quinta-feira, 29 de outubro de 2020

503 anos da Reforma Protestante




"Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.

Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.

Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve".

 

Mateus 11:28-30

 

  Este é um texto muito conhecido das Escrituras e muito usado inclusive nos cultos ao ar livre, pois no que parece, ele traz uma mensagem direta as pessoas que estão sofrendo com o peso do pecado através de seus atos, em nossos dias seriam essas pessoas, as envolvidas com drogas, prostituição, crime, pessoas em situação de rua, doentes, ou qualquer outra situação semelhante. Mas hoje vamos analisar esse texto com uma lente mais forte, pois apesar de servir para todos esses casos, Jesus falava diretamente a um tipo de pessoa que estava sofrendo com o jugo e o peso do fardo da religiosidade.

  A primeira coisa que precisamos entender é que, a fala de Jesus pode ser para nós de difícil interpretação por conta da distância que temos dos elementos usados por Ele, como fardo e jugo por exemplo, talvez para as pessoas criadas no campo seja fácil o entendimento, o jugo é até hoje um instrumento usado para por sobre animais que puxavam algum tipo de carga, seja uma carroça, um arado, dois animais eram postos no jugo e juntos, lado a lado puxavam a carga, já o fardo, eram os sacos com os cereais ou outras coisas diversas.

  Saber disso já nos facilita um pouco saber o que Jesus estava dizendo, porém há mais profundidade no significado das suas palavras aqui neste texto, pois na cultura judaica, mais propriamente na religião, um homem chegava a uma posição de rabino após uma série de testes, mas por fim este homem precisava de três outros rabinos que fossem reconhecidos pela comunidade como homens de Deus sérios e reconhecessem que havia vocação e preparo naquele homem para se tornar um Mestre da Lei. Ao se tornar um rabino, aquele homem tinha então autoridade para interpretar as Escrituras e assim como em nossos dias, existiam muitas interpretações dos textos que nem sempre eram iguais de rabinos para rabinos.

  Os rabinos tinham seus discípulos e estes aprendiam de acordo com a interpretação que cada rabino tinha das Escrituras, eles usavam uma espécie de cartilha contendo estes ensinamentos e esses “livretos” seriam chamados de “jugo do rabino”, ou seja, os ensinamentos essenciais para que um homem vivesse em comunhão com Deus.

  Jesus sempre deixou bem claro que os ensinamentos dos escribas e fariseus estavam exigindo de forma excessiva a moralidade das pessoas, que inclusive, eles de forma hipócrita estavam requerendo algo dos discípulos que eles mesmos não faziam ou não tinham capacidade de fazer.

  “Eles atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos não estão dispostos a levantar um só dedo para movê-los.”

 

Mateus 23:4

  Esse público que ouviu as palavras de Jesus não se tratava de dependentes químicos, drogados, bandidos e prostitutas, o peso que este povo estava carregando que era insuportável a eles e que não trazia paz para suas almas era a própria religião judaica cheia de exigências para que o homem pudesse então ter paz com Deus e ao dizer “Vinde a mim”, Jesus estava dizendo, “Quero ser o Rabi de vocês, sejam meus discípulos”.

  Ao falarmos da reforma protestante, é como se mais uma vez o apóstolo Paulo necessitasse explicar a suficiência da obra de Cristo para salvação do pecador e que o homem por si só não tem capacidade de salvar-se através de suas tentativas de viver moralmente correto como bem está explicado na carta que escreveu aos romanos, uma breve leitura dos primeiros três capítulos dessa Epístola nos ajudaria a entender melhor.

  (Leia Romanos Cap. 1,2 e 3).

   Em diversos textos das Escrituras nós veremos que, mesmo quando os religiosos seguiam as determinações da religião quanto a vida piedosa no que diz respeito ao conhecimento das Escrituras, oração, jejum, boas obras, Jesus nos ensinou a nunca fazermos como eles faziam, pois faziam para se promoverem (Mt 6.1-18) e com isso se achavam melhores do que os outros (Lc 18.9-14).

  A igreja viveu um período de grande avivamento e crescimento, pois Jesus trouxe para seus discípulos uma nova cultura, a cultura do Reino, a tradição judaica havia interpretado as Escrituras e ensinavam essas tradições, porém o próprio Jesus reinterpretou as Escrituras trazendo a tona o Espírito da Lei, o que havia sido perdido, por isso lemos “Ouviste o que foi dito pelos antigos? Eu, porém, vos digo!” (Mt 5.21-48).

  E nesta sua reinterpretação não nos parece ter ficado mais fácil, ou mais leve e suave o fardo, pois por exemplo, os antigos diziam para amar os vossos amigos e odiar os vossos inimigos, Jesus diz que quem odeia é homicida e réu do fogo do inferno, logo seria mais suave continuar amando apenas o amigo, pois é pesado e porque não dizer impossível amar o inimigo.

  Claro que precisamos entender todo o contexto do que Jesus está falando no Sermão da Montanha, pois ali Ele fala para seus discípulos, pois o segredo que vai determinar a capacidade que temos de fazer ou não o que Ele ensina não está no fato de sermos meros seguidores d’Ele, mas o fato de através d’Ele termos nos tornado filhos de Deus. Ou seja, o homem natural não pode, mas o filho de Deus pode por conta da sua nova natureza.

  Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem,

para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos.

Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso!

E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso!

Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês".

 

Mateus 5:44-48

 

  Aqui Jesus deixa claro que a forma como lidamos com essas questões revelará que não somos comuns, deixamos de ser homens naturais quando nos tornamos filhos de Deus, ser perfeito não é uma opção para o filho de Deus, ser perfeito é uma característica que nos assemelha ao Pai, claro que, estamos em um processo de aperfeiçoamento (santificação) que dura a vida toda, mas caminhamos dia a dia revelando os traços de um filho de Deus. Fazer o natural, segundo Jesus, até os pagãos fazem.

  Na história da igreja houveram alguns eventos que mudaram toda a configuração da igreja que observamos desde o Colégio Apostólico, estes discípulos eram os mais próximos de Jesus e receberam d’Ele mesmo os ensinamentos que depois deveriam passar para o povo, Jesus morreu e ressuscitou e deixou essa responsabilidade sobre os doze, e sobre outros que tinham junto com os doze essa responsabilidade (Ex: Os setenta). No primeiro século a igreja foi muito perseguida pelo império romano, muitos cristãos foram brutalmente assassinados de diversas formas, Nero acaba tomando um destaque no meio dessas perseguições após o incêndio de Roma em 64 d.C, onde culpou os cristãos do incêndio que ele mesmo provocou. Mas em 313 d.C, um imperador chamado Constantino diz ter se convertido ao Deus cristão após uma experiência pessoal.

  O imperador Constantino (313 d.C) contribuiu a partir disso para que os cristãos não fossem mais perseguidos como antes e no ano de 380 d.C o imperador Teodósimo 1º tornou o cristianismo a religião oficial do império Romano.

  Mas já no ano de 325 no primeiro conselho de Nicéia foi iniciado o CESAROPAPISMO, onde o líder maior da religião cristã seria o próprio imperador, este seria considerado sucessor de Pedro, segundo a religião Católica Apostólica Romana, o primeiro Papa.

320 d.C – Velas.

365 d.C – Adoração aos anjos, oração aos mortos e confecção de imagens.

392 d.C – Foi colocada em vigor a Lei que proibia os cultos pagãos, fossem eles públicos ou reservados. (Os cristãos que antes eram perseguidos, agora são os perseguidores).

593 d.C—Gregório I incluía o Purgatório na teologia cristã.

600 d.C – O latim se torna a língua oficial da religião para as celebrações.

600 d.C – Orações a Maria.

786 d. C – Culto à cruz, imagens e relíquias sagradas.

850 d.C – Água benta. Tudo era santificado onde aspergisse a água.

995 d.C – Canonização dos santos.

1184 d.C – Conselho de Verona – INQUISIÇÃO.

1215 d.C – Transubstanciação. Ensinava que a hóstia e o vinho se transformavam literalmente no corpo e no sangue de Jesus.

1215 d.C – Concílio de Latrão. CONFIÇÃO DE PECADOS. Ao menos uma vez ao ano o católico era obrigado a se confessar com o sacerdote para ter seus pecados perdoados.

1439 d.C – O purgatório é colocado como uma doutrina fundamental da religião cristã. Concílio de Florença.

1508 d.C – Os documentos assinados pelos Papas tinham peso e poder da religião. Ou seja, o Papa tinha na assinatura de alguns documentos o poder de salvar as pessoas.

Foi a partir disso que passaram a ser vendidos documentos assinados pelo papa que serviam como que de passagem para o céu.

1509 d.C – Papa Leão X

·         Iniciou a campanha de arrecadação para a construção da BASÍLICA DE SÃO PEDRO.

·         Indulgência papal.

·         Salvação através de um documento assinado pelo Papa.

  Chegamos então no limite das heresias que adentraram a igreja que Jesus havia estabelecido para salvação dos perdidos, um tempo em que o governo era dito Teocrático, ou seja, Deus que governa, mas onde os homens se aproveitaram do poder que tinham nas mãos e que usavam o nome de Deus para alcançar seus próprios objetivos.

  Dentre tantos nomes que contribuíram para a Reforma protestante como João Calvino, Ulrich Zwingli, Jan hus, John Wyclif e outros, o nome que ganhou destaque foi o de Lutero, monge da Igreja Agostiniana que encontrou nas Escrituras a verdade que foi ensinada por Jesus e pelos apóstolos, mas que ao longo da história foi se deformando por conta das intervenções das lideranças que entenderam ter autoridade de Deus para introduzir dogmas de acordo com suas próprias visões. Apesar de a cobrança das indulgências ser o ápice para a Reforma Protestante, vimos que muitas questões precisavam ser reavaliadas e ressignificadas, entenda que, não eram as Escrituras que precisavam ser atualizadas como alguns ousam até dizer em nossos dias, mas os dogmas que foram incluídos na religião que comprometeram a essência da doutrina anteriormente implantada nos discípulos pelo próprio Jesus.

31/outubro/ 1517 é comemorado o Dia da Reforma Protestante.

  Este foi o dia que Martinho Lutero afixou nas portas da Paróquia de Wittemberg, na Alemanha as 95 teses que refutavam os dogmas que distorciam as doutrinas essenciais da fé cristã.

  A base da Reforma é:

Sola Gratia: Somente a Graça.

Sola Fide: Somente a Fé.

Solus Cristus: Somente Cristo.

Sola Scriptura: Somente as Escrituras.

Soli del Glória: Somente a Deus Glória.

 

  Iniciamos este texto falando do peso da religião judaica sobre o povo no tempo em que Jesus exercia seu ministério terreno, que a exigência dos líderes religiosos faziam em seus ensinamentos para o povo não era suficiente para salvá-los, mas Cristo ofereceu verdadeiro descanso para as almas cansadas, ou seja, nem a religião e nem muito menos nossas obras podem nos salvar, nosso dinheiro, nossa moralidade religiosa não pode nos salvar. Isso precisava e precisa ficar bem entendido, pois no tempo de Lutero, onde grande parte da população era pobre, vivendo num tipo de governo absolutista, a grande parte da população vivia sob um terror psicológico da igreja, pois se para salvar-se era necessário pagar determinado documento, como fariam já que não tinham dinheiro? Como tirar as almas dos entes queridos do purgatório, se não tinham dinheiro para pagar uma missa de sétimo dia? A sociedade pobre vivia sob o terror de estarem destinados ao inferno. Mais uma vez essas palavras de Jesus precisavam ser ditas.

  A reforma é a ressignificação do que já está dito, do que as Escrituras dizem, da obra suficiente de Cristo para salvação, sempre nesta data repetimos uma pergunta, se não seria agora que fazemos 503 anos que as 95 teses foram afixadas, se não seria necessária outra Reforma?

  Talvez em alguns casos e para algumas pessoas em específico sim, mas não podemos comparar nosso tempo com as trevas que pairavam sobre este período da igreja medieval, há muito conhecimento das Escrituras sendo passados por homens de Deus comprometidos com as “Solas” da Reforma e existem muitos buscando andar e viver na verdade. A Reforma contribuiu para que deixássemos de depender da religião para sermos salvos, para deixarmos a ideia de que podemos ser salvos a partir de nossas obras, ela nos levou a confiar inteiramente em Jesus.

    “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus;

não por obras, para que ninguém se glorie.

Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos.”

 

Efésios 2:8-10

  O que nos diferencia da igreja não reformada é a ordem das coisas, quando fazemos parte de uma religião moralista, praticamos boas obras para sermos salvos, porém a igreja que Cristo estabeleceu foi salva pela Graça, ou seja, a Salvação é um dom, um presente e essa salvação que recebemos em Cristo nos fez nova criatura para praticarmos boas obras, ou seja, a graça que nos salvou também nos capacita a viver essa nova cultura, a cultura do Reino de Deus.

  Celebramos ao Senhor por todos os homens de Deus que pagaram um alto preço para que hoje pudéssemos fazer parte dessa igreja, ainda que com algumas falhas, mas bem mais parecida com a igreja apostólica. Homens que se empenharam em traduzir e possibilitar nosso acesso ao conhecimento bíblico, assim como aqueles que foram assassinados brutalmente por se entregarem a causa de compartilhar as palavras de Jesus que chamava para si os pecadores, desejoso de trazer paz para suas almas cansadas.

  503 anos da Reforma Protestante.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

O bom Caminho.

 


  Uma vez ministrei uma mensagem em minha igreja e falei sobre a obra missionária através de um texto clássico que é utilizado para falar sobre missões que está em Rm 10. 14-17. Falamos nessa ocasião da pregação, que ela se faz necessária para que o mundo possa crer no Filho de Deus e por isso Jesus nos ordenou de ir pelo mundo e anunciar as Boas novas, mas eu falei especificamente que a fé ela só poderá ser capaz de salvar o pecador se este não ouvir apenas o pregador, mas que se faz necessário ouvir Deus pela Palavra, é o que o texto nos diz.

  Pensando nisso juntamente ao texto que vamos estudar, vejo que nem sempre a falta da fé que nos leva ao Caminho é pelo fato de não ouvirmos, mas como no caso de Judá é por conta da nossa dureza e rejeição pela palavra, por escolhermos não andar e não ouvir a palavra de Deus, por nos sentirmos incomodados quando nossos pecados são confrontados.

  Jr 6.10-16

10 A quem falarei e testemunharei, para que ouça? Eis que os seus ouvidos estão incircuncisos, e não podem ouvir; eis que a palavra do SENHOR é para eles coisa vergonhosa, e não gostam dela. 

11 Por isso estou cheio do furor do SENHOR; estou cansado de o conter; derramá-lo-ei sobre os meninos pelas ruas e na reunião de todos os jovens; porque até o marido com a mulher serão presos, e o velho com o que está cheio de dias. 

12 E as suas casas passarão a outros, como também as suas herdades e as suas mulheres juntamente; porque estenderei a minha mão contra os habitantes desta terra, diz o SENHOR. 

13 Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; e desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade. 

14 E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz. 

15 Porventura envergonham-se de cometer abominação? Pelo contrário, de maneira nenhuma se envergonham, nem tampouco sabem que coisa é envergonhar-se; portanto cairão entre os que caem; no tempo em que eu os visitar, tropeçarão, diz o SENHOR. 

16 Assim diz o SENHOR: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele. 

17 Também pus atalaias sobre vós, dizendo: Estai atentos ao som da trombeta; mas dizem: Não escutaremos.

  A quem falarei e testemunharei?

  Quem me escutará?

 

  Os ouvidos deles são incircuncisos (NVI- obstinados). Insensíveis, cobertos por carne.

  Não podem ouvir.

 

  A Palavra do Senhor é coisa vergonhosa (NVI- desprezível).

  Não gostam dela (NVI- Não encontram prazer).

 

  Todas as classes e faixas etárias. 

  v. 11 – Temos o anúncio do juízo de Deus que viria e todas as classes sociais e faixas etárias sofreriam.

  Crianças, jovens, maridos (homens) e mulheres, velhos e até os de idade bem avançadas.

  Deus através destas palavras revela que a corrupção havia atingido todos os níveis da sociedade e que agora só restava o juízo.

 

  v.13 – Desde o menor até o maior, TODOS são GANANCIOSOS.

  Profetas e Sacerdotes igualmente praticam o ENGANO.

 

  ELES TRATAM DA FERIDA DO MEU POVO.

 

  Há uma ferida no meio do povo. Qual? O   PECADO – GANÂNCIA.

                            IGUALMENTE

  SACERDOTES e PROFETAS. Qual? A prática do engano.

 

  Em Jr 5.31 diz:

  “Os profetas profetizam mentiras, os sacerdotes governam por sua própria autoridade, e o meu povo gosta dessas coisas. Mas o que vocês farão quando essas coisas chegarem ao fim?”

  A situação de Judá era lamentável, na verdade de todo o Israel de Deus, porém estas palavras são direcionadas especificamente a Judá. Havia uma ferida e os profetas e sacerdotes deveriam medicar com remédio eficaz essa ferida, mas diziam:

  v. 14 – “Paz, paz, quando não há paz.” – Isso é remédio que não cura a ferida.

  Ao ver a forma como os sacerdotes e profetas lidaram com o pecado, recordei de um trecho de um livro que li que falava da forma como um médico comprometido com sua profissão age diante de alguém que é descoberto uma doença terminal, este médico não manda a pessoa pra casa e diz para que ela se divirta o quanto quiser que tudo vai ficar bem, o fato dessa pessoa ignorar a doença não irá curá-la, este médico vai passar orientações de como essa pessoa ainda pode ou deve lutar para vencer a doença. Bem diferente desses religiosos, apesar de não haver uma guerra em andamento no momento em que trazem esse diagnóstico para o povo, o povo não estava em paz com Deus, pois o pecado nos torna inimigos de Deus.

  Jeremias então questiona:

  v. 15 – “Eles não sentem vergonha de sua conduta detestável? Eles não sentem, nem sabem o que é isso!” – Mente cauterizada pelo pecado.

  Aqui nós encontramos uma grande semelhança com alguns casos que nos deixam perplexos em nossos dias, principalmente pelo uso das redes sociais que tornam mais expositivos os pecados de quem outrora andou no Caminho.

  Eu sempre digo que não devemos nos surpreender com os escândalos, pois eles são repetições do que vemos na bíblia o tempo todo, como diz em Ec 1.9: “O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada de novo debaixo do sol”. E que todos nós estamos sujeitos a cometer erros, mas há algo que fará toda a diferença, a forma como vamos lidar com o pecado em geral e talvez com as nossas próprias quedas.

  O REMÉDIO

  v.16 – “Ponde-vos no Caminho” – Volte para o Caminho.

  “Vede” – Olhem, Abram os olhos.

  “Perguntem pelo bom caminho” – Tenham interesse, corram atrás, busquem o Caminho.

  “Andai nele” – Fique firme no Caminho.

  “Fazendo isso achareis descanso para as vossas almas.”

  “Mas eles dizem: Não andaremos nele (no Caminho)” – Eles recusam-se a andar no Caminho certo.

  v. 17 – “Eu pus atalaias/sentinelas dizendo: Estai atentos ao som da trombeta; mas dizem: Não escutaremos” – Eles se recusam a ouvir a voz de Deus.

  Mesmo quando recebem instruções para encontrarem cura, eles ignoram, eles escolhem viver fora do querer de Deus, lamentavelmente muitos são aqueles que estão decidindo mais uma vez viver como Judá, tomando para si um duro juízo de um Deus que deu todas as condições de caminharem em vitória.

  É também muito importante ressaltarmos que Deus havia alertado ao seu povo que da mesma forma que as nações cananeias receberam juízo, Ele não pouparia o seu povo se este escolhesse seguir os mesmos passos dos cananeus. Isso aconteceu aqui, no período em que Deus permitiu seu povo ser levado para o cativeiro da Babilônia, mas o apóstolo Paulo nos deixa avisados quanto ao lugar privilegiado que nós, anteriormente gentios, hoje filhos de Deus encontramos, pois pela incredulidade de Israel fomos enxertados na figueira, mas isso não é motivo de orgulho, mas devemos temor, pois se nem a Israel poupou quando rejeitaram o Filho de Deus, não será diferente conosco (Rm 11.17-21).

  Aqui nós temos uma compreensão de que a graça não nos dá abertura e condições de pecar sem duras consequências, que precisamos nos manter firmes no Caminho. Podemos ficar tranquilos, pois temos apoio.

  Is 30.20-22

  Quer você vá para a direita ou para a esquerda, uma voz (Espírito Santo) atrás de você dirá: “Este é o Caminho, siga-o”.

  Quando ouvirmos essa voz, lançaremos fora os ídolos (aquilo que nos faz trair o Senhor) e diremos FORA ao pecado.

  “O bom Caminho é o antigo, não porque ele é antigo, mas porque ele é o certo.”

#PenseNisso

#DeusTeAbençoe

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Fazer nada é fazer maldade



  Nestes dias Deus falou muito ao meu coração quando estive meditando nas parábolas que se encontram em Mt 24 e 25, por isso eu até escrevi no meu blog uma série de mensagens sobre estas parábolas, da qual as nomeei como “Parábolas de Prontidão”, prontidão para a volta de Jesus.
  Não incluí a parte  que Jesus fala da figueira, que também tem um significado importante neste contexto escatológico, mas falando das quatro posteriores me dirigi com uma aplicação direta a nós como igreja no que tange a nossa responsabilidade como ministros da casa de Deus  (parábola dos servos), nossa vida espiritual  (parábola das virgens), nosso serviço ao reino  (parábola dos talentos) e consequentemente, em como isso resultará em atitudes que acrescentarão bondade a esse mundo mau (parábola dos bodes e ovelhas).
  Hoje vamos falar sobre a parábola dos talentos considerando o contexto das demais parábolas que estão conjuntas para o mesmo entendimento de que devemos estar buscando em todo momento estarmos em prontidão para a volta de Jesus.
Sobrecarga ou ociosidade.
  Nesta parábola dos talentos vemos a confiança que este senhor tem em seus servos em deixar tão alta quantia sob suas responsabilidades, vemos que este senhor é sábio, pois mostrando conhecer perfeitamente não delibera de forma desordenada os talentos, pelo contrário, têm o cuidado de não dar mais do que os servos podem dar conta para não sobrecarrega-los e nem deixa uma quantia inferior a capacidade deles para que não sejam ociosos.
  Um talento valia naquela época um pouco mais de 16 nos de trabalho de um servo comum, ou seja, o valor que foi confiado a todos era alto e precioso ao senhor.
  Os que receberam 5 e 2 saíram imediatamente para trabalhar com o que haviam recebido, porém o que recebera 1 saiu e enterrou. O final dessa parábola nós já sabemos, os dois primeiros foram bem sucedidos, pois dobraram o valor do que lhes havia sido confiado e por isso foram levados para um lugar glorioso e classificados como bons e fiéis, ao ponto que o que recebera 1 talento e que escondera com cuidado, preciso ressaltar isso, pois a forma como este servo guardou o talento é reconhecida como uma das formas mais seguras no passado de se guardar riquezas, ou seja, ele realmente não estava disposto a perder nada e não perdeu, e é nisso que consiste essa mensagem, pois se ele não perdeu nada, por que teria então recebido tão duro juízo?
  O tema desta mensagem é a resposta para essa pergunta, pois fazer nada é fazer alguma coisa e nesta parábola “Fazer nada é fazer maldade”, pois foi assim que o senhor daquele servo o classificou, servo mau e negligente e acrescentou a inutilidade como outra característica presente na vida daquele servo.
  A bíblia nos dá muitos outros textos para que este assunto seja um tema que nos leve a um estado de vigilância mais alto.
Exemplos:
A figueira sem frutos e o comércio no templo (Mt 21-12-22)
A Parábola do Bom Samaritano (Lc 10. 25-37)
              Parábola dos Bodes e das ovelhas (Mt 25.31-46)
A parábola da figueira na vinha (Lc 13.9)
A canção da vinha (Is 5)
  Quando Jesus chega diante de uma figueira e vendo que havia folhas, procurou frutos, mas não encontrando, amaldiçoou a figueira, talvez essa atitude seja questionável, pois vamos nós também amaldiçoar toda árvore que não encontrarmos frutos? De maneira nenhuma, a figueira é uma árvore curiosa, visto que seus frutos nascem antes das folhas, ou seja, Jesus vendo folhas esperou que encontraria frutos.
  Aquela figueira representava o estado do templo e da religião judaica quando Jesus esteve nesta terra, especificamente naquele momento em que entrou no templo em uma época de festa solene, onde pessoas de lugares distantes vinham para ter um encontro com Deus e viver uma experiência sobrenatural, o templo continuava vistoso com cara de “Casa de Deus”, mas ao chegar ali, as pessoas saíam mais vazias do que estavam quando entraram. O figo, que é o fruto da figueira era uma fruta que não somente servia como alimento, mas muito utilizada para fins medicinais, ou seja, alimentar e curar, isso não era algo que se encontrava no templo, então esse estado de inutilidade da religião foi claramente condenado por Jesus.
  Outro texto que expressa omissão é o da parábola do Bom Samaritano, nela vemos dois religiosos com funções importantíssimas, mas que, na hora de colocar em prática o que ensinavam, foram omissos em não ajudar o homem que estava caído necessitando de ajuda, vemos que na parábola das ovelhas isso está bem expresso pelo Senhor, não sendo os bodes aqueles que cometem pecados aos nossos olhos terríveis, mas aqueles que simplesmente não ajudam o necessitado.
  Outra parábola que Jesus disse que expõe o pecado da omissão é a da figueira na vinha (Lc 13.1-9), esta parábola é muito parecida com a palavra de Isaías 5 quando falava da vinha que o Senhor havia plantado, pois o Senhor havia dado todo o cuidado para que tanto a figueira, quando a vinha desse frutos de valor, mas ambas “decepcionaram” não produzindo o esperado.
  Tiago diz em sua carta que aqueles que sabem fazer o bem e não o fazem, cometem pecado (Tg 4.17), e precisamos entender a ordem da prática do bem em nossas vidas, pois muitos acabam invertendo a ordem das boas obras no que diz respeito a nossa salvação, se a prática das boas obras estiverem em uma ordem errada na nossa mentalidade cristã seremos então meros religiosos.
  Ef 2.10: “Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que as praticássemos”
  O que este versículo nos ensina é que, nós não fazemos boas obras para sermos salvos, isso é a prática das religiões que se baseiam em méritos, eu faço para receber, mas o cristianismo é diferente, somos criação de Deus através da obra redentora de Jesus para fazermos boas obras, ou seja, porque fomos salvos, somos também levados por esta salvação à prática das boas obras.
  Jesus disse que sem Ele nada podemos fazer, mas que, todo aquele que está n’Ele dá muito fruto, ou seja, o normal é que venhamos a dar frutos, muitos frutos e não dar fruto é uma grande indicação de que possivelmente não estejamos n’Ele, isso é muito duro de se dizer e mais ainda de reconhecer quando estamos enquadrados. Jesus disse que ao mesmo tempo que a iniquidade aumenta o amor de muitos esfria, ou seja, os dias são maus e cada vez pior, nós como igreja somos o corpo de Cristo, o meio pelo qual Deus vai manifestar sua bondade aos homens, e nesta balança entre maldade no mundo e bondade por parte da igreja em qual lado estamos pesando?
  Isso serve para várias áreas da nossa vida, por exemplo, o casamento. Existem aqueles que se gabam em dizer de si mesmos que são perfeitos, pois não estão pelo mundo traindo, estão fazendo perfeitamente todas as suas obrigações de casados, mas convenhamos que não é isso que levará o casamento a estabilidade, pois muitos apesar de não trair também não praticam o amor dentro de casa, note que na parábola dos talentos o homem guardou com cuidado para não perder nenhuma parte do talento, mas foi considerado mau não por ter perdido algo, mas porque não fez mais, Jesus disse que veio para nos dar vida, não seria suficiente Ele dizer isso? Sim, se o que Ele tivesse para realizar na nossa vida fosse só o ordinário, mas Ele acrescentou, “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância, ou seja, uma vida extraordinária (Jo 10.10”  
  Então não fazer nada é ser mau, é ser negligente, é também assumir um perfil de inutilidade quando Deus nos confiou coisas grandes nos revelando que somos capazes sim de fazer o extraordinário, não porque somos bons, mas porque estamos ligados e conectados na fonte de toda a bondade que é Ele.

Deus minha única opção.

    Geralmente agradecemos a Deus pelos livramentos que Ele nos dá, dizemos que somos gratos pelos livramentos que vimos e por aqueles que n...