Estes dias
tenho pensado muito sobre o tema “Minha vida antes e depois de Cristo” e muitas
coisas me vieram ao coração, inclusive essa questão do autoengano, o que pra
mim é perigosíssimo podendo levar uma pessoa ao inferno crente que está indo
para o céu.
Talvez um
dos grandes males causadores desse autoengano seria o relativismo que tomou
conta da consciência da nossa geração, onde não são considerados alguns pecados
como pecado que nos excluem da graça de Deus e talvez isso seja resultado da
carência bíblica e consequentemente de transformação da mente do indivíduo que
pensa ter vivido este momento decisivo em sua vida, esse antes e depois de
Cristo, mas que na verdade nunca deixou de viver escravo do pecado.
Uma vez
estudando sobre o Fruto do Espírito, mas falando especificamente da paz, entendi que essa paz se trata de uma vida consciente de que não somos mais
inimigos de Deus, mas filhos, que antes éramos filhos da ira e que o juízo
eminente não nos permitiria ter paz independente da vida que tivéssemos, a paz
não é fruto de uma vida sem problemas financeiros ou de saúde, mas se trata de
uma mente transformada e uma consciência de que há uma eternidade na presença
de Deus para nós. Porém há outras características que entendemos ser Fruto de
uma vida que agora (após esse encontro com Deus) tem o Espírito Santo, nós
vamos viver livres do domínio da carne que outrora nos levava a fazer todo tipo
de maldade, a santidade é obra do Espírito Santo na vida de quem teve esse
encontro que dividiu sua vida em dois momentos, aC e dC.
Ao ler o
Livro de Genesis vejo a história de Caim, matou seu irmão Abel, recebeu de Deus
um sinal da graça, mas rejeitou esse favor ao fugir da presença de Deus. Caim
levou seus descendentes por um caminho de rebeldia contra Deus, pois seus
filhos cresceram sem um referencial que os ensinasse os princípios e valores
estabelecidos por Deus, percebemos claramente como os padrões estabelecidos por
Deus foram se modificando nas gerações que se seguiram na família de Caim.
Já parou pra
pensar no favor imerecido que Deus concedeu a Caim?
Ele havia
matado seu irmão, certamente o que ele merecia era a morte, seria uma balança
justa e ele entendia isso, disse que “qualquer um que o encontrasse o mataria”,
mas Deus disse que não seria assim, pois Ele mesmo colocaria uma marca de
identificação em Caim e qualquer um que matasse Caim seria vingado por Deus
sete vezes (Gn 4.15), Deus estava dando pra Caim uma segunda chance, mas Caim
fugiu da presença de Deus carregando consigo aquela marca. Tenho certeza que
foi preciso sempre explicar sobre aquela marca aos seus descendentes e quem
sabe ela tenha sido mal entendida, quem sabe seus descendentes interpretaram
erradamente o significado da marca que um dia Deus colocara em Caim, vamos
entender o motivo.
As palavras
de Lameque me causam espanto, pois elas representam com força a expressão de
alguém que entendeu errado a graça uma vez oferecida a Caim, uma graça que não
foi aproveitada e nem desfrutada.
Lameque
representa um perfil com comportamentos egocêntricos em dois sentidos, tomou
para si duas mulheres quando o padrão que Deus havia estabelecido para o
casamento não era dessa forma, “serão os dois
uma só carne”, não três, não somente
isso, também matou um homem e um menino por o terem ferido, a forma como o texto
está descrito para nós mostra como estava a consciência de Lameque, ele estava
certo de que a mesma proteção um dia oferecida a Caim seria agora oferecida a
ele.
Não podemos
deixar de considerar que Lameque podia estar se referindo a vingança que seus
filhos poderiam trazer se algo lhe acontecesse, mas ao fazer referência a Caim
entendemos que está fazendo referência ao que Deus falou sobre aqueles que por
acaso viessem buscar vingança matando Caim após ter assassinado seu irmão,
Lameque estava convicto de que seria vingado também por assassinar aquelas duas
pessoas.
Vejo tantas
pessoas e às vezes nós mesmos convictos de que podemos fazer de nossas vidas o
que bem entendemos e que mesmo assim Deus sempre vai relevar nossos atos, o que
coloca Deus em uma situação muito difícil, considerando que o assassino usou
uma balança extremamente injusta, foi ferido e matou duas pessoas e ainda
acredita que está coberto por uma proteção até maior que a de Caim. Isso se
chama autoengano.
No autoengano usamos uma balança injusta.
Esse é um
dos problemas recorrente do autoengano, nós não pesamos nossos atos na balança
de Deus, mas na nossa. Deus diz em sua Palavra que todos os nossos atos de justiça
são como trapos de imundícia (Is 64.6). Naturalmente nossa consciência é
tranquila quanto a determinados pecados, somente uma transformação em nossa
mente nos fará enxergar com olhos espirituais e considerar o pecado como sendo
pecado.
Relativismo.
Nossa geração pós-
moderna caiu em um laço terrível que chamamos de Relativismo, onde a Filosofia
dominou as mentes no sentido de que tudo deve ser questionado, não vamos
desprezar o fato de que somo seres racionais e que talvez na própria bíblia
encontramos trechos de difícil interpretação e que questioná-los pode nos levar
ao entendimento deles em nossas pesquisas e claro com a iluminação do alto, mas
existem verdades claras nas Escrituras que são fundamentais para nos mantermos
em um relacionamento com Deus e sermos também identificados como filhos de
Deus.
Só que chegamos a um tempo em que as verdades
contidas na Bíblia são questionadas até por quem diz acreditar que ela é a
Palavra de Deus, que existem coisas que podem ser vistas e aceitas com um
“outro ponto de vista”, e que mesmo que seja pecado, precisamos entender que a
graça que foi oferecida a Caim é também oferecida a mim, mesmo que eu esteja
fazendo coisas bem piores.
Acreditar que sou coberto pela graça sem me
arrepender.
Lameque não demonstrou
em suas palavras o mínimo de arrependimento, uma das condições para darmos
testemunho de termos sido salvos pela graça é reconhecer que Jesus nos
constrangeu com tamanho amor ao nos oferecer uma marca que nos protegeria de
pagar pelos nossos pecados do passado e que isso nos levou ao arrependimento,
Lameque parece dizer que Deus era obrigado a vingá-lo caso algo lhe
acontecesse. Talvez aqui encontramos um problema recorrente em nossa geração
onde confunde-se liberdade com
libertinagem, Paulo na Carta aos Romanos fala da natureza caída dos homens
e que mesmo sendo o mais zeloso na religião, havia uma guerra em seu interior e
que sempre perdia as batalhas para a carne que o dominava (Rm7.24), se não
entendermos isso que ocorre em nossa vida corremos o risco de cair no que
chamamos “antinomismo”, o antinomismo transforma a graça de Deus em
libertinagem, isso já acontecia na igreja do primeiro século, nós encontramos
os relatos dos prejuízos que causavam os falsos mestres que pregavam essa “des-graça”
no livro de Judas.
Jd.4b
– Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam
Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor.
O perigo de
interpretarmos a graça equivocadamente nos coloca nesta posição de ímpios que
negam a Jesus, Paulo mais uma vez nos diz que onde abundou o pecado,
superabundou a graça, mas que não devemos continuar pecando para que a graça
seja abundante, mas entender que a graça nos tornou filhos de Deus, mas não só
isso, ela nos santificou e nos deu uma nova vida. (Confira a leitura em Rm 5.20/
6.1-4).
O autoengano e a des- graça de achar que
sou mais importante do que os outros.
Ainda que tenha matado duas pessoas, Lameque
se sente digno de proteção e vingança caso alguém revide o que foi feito, em
nenhum momento ele considera aquele homem e o menino, só consegue olhar para o
seu próprio umbigo, o comportamento de Lameque é uma expressão clara da queda
do homem no Jardim, não conseguia enxergar seu próprio erro, apontou a mulher
como responsável, se coloca como a vítima da história.
Não importa o quanto alguém nos feriu um dia,
mesmo no AT a forma de resolver a questão seria olho por olho e dente por
dente, quem feriu seria ferido, mas Lameque matou aquelas pessoas, fez justiça
com suas próprias mãos. Jesus nos ensinou a lidar com situações parecidas, se
alguém lhe ferir, dá-lhe a outra face, não revide, não busque vingança, não
seja um homicida (Mt 5.38). Mas ainda que não tiremos literalmente a vida de
quem nos feriu de alguma maneira, ainda corremos um risco grande de sermos vingativos
e homicidas no coração, isso tudo por causa da amargura, quando somos feridos
por alguém tendemos a guardar nos nossos corações a amargura, que nos leva ao
desejo de vingança, mesmo que não a façamos com nossas próprias mãos, o simples
fato de desejarmos que tudo dê errado na vida do outro nos torna vingativos,
Jesus também disse que o simples fato de nos irarmos com nosso irmãos nos torna
homicidas (Mt 5.21).
Esse é o
evangelho da graça de Deus, o que passar disso deve ser considerado maldito (Gl
1.9), infelizmente muitos não compreenderam a mensagem do evangelho, pensam ter
tido um encontro com Jesus, mas não se deram conta de que esse encontro é
marcado pela transformação que acontece, sua mente transformada o levará a uma transformação
em todas as áreas de sua vida, onde o pecado é pecado não porque eu julgo ser,
mas porque agora existe uma voz que fala e um poder que me governa a viver em
santidade.
Is
30.21 – “Quer você se volte para a direita, quer para a esquerda, uma voz atrás
de você lhe dirá: ESTE É O CAMINHO, SIGA-O”.
Deus
te abençoe
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