paulo nos ensina perfeitamente isso com o seu próprio exemplo ao se colocar como um grande testemunho de alguém que foi alcançado e ressuscitado pela Graça.
Rm 5.9-11 Salvos da ira de Deus, reconciliados por meio de Cristo.
Fl 1.9,10 Que o amor aumente em conhecimento, percepção para discernir o que é melhor.
É muito importante compreendermos que não precisamos mais esperar sermos empoderados para que possamos perdoar alguém, o que precisamos é nos conscientizarmos do perdão de Deus por nós, então o poder está no amor que é aumentado em nós a partir do conhecimento e da percepção em discernirmos do que é melhor, neste caso é perdoar.
Por que devo perdoar? Porque o Rei (Deus) me perdoou de algo infinitamente pior.
Porque Deus espera que eu faça com os outros o mesmo que Ele fez comigo.
Porque poderia ser impossível perdoar quando eu era morto ou inimigo de Deus, mas agora eu posso perdoar, pois fui ressuscitado e fui reconciliado com Deus.
Porque sou salvo e não arriscaria perder minha salvação por nada e ninguém.
Porque minha maior busca é ser uma cópia de Jesus, quando eu perdoo como Ele perdoou, tanto aquele que foi perdoado, como aqueles que estão ao redor verão o Rei em minha atitude. Na oração do Pai Nosso tem uma parte que diz: "Pai, nos perdoa assim como temos perdoado". Será que podemos continuar fazendo essa oração mesmo? Você tem perdoado, pois assim como perdoa alguém hoje será com você e comigo no dia da "Prestação de Contas". Pense nisso e que Deus te abençoe.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Decida ficar.

 


  Mateus 1:18 Foi assim o nascimento de Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, mas, antes que se unissem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. 

  19 Por ser José, seu marido, um homem justo, e não querendo expô-la à desonra pública, pretendia anular o casamento secretamente. 

  20 Mas, depois de ter pensado nisso, apareceu-lhe um anjo do Senhor em sonho e disse: "José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. 

  21 Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados". 

  22 Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: 

  23 "A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe chamarão Emanuel" que significa "Deus conosco". 

  24 Ao acordar, José fez o que o anjo do Senhor lhe tinha ordenado e recebeu Maria como sua esposa

  25 Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus.

 

  Uma das histórias bíblicas que vale a pena nossa leitura e meditação é a história de José e Maria, pois da mesma forma que era grande a missão que Deus havia dado para eles seriam grandes os desafios que precisariam superar e algumas das maiores lutas que enfrentaram foi dentro da mente e coração deles mesmos.

  O noivado era como um contrato de casamento, de forma que um deslize de ambas as partes seria considerado adultério, mesmo que a festa de casamento não tivesse acontecido e nem o ato sexual, eles já eram casados. Maria seria exposta para que fosse julgada em um caso de traição e possivelmente apedrejada, José receberia a devolução do dote, essa seria a atitude mais comum a se esperar de um homem naquele contexto, mas como diz o texto, José era um homem justo e sua atitude foi diferente, foi nobre. José buscou uma forma de não culpar Maria, desfazer o acordo secretamente, isso o levaria por um caminho que livraria Maria, mas ele deveria pagar uma multa por desfazer o acordo e após isso seria julgado pela comunidade, pois todos iriam dizer que havia engravidado Maria e pior,  não assumindo o filho ao desfazer o acordo de casamento. José preferiu assumir a culpa e pagar o preço para que Maria ficasse bem.

  Ao ver essa história eu entendo o porquê Deus escolheu Maria dentre tantas mulheres, pois Deus não olhou apenas para ela, ele olhou para eles, para o casal e viu também um homem digno para ser o pai terreno do messias. Ao olhar para a atitude de Adão no Jardim do Éden, vejo o homem que havia falhado com Deus e que, quando foi questionado sobre isso colocou a culpa na mulher, José fez completamente diferente de Adão, demonstrou uma justiça que vai além da humana, pois para nós quem erra paga pelos seus erros, e não há nada de errado nisso, mas José parecia com essa atitude demonstrar uma justiça mais excelente, pois “seu filho” mais tarde (Jesus),  sendo justo assumiu nossa culpa, pagou um alto preço por isso, para que hoje pudéssemos viver e cumprir também uma grande missão sobre a terra.

  Acredito que você se lembra do texto que fala de Jesus passando por Jericó e o cego Bartimeu clama em alta voz: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim”. Jesus só pôde ser chamado de Filho de Davi porque José um dia também foi chamado pelo anjo “José, filho de Davi”, pois através de José é que Jesus entra na genealogia de Davi, isso deixa muito mais claro a escolha de Deus pelo casal.

  Em Mt 1.20 temos a grande luta de José, e é aqui que Deus me fez refletir muito, pois fala da luta que acontecia na mente de José, José pensava em uma forma de fugir da situação, ou quem sabe, questionamentos sobre a gravidez de Maria, sobre ela dar a luz ao messias. Basta nos colocarmos no lugar de José para entender a luta que enfrentava, ir embora parecia ser a opção mais correta na mente de José segundo nos informa o texto.

  Sempre estou aconselhando os jovens acerca de relacionamentos e essa história nos traz lições que servem para nossas vidas, namoro, noivado, casamento e ministério. Pois às vezes entramos em alguns barcos (relacionamentos) que parecem perfeitos, mas com o passar do tempo constatamos que se trata de barcos furados, precisamos ter sensibilidade e buscar em Deus resposta para nossas escolhas, porém, no caso de José vemos uma escolha perfeita, pois José escolheu uma mulher que Deus também escolheria, mas escolher certo não significa que não haverá desafios, com a notícia da gravidez José “sentiu águas nos pés” como se Maria fosse um “barco furado”, mas sendo assim Deus interviu e o avisou que tudo aquilo era verdade e fazia parte do planos de Deus.

  Tem muita gente escolhendo barcos furados e insistindo em permanecer em relacionamentos que mais fazem mal do que bem, é como alguém que se acostuma a viver toda a vida tirando as águas que entram com um baldinho para não afundar, nunca conseguem um momento de paz em seu relacionamento para desfrutar de uma brisa suave, pois se deixar de tirar as águas que entram o barco afunda. O namoro é uma fase de conhecimento e muita oração, existem casos que é evidente que não se deve insistir.

  José entrou em um barco bom, e quando sentiu as águas nos pés achou que deveria pular fora, às vezes isso também acontece, o fato de passarmos algumas experiências difíceis não significa que o relacionamento é um barco furado, nem sempre a água entra no barco por causa de rupturas, as vezes o balanço das fortes ondas provocam isso também, por isso vale a pena buscarmos uma direção em Deus para as decisões que tomaremos em nossa vida, primeiro para entrar em um relacionamento, depois, para nos mantermos nele, lembrando que, quando decidimos casar, estamos nos comprometendo a nunca mais sair do barco.

  José decidiu ficar.

  Como eu disse no início, o contrato assinado por José fazia dele esposo de Maria, eu aprendi na igreja que o divórcio não deve ser uma opção para o cristão, não para aquele que quer viver em obediência a palavra, eu aprendi que o divórcio é uma porta de incêndio usada somente em caso de emergência, no final das contas o divórcio precisa ser entendido como uma tragédia.

  A porta de incêndio.

  Imagine-se em uma cessão de cinema quando de repente acontece um curto circuito causando um incêndio, a porta que será usada é aquela de emergência, passar por aquela porta é não é uma opção é uma necessidade, é caso de vida ou morte. Pense, qual seria a sensação ao passar por aquela porta após todo aquele desastre? A sensação é de alívio, com certeza, você conseguiu salvar sua vida, mas há também a consciência que do outro lado daquela porta ficou tudo destruído, houve prejuízos incalculáveis, pessoas podem ter se ferido, ou até mesmo morrido.

  Não faz sentido passarmos por aquela porta depois de tão devastadora destruição sem sentirmos pesar pelos prejuízos, salvamos a nossa vida, mas alguém sempre sai perdendo mais. Um dos grandes problemas do divórcio é este, aquele que atravessa a porta de incêndio geralmente está pensando em salvar sua pele, sem perceber que outras pessoas que estavam na situação podem estar feridas, isso é algo muito comum quando os filhos sofrem prejuízos por toda a vida quando seus pais decidem que o divórcio é a melhor opção para que possam ser felizes, podemos chamar isso de “salvem-se quem puder”.

Com esse texto em que José vive essa guerra em seus pensamentos, se deixa Maria ou fica e assume o filho que está sendo gerado, penso nas experiências que eu vivi em meu casamento, penso que assim como eu muitos estão pensando em deixar sua esposa, seu marido, sua família.

  Vejo como é importante termos sensibilidade para ouvir mais uma vez a voz de Deus que nos encoraja, nos orienta e nos direciona a fazer a coisa certa, hoje através desse texto trago a você leitor essa mesma mensagem, decida ficar, não abra mão do seu casamento e da sua família por conta de um momento desafiador, nem todos os incêndios nos obrigam a passar por aquela porta, as vezes precisamos de atitude de coragem para usarmos os “extintores” e apagarmos “princípios de incêndios” que começam pequenos, mas são capazes de destruir tudo quando saem do controle.

  Decida ficar mesmo quando o outro não tiver mais nada que oferecer.

  Na minha lista de versículos mais lindos da bíblia estão:

  Rt 1. 16,17: Rute, poré, respondeu: “Não insistas comigo que te deixe e não mais a acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus!

  Onde morreres morrerei, e ali serei sepultada. Que o Senhor me castigue com todo o rigor, se outra coisa que não a morte me separar de ti!”.

  Nas palavras de Rute para sua sogra Noemi eu vejo a graça, vejo a atitude de um verdadeiro filho de Deus. Noemi havia perdido seus dois filhos e despedido suas noras, Orfa decidiu voltar para a casa de seus pais, continuar sua vida e tentar ser feliz, mas Rute decidiu ficar, mesmo quando Noemi não tinha mais nada para oferecer a ela, Rute decidiu ficar quando só havia tristeza, frustração e tragédias na vida de Noemi, sua permanência trouxe esperança para o futuro de Noemi. Rute foi honrada de firma extraordinária por tomar essa atitude, casou novamente e se tornou uma mulher dentro da genealogia de Jesus, uma parente distante de José.

  A atitude de Rute nos lembra o que Jesus fez por nós, Ele decidiu ficar conosco quando nossa vida era só desilusão e pecado, Ele mudou nossa história e nos deu esperança para o futuro.

  Decida ficar hoje, mesmo que pareça que não há razões ou motivos para ficar, é o seu casamento, é a sua família, talvez hoje você não veja um futuro de alegria, eu passei por isso um dia e obedientemente decidi  junto com minha esposa obedecermos o que Deus queria para nós, não foi fácil para, foi doloroso, mas nos permitimos ser moldados para que hoje pudéssemos estar celebrando a Deus pela nossa família.

  Isso acontece também no ministério, como senti o Senhor falando comigo sobre isso quando colocou essa palavra em meu coração, como tem gente enfrentando guerras em seus pensamentos acerca do lugar que Deus os colocou, pensando em abandonar o barco por conta das insatisfações vividas, dúvidas e questionamentos tomam conta dos pensamentos, mas como sempre digo, nós servos de Deus não caminhamos de acordo com a nossa perspectivas do que é melhor, não podemos cometer o erro de Ló, que de longe viu um lugar que parecia o Jardim do Senhor, mas que na realidade era a promíscua Sodoma que se tornou laço para sua família.

  Que Deus nos abençoe e nos guarde, que Ele nos ajude e nos oriente acerca do melhor caminho, que estejamos sensíveis para ouvir sua voz e dispostos a seguir obedientemente sua vontade.

  Decida ficar!

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Missões. O clamor dos perdidos, o campo chama seu nome.

 




 Jesus é o maior exemplo de missionário na execução de uma missão e por que não dizer missão nacional? Sua missão iniciou-se na sua terra, porém como a missão de Deus não se limita geograficamente, se espalhou até os confins da terra, pois este era o desejo do coração do nosso Pai. Ele mesmo falou a Abraão que "todas as famílias da terra seriam abençoadas através dele".

  Ao olharmos para Jesus, vemos seu amor pelo seu povo, sua nação, que mesmo em uma nação particular para Ele onde seu principal alvo inicial eram os "filhos", como bem disse a mulher cananéia, existiam entre esses "filhos" diferenças que distinguiam-se tanto em aspectos  sociais, quanto financeiros, religiosos e morais.

 Jesus tinha um compromisso com sua missão e Ele mesmo disse: "Eu vim para os meus". Sua missão era o seu povo, sua missão era a sua gente, os seus compatriotas eram o seu alvo principal, haja vista que tinha e tem a convicção de que estão dentro dos planos do Pai na história da eternidade.

  Jesus estava disponível aos líderes religiosos como Nicodemos, Jairo e José de Arimatéia, estes quando vieram extrair o melhor dele, o melhor alcançaram. Semelhantemente, pessoas simples encontraram nele o maior e melhor amigo, pescadores, mulheres, crianças, todos tinham acesso a Ele. E em alguns casos, quando pessoas não tinham acesso a Ele, mesmo sendo um gadareno, lá estava Jesus atravessando o mar da Galiléia, enfrentando uma tempestade e libertando o homem de legiões de demônios, a adúltera, a samaritana, leprosos, publicanos, gente que estava dentro da nação, porém longe de Deus por conta da rejeição dos religiosos e da religião eram alcançadas pelo salvador Jesus.

  O unigênito de Deus quebrou alguns protocolos por compaixão, curando no dia de sábado. Mesmo contrariando seus compatriotas, deixou claro que estava indo de acordo com os propósitos do Pai que está além dos nossos olhos. Foi questionado, criticado, julgado, zombado, desprezado, abandonado, desprovido de defesa e de amigos. Sentiu-se sozinho, todavia em nenhum momento deixou de lado sua missão, pois o amor que o movia superava qualquer adversidade. A bíblia chega a dizer que tendo amado os seus, amou-os até o fim. Por fim, recebeu a morte como coroa de um ministério bem sucedido.

   A igreja brasileira precisa em nossa geração entender o real significado de missões, temos visto em nossa nação brasileira muito movimento e porque não dizer muitos eventos "missionários", entretanto, não sentimos o "cheiro do mato" e nem das ovelhas nos grandes pregadores que atraem multidões, não vemos mais as marcas como antes viam em Paulo, não vemos e não sentimos o amor de Jesus copiado em muitos missionários e nas missões nacionais. Muitas vezes quem fala de missões já não experimenta o campo missionário junto aos não alcançados há muito tempo.

  Como seremos missionários como Jesus se levantamos muros que servem de fronteiras intransponíveis? Muros denominacionais, de classes sociais, teorias na qual cada um defende a sua tese e sua interpretação, Jesus deixou uma igreja na terra para que através dela vidas fossem salvas, não temos tempo para perder. 

 Nesta data, queremos trazer à memória a Reforma Protestante, pois nos ensina que a salvação é um dom de Deus, ela não vem de nós para que ninguém se glorie, a salvação é pela graça e por que não dizer "de graça" ou melhor sem cachês ou valores. Em nossos dias, estar diante de uma multidão leva muitos a pensarem no lucro que isso dará. Jesus diante de uma multidão se preocupa em não despedi-los vazios de alimento, com isso aprendemos que o maior retorno que um missionário pode esperar são as vidas alcançadas, é vê-las salvas e se este é o desejo do coração de um missionário, seu anseio não está em assumir púlpitos ou microfones, mas em estar no campo.

 

  Hoje em nossa nação temos que romper algumas fronteiras para ir ao encontro das ALMAS. Fronteiras estas que nos separam das regiões secas dos estados do nordeste, das cidades de Minas Gerais com percentual de 1% de cristãos, dos índios não alcançados, dos enfermos nos hospitais, dos presos, dos orfanatos, dos asilos, dos jovens marginalizados nas comunidades, das ruas com os mendigos. Precisamos entender que essa fronteira não significa distância ou resistência governamental ou religiosa, esta fronteira está em nossos corações.

  Uma grande missão não começa ao embarcarmos em um avião com destino internacional. Uma missão começa no simples fato de nos levantarmos em direção aos perdidos, ao atravessarmos um rio de canoa, ao caminharmos por horas em uma estrada de chão, ou ao subirmos ladeiras e escadarias de uma comunidade...

  Louvemos a Deus pela missão nacional, esta que tem sido feita por quem ama sua pátria, desconhecidos nos ribeirinhos da Amazônia, no sertão do norte e nordeste, nas matas do Maranhão, nas favelas das comunidades e em tantos outros lugares.

  No ano de 2017 estive em uma das viagens missionárias que mais marcou minha vida, trabalhamos em três aldeias indígenas no Estado do Maranhão, duas delas já tinham sido alcançadas pelo Evangelho (Areão e Massaranduba) e a terceira ainda não (Kaapo), as duas que já tinham índios convertidos falavam o idioma Tupi-Guarani, mas a terceira era a aldeia Kaapo que falava seu idioma próprio, foi desafiador chegar ali, pois além das muitas horas de estrada de uma aldeia para a outra e a maior parte da estrada ser chão de terra e nossa equipe de missionários estava em cima de uma caçamba de caminhão sob um sol escaldante por longas horas, tínhamos que atravessar o rio que estava muito cheio de canoa, foi inesquecível.

  Em todas as aldeias fizemos ações sociais, cortamos cabelos, distribuímos material higiênico, fizemos escovação de dente nas crianças e aplicação de flúor. Nós fomos ali em um momento muito tenso, pois muitos índios estavam resistentes quanto a nossa presença, alguns madeireiros haviam devastado a floresta em torno da aldeia e eles dependem muito da floresta para caçar, colher frutas e estavam em uma situação muito precária por conta desse desmatamento.

  Para tudo isso ser feito nós aprendemos algumas palavras para facilitar nosso trabalho e então na hora de escovar os dentes das crianças eu perguntava o nome delas dizendo: “maindaré?”, que significa “qual é o seu nome?” e após dizerem os nomes eu respondia: “inré José”, ou seja, “meu nome é José”, enquanto eu atendia as crianças um índio adulto acompanhava tudo de perto e ele aprendeu o meu nome.

  Acabamos o trabalho de forma muito satisfatória, um índio foi fazer uma demonstração de tiro de arco e flecha, ele pegou dois mamãos bem pequenos, colocou em uma distância razoável e todas as vezes que disparava a flecha, acertava. Os pastores que estavam comigo na viagem também tentaram, mas não conseguiram acertar o alvo, por fim eu pedi para tentar também, ironicamente ao atirar a flecha caiu nos meus pés, todos riram de mim (fui pagar mico no meio da floresta), mas eu peguei aquela flecha e tentei novamente, mas agora ela não caiu, eu acertei o mamão.

  Nesse momento o índio que aprendeu o meu nome começou a gritar “José, José”, e todos os índios vieram me abraçar, parecia que eu tinha feito o gol da vitória do campeonato, foi um momento inesquecível. Quando voltávamos para nossa base a missionária que trabalha no campo havia mais de 10 anos disse nunca ter visto os índios reagirem assim com um homem branco, principalmente naquela aldeia, por conta dos problemas com os madeireiros, ela me disse uma palavra que eu nunca esquecerei, “José, você não acertou o mamão, você acertou o coração dos indígenas, pois ao te abraçarem, eles estavam dizendo que você era como um deles, pois podia fazer o que eles fazem”.



  Fomos embora, voltei para o Rio, eu era outro cristão, eu passei a ter outra visão do que é ser cristão e sobre a missão da igreja, sobre algumas questões que causam conflitos que deveríamos nos envergonhar diante da real missão que precisamos desempenhar, hoje naquela aldeia já existe uma igreja e muitos índios convertidos, após essa viagem algo mudou , claro que essa foi a minha experiência junto dos meus amigos que fizeram a viagem, o trabalho incansável dessa missionária que tanto admiro chamada Iranir Avelino continuou, tudo foi diferente ali, pois se tornaram mais receptivos a presença da missionária e de outros irmãos que a acompanharam.

  Hoje eu não posso ignorar o chamado do campo missionário, o chamado daqueles que ainda não tem Jesus como Salvador, eu ouço a voz daquele índio que dizia “José, José”. Minha pergunta para você que está tento contato com esse texto é: “Você pode ouvir o clamor dos perdidos? Pode ouvir o campo missionário chamar o seu nome?”

  Já tem algum tempo que não viajo, mas nunca deixei de evangelizar, de pregar, de orar por aqueles que estão no campo, de contribuir, de trabalhar para arrecadar fundos para mantê-los. Um dia, todos os missionários serão honrados pelo próprio Senhor por tudo o que fizeram, pois fizeram ao seu próximo e mesmo que não tenhamos ido para outras terras, devemos fazer a nossa parte com a mesma intensidade onde estamos, pois isso também faz de nós missionários.

  Um missionário reflete um cenário já estabelecido no céu pela imagem do nosso Jesus, aquele que amou e se dedicou aos perdidos e pecadores. Isso nos faz benditos juntamente com Cristo. Faça aos homens como se fosse para o próprio Jesus, um dia Ele mesmo vai dizer que recebeu todo o amor que oferecemos àqueles que precisavam de ajuda, principalmente desta tão maravilhosa salvação.

  Celebremos a Deus por fazermos hoje parte de uma obra que Ele mesmo iniciou e nos confiou para dar continuidade!



Deus minha única opção.

    Geralmente agradecemos a Deus pelos livramentos que Ele nos dá, dizemos que somos gratos pelos livramentos que vimos e por aqueles que n...