quarta-feira, 24 de abril de 2019

Tudo ou nada.

                   

 1 Reis 19: 1. Ora, Acabe contou a Jezabel tudo o que Elias tinha feito e como havia matado todos aqueles profetas à espada.
 2. Por isso Jezabel mandou um mensageiro a Elias para dizer-lhe: "Que os deuses me castiguem com todo o rigor, caso amanhã nesta hora eu não faça com a sua vida o que você fez com a deles".
 3. Elias teve medo e fugiu para salvar a [sua] vida. Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo
 4. e entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta [zimbro], sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte. "Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados. "
 5. Depois se deitou debaixo da árvore e dormiu. De repente um anjo tocou nele e disse: "Levante-se e coma".
 6. Elias olhou ao redor e ali, junto à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e deitou-se de novo.
 7. O anjo do Senhor voltou, tocou nele e disse: "Levante-se e coma, pois a sua viagem será muito longa".
 8. Então ele se levantou, comeu e bebeu. Fortalecido com aquela comida, viajou quarenta dias e quarenta noites, até que chegou a Horebe, o monte de Deus.
 9. Ali entrou numa caverna e passou a noite. E a palavra do Senhor veio a ele: "O que você está fazendo aqui, Elias? "

 Desde que eu me converti ouvi muitas pregações sobre este texto, a história do profeta Elias de fato é uma das mais empolgantes da bíblia, sua apresentação nas Escrituras é impactante, sua coragem e autoridade para profetizar em um contexto difícil para aqueles que permaneciam fiel ao Senhor. Elias compõe um número muito grande de profetas que exerciam o ministério profético naquela época, mas aparece no contexto histórico com um destaque, seu nome é reconhecido por todos, e por isso sua cabeça é uma das mais procuradas. Muitos profetas já haviam morrido, mas fica claro que Elias não tinha medo dos assassinos de profetas, Elias tinha algo que o fazia ser tão corajoso e vamos ver ao longo deste texto o que o fazia ser tão destemido e depois o que mudou para que agisse completamente diferente.
 Ao ler o texto que fala sobre a ameaça de Jezabel e da fuga de Elias para o deserto, todos nós nos surpreendemos, é incoerente um profeta que em um momento demonstra ter uma coragem tamanha e agora fugir simplesmente por conta de uma ameaça de uma mulher. Se observarmos, quando Elias vai de encontro ao rei Acabe e encontra o seu servo Obadias, muitos profetas já haviam sido mortos pela perseguição imposta pelo rei com a influência de sua esposa Jezabel, mas Elias ouvindo isso, não teve nenhum problema, não teve medo, não recuou, não se sentiu abalado por aquelas informações, pelo contrário, enquanto Obadias dizia que poderia morrer, caso desse a notícia de que Elias estava na terra e depois não o encontrasse, pois sabia que dos profetas, Elias era o principal procurado.

1 Reis 18: 7. Quando Obadias estava a caminho, Elias o encontrou. Obadias o reconheceu, inclinou-se até o chão e perguntou: "És tu mesmo, meu senhor Elias? "
  8. "Sou", respondeu Elias. "Vá dizer ao seu senhor: Elias está aqui. "
  9. "O que eu fiz de errado", perguntou Obadias, "para que entregues o teu servo a Acabe para ser morto?
 10. Juro pelo nome do Senhor, o teu Deus, que não há uma só nação ou reino aonde o rei, meu senhor, não enviou alguém para procurar por ti. E, sempre que uma nação ou reino afirmava que tu não estavas lá, ele os fazia jurar que não conseguiram encontrar-te.
 11. Mas agora me dizes para ir até o meu senhor e dizer-lhe: ‘Elias está aqui’.
 12. Não sei para onde o Espírito do Senhor poderá levar-te quando eu te deixar. Se eu for dizer a Acabe e ele não te encontrar, ele me matará. E eu, que sou teu servo, tenho adorado o Senhor desde a minha juventude.
 13. Por acaso não ouviste, meu senhor, o que eu fiz enquanto Jezabel estava matando os profetas do Senhor? Escondi cem dos profetas do Senhor em duas cavernas, cinqüenta em cada uma, e os abasteci de comida e água.
 14. E agora me dizes para ir ao meu senhor e dizer-lhe: ‘Elias está aqui’. Ele vai me matar! "
 15. E disse Elias: "Juro pelo nome do Senhor dos Exércitos, a quem eu sirvo, que hoje eu me apresentarei a Acabe".

Aqui vemos um homem destemido, nada pode pará-lo e tirá-lo do propósito da sua missão de profeta, após este diálogo, o que vemos a seguir é o desafio que Elias faz aos profetas de Baal, no total, somando com os profetas de Azera foram 850 profetas. Elias não demonstrou medo em nenhum momento, pelo contrário, vemos que até zombou dos profetas quando clamavam e nada acontecia.
1 Reis 18: 27. Ao meio-dia Elias começou a zombar deles. "Gritem mais alto! ", dizia, "já que ele é um deus. Quem sabe está meditando, ou ocupado, ou viajando. Talvez esteja dormindo e precise ser despertado. "
 Elias demonstrava ter um controle sobre toda a situação, como se soubesse exatamente como tudo iria terminar, de onde vinha toda esta coragem?
 A resposta é fácil e clara, ela está na própria oração de Elias:

 1 Reis 18: 36. À hora do sacrifício, o profeta Elias colocou-se à frente e orou: "Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, que hoje fique conhecido que tu és Deus em Israel e que sou o teu servo e que fiz todas estas coisas por ordem tua.
 Sabemos que existem muitos detalhes que fazem da oração de Elias, uma oração eficaz, o reparo do altar, as doze pedras, o novilho cortado em pedaços, a água que foi derramada a ponto de encher uma vala feita ao redor do altar, são muitos detalhes, mas quero me ater apenas a estes dois expressos neste versículo, primeiro Elias esperou a hora do sacrifício, por isso ele não teve pressa, Elias sabia que sua oração seria atendida, mas havia um momento certo pra isso.
 Esta é já uma grande lição para nós, pois vemos os profetas de Baal clamando toda a manhã pelo seu Deus, e clamavam e dançavam e se auto-mutilavam (1Rs 18. 26-28), mas isso não foi suficiente, e nós precisamos aprender com tudo isso, o que faz uma oração ser eficaz não é o nosso muito falar, gritar ou sacrificar-nos a ponto de sangrar, não é isso que fará a nossa oração ser poderosa, mas a obediência e saber esperar o tempo de Deus, a bíblia nos expressa muito claramente isso:

1Sm 15.22a - Melhor é obedecer do que sacrificar...

 Eu entendo que a coragem de Elias não era natural, sua ousadia não estava baseada em sua força ou capacidade humana e sim em fazer aquilo que Deus ordenou, foi isso que Elias disse em sua oração, que havia feito tudo conforme Deus ordenara, quando estamos nos movendo pela palavra de Deus, temos coragem de fazer coisas que naturalmente não faríamos, por exemplo Pedro, mesmo sendo pescador e sabendo nadar, teve medo da tempestade quando junto dos discípulos atravessavam o mar da Galiléia, Jesus não estava no barco e quando apareceu andando sobre as água, Pedro que estava com medo da tempestade disse a Jesus para que “mandasse” ele ir ter consigo Ele sobre as águas, Pedro estava com medo da tempestade, como homem natural, esse medo era até muito grande, pois se tratava de um pescador que conhecia bem aquele mar, mas diante da Palavra de Jesus Pedro anda corajosamente sobre as águas e quando desvia o olhar de Jesus começa a afundar (Mt 14.22-30). Os atos destemidos dos grandes homens de Deus sempre aconteceram, e todos aconteceram de uma mesma forma, todos os homens foram movidos pela palavra de ordem de Deus. O que fez Pedro afundar? O que fez Elias fugir?
 Quando recebemos uma Palavra de ordem de Deus, como Pedro e Elias no primeiro momento do seu ministério, andamos por fé nesta Palavra, conseguimos fazer coisas extraordinárias, a obediência nos dá coragem e não nossa força pessoal ou capacidade pessoal, uma vida de obediência a Deus é uma vida de renúncia a nossa vontade, nosso prazer, nossos gostos, nossos “achismos”, tudo, ou seja, toda a nossa vida está posta na missão que nos foi confiada, como disse o apóstolo Paulo, “o viver é Cristo e o morrer é lucro (Fl 1.21)”, assim era a forma de vida de Elias no primeiro momento, morrer pela causa era completamente aceitável, pois toda a sua vida estava investida no propósito de Deus.
 Após vencer o desafio com os profetas de Baal e de Azera, o povo que estava vivendo entre dois pensamentos agora dizia que só o Senhor é Deus (este é o propósito da renúncia de nossas vidas, levar pessoas a reconhecer e crer no poder de Deus), então Elias ordenou que matassem os profetas de Baal, muitos profetas de Deus haviam morrido, agora centenas de profetas de Baal também morreram, só que após essa vitória Jezabel manda um recado em forma de ameaça para Elias, que no dia seguinte ele também estaria morto, e foi nessa hora que Elias foge de cena, o que nos deveria causar estranheza é o fato de Elias já ser um dos profetas mais procurados, na verdade o nome do momento era o dele, muitos já tinham morrido antes dele desafiar os profetas, e alguns poucos estavam escondidos em cavernas como disse o servo de Acabe chamado Obadias, o que levaria o grande profeta Elias a fugir?

 1 Reis 19: 3. Elias teve medo e fugiu para salvar a [sua] vida. Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo
 Esta é a resposta que se enquadra na vida de todos os que fogem do propósito, nada tem a ver com as ameaças, com os riscos, com o diabo e todos os seus demônios, nós sempre vamos sair da posição que Deus nos quer quando começarmos a pensar em primeiro lugar na nossa própria vida, se o nosso e bem-estar estiver em primeiro lugar, não conseguiremos servir legitimamente ao Senhor. Muitas pessoas que conhecemos, grandes heróis da fé e que hoje não desempenham mais o mesmo trabalho, começaram a recuar quando começaram a pensar em si, Jesus nos ensinou a servir de forma que o próximo está em primeiro lugar, na bíblia nós vamos aprender que na maior parte do serviço que prestamos a Deus estaremos servindo ao próximo e não propriamente a Ele, na parábola dos bodes e das ovelhas que Jesus contou, o que fazia de uma pessoa uma ovelha não era seus dons de pregar, cantar, pastorear, mas a sensibilidade que um cristão deveria ter pelo necessitado e sempre estar disposto a contribuir para alimentar e cuidar dos aflitos (Mt 24. 31 - 46).
 Aquele que aceita seguir a Cristo tem como fundamento desta decisão o negar a si mesmo e tomar a cruz, muitos não compreendem o que essa cruz significa, entendem que essa cruz são os problemas da vida, são as pessoas que precisam conviver, para entendermos o que a cruz de fato é no contexto cristão, precisamos olhar para Jesus, pois foi Ele que usou este exemplo para nos ensinar o que é segui-lo. Diferente do que pensamos, a Cruz não é nossos problemas ou as pessoas que temos que suportar, algumas mulheres dizem que a cruz delas são os maridos, isso não é correto, pois ao olharmos para Jesus na Cruz entendemos o porquê de não podermos interpretar dessa forma, Jesus carregou a cruz dele, caminhou pela via dolorosa, foi crucificado na cruz que carregou e através disso nós que não merecíamos fomos salvos, na cruz ninguém além do próprio Jesus estava preso, preso para servir a toda a humanidade, Ele tomou a cruz sobre si para que hoje nós estivéssemos em uma melhor situação, Ele não pensou em si, Ele negou a si para nos salvar (Is 53/Fl 2).
 A cruz é nossa e na Cruz nós devemos pregar o nosso eu, é o nosso ego que precisa estar pregado na cruz, nossas vontades, nossos prazeres, nossas razões, na cruz nós nós fazemos servos do próximo com toda a nossa vida, se preciso for morrer, entenderemos na cruz que o morrer é lucro, pois morremos pela causa. Quantas são as pessoas que deixam suas responsabilidades por não estarem satisfeitas? Por não se sentirem recompensadas, não receberem o reconhecimento que julgaram ser justo, quantas preferem aquilo que é mais cômodo e deixam o propósito, ao agirmos assim estaremos fugindo completamente do contexto da cruz, pois fomos convidados a seguir a Cristo somente nesta condição, se estivermos dispostos a carregar a nossa cruz. É sempre muito fácil dizer que alguém é a nossa cruz pesada, isso sempre fazemos porque não nos colocamos na cruz, se fizermos assim perceberemos que o nosso eu também é muito pesado.
 Elias foge para salvar a sua vida e entra em um deserto, entendemos que Elias fez tudo corajosamente por estar andando em obediência, e agora entendemos que Elias foge por colocar sua vida em primeiro lugar, pois como diz Tg 5.17a “Elias era homem como nós”, o que ficará um pouco mais difícil de entender é que ele foge para não morrer e depois quando chega diante do pé de zimbro, pede a morte.
 Na obediência Elias não tem problema em morrer pela missão, quando começa a pensar só em si, Elias foge porque sua vida está em primeiro lugar, agora longe do propósito, Elias quer morrer sem causa. Hoje temos muitas pessoas que um dia estiveram completamente desprendidas das coisas deste mundo, essas pessoas não se importavam com sua vida, estavam de fato dispostas a morrer pela causa, só que em algum momento suas ambições as tomaram do propósito e algumas dessas pessoas se decepcionaram, entraram pelo vale da depressão que é basicamente este deserto que Elias entrou com suas próprias pernas e hoje estão desejando a morte, antes estavam dispostos a morrer pela causa, hoje desejam morrer pelas decepções nos relacionamentos, seja eclesiásticos ou até mesmo namoros e casamentos, fica claro que uma pessoa que um dia serviu a causa do Reino com toda a sua vida, não conseguirá ter direcionamento se fugir do propósito.
 Este deserto é de fato uma figura de um lugar que não há norte para Elias, ou seja, qualquer sombra se torna seu lugar, está perdido e sem direção ali, o profeta que antes andava pela orientação de Deus, agora andar “desnorteado” pelo deserto, qualquer lugar que possa se encostar está bom e o desejo é somente de morrer.
 Deus que é misericordioso, que não desiste dos seus, envia um anjo para alimentar Elias, antes eram corvos que alimentavam Elias, agora são anjos, só que Elias come daquele alimento e volta a dormir. Estive no Ceará a pouco tempo e lá eles tem um costume de falar algo após o almoço, eles dizem que após o almoço ficam com “lombeira”, lombeira é aquele cansaço que praticamente obriga a pessoa a tirar uns minutos de sono, penso que o alimento que Deus nos dá não nos provoca lombeira, o alimento que Deus nos dá é vitamina para levantarmos e caminharmos. Muitas pessoas na situação de Elias recebem esse alimento espiritual, são visitados e são ministrados pela palavra, vão a um culto e Deus os alimenta com a Palavra, mas ao invés de se levantarem, entram para o mesmo quarto de dor e lágrimas e tornam a dormir.
 Mais uma vez o Senhor envia o seu anjo, alimenta Elias e dá uma palavra de ordem, “levanta, pois grande é a sua caminhada”. Ao ouvir isso, Elias levantou e caminhou com a força daquele alimento quarenta dias e quarenta noites, Elias saiu daquele deserto com uma direção determinada em seu coração, Ele foi até Horebe, o monte de Deus.
 Ao chegar em Horebe (que fica no Monte Sinai), Elias entra em uma caverna, Deus aparece para Elias e pergunta:

O que fazes aqui Elias?

 Geralmente quando ouvimos pregações sobre esta parte das Escrituras, sobre esta pergunta feita por Deus a Elias, sempre nos é apresentada a pergunta como se Deus estivesse questionando o lugar geográfico em que Elias estava, isso porque Deus estaria o esperando em outro local e não ali naquele Monte, porém eu gostaria de lhe chamar a atenção para esta pergunta, pois o que seria melhor dentro de sua visão sobre os lugares que Elias estava no momento de sua crise, seria melhor encontrarmos Elias no monte Horebe (Sinai) ou no meio de um deserto de baixo de um pé de zimbro pedindo a morte? Tenho certeza que você respondeu que seria melhor Elias no Monte de Deus, pois bem, com toda certeza sim, Deus chama Elias para fora da caverna e Elias acaba presenciando coisas extraordinárias que acontecem naquele Monte, a final de contas, ali foi marcada a história do povo, através de Moisés naquele Monte Deus entregou a Lei e não somente isso, o monte fumegava, tremores, sons de buzina, de fato o lugar que Elias escolheu para estar não era qualquer lugar, tanto que dentro de todo o contexto histórico Moisés e Elias aparecem juntos quando os discípulos sobem ao monte com Jesus e ali eles contemplam em visão Moisés e Elias e Jesus transfigurado.
 O vento quebrava as rochas, houve também um terremoto e depois passou um fogo, eu nunca ouvi dizer de vento que separa montes e quebra rochas, terremoto e fogo, Elias está em um lugar terrível e de encontro com Deus, Deus o está chamando para ficar no monte, e quando este sai para a porta da caverna, novamente Deus lhe pergunta:

O que fazes aqui Elias?

 Eu entendo com estas duas perguntas de Deus a Elias, que o problema não era Elias estar no Monte Horebe (Sinai), o problema era a motivação de Elias ao estar ali, Elias está no lugar certo com a motivação errada, ele conseguiu encontrar e ficar em uma caverna em um lugar que serve para encontrar a Deus, buscar direcionamento e fortalecimento espiritual. Nós conhecemos pessoas que se perdem nos desertos da vida, que se desviam do caminho quando começam a pensar somente em si, nos seus prazeres e objetivos pessoais, pessoas que se afastam completamente da vontade de Deus, mas por outro lado, nós conhecemos pessoas que estão no lugar de encontro com Deus (igreja), mas ainda assim conseguem se esconder em cavernas, e Deus pergunta “O que fazes aqui?”. Não porque Deus queria que estivessem em outro lugar, mas porque na presença de Deus não faz sentido vivermos nos escondendo do nosso chamado, assim como não fazia sentido Elias ficar escondido em um lugar com tantas coisas tremendas acontecendo, não faz sentido um crente se esconder do seu chamado em uma igreja que constantemente Deus se manifesta de diversas formas.
 Ali Deus fala com Elias sobre algumas coisas que ele ainda deveria fazer e isso incluía a formação do seu sucessor, Eliseu.
 Eliseu está trabalhando com alguns bois que puxavam o arado, Elias aparece meio que do nada, faz uma coisa incomum, não usa palavras com Eliseu, apenas passa sobre ele sua capa, isso é suficiente para Eliseu entender que estava sendo chamado e sem pensar duas vezes ele queima seu equipamento de arar a terra para cozinhar os bois e deu ao povo e foi com Elias (1Rs 19. 19-21).
 Aqui nós temos muito o que refletir, precisamos pôr nossa atenção na atitude de Eliseu com toda a paciência, para que não percamos nada do que está acontecendo neste ponto da história. Eliseu sabe quem é Elias, a final de contas é o grande profeta, e o mais caçado também, Elias era já um grande nome por conta do seu ministério profético, depois do desafio com os profetas de Baal mais ainda, conhecido de longe por aquela capa que carregava sobre si, ao passar a capa sobre Eliseu, este entendeu que Elias estava o chamando para o ministério, e naquele ato, o chamando para assumir aquela capa. Andar com o homem mais procurado pelo rei e sua esposa Jezabel já era uma posição de muito risco, agora imagine assumir seu lugar após sua partida?
 Eliseu estava decidindo assumir uma posição onde sabia que sofreria perseguição, uma perseguição tão intensa que o próprio Elias estava sentindo a tensão das ameaças, mas algo me chama a atenção em Eliseu, algo que faz lembrar o Elias do primeiro momento, que não temia a nada, Eliseu se mostrou desprendido de tudo e demonstrou que sua vida não estava em primeiro lugar, mas o propósito de Deus para a vida dele.
 Lucas 9: 57. Quando andavam pelo caminho, um homem lhe disse: "Eu te seguirei por onde quer que fores".
 58. Jesus respondeu: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça".
 59. A outro disse: "Siga-me". Mas o homem respondeu: "Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai".
 60. Jesus lhe disse: "Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus".
 61. Ainda outro disse: "Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e me despedir da minha família".
 62. Jesus respondeu: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus".

 O evangelho conta a história desses três homens, três exemplos de pessoas que aparentemente querem seguir a Jesus, aparentemente, pois nem todos estão dispostos a fazer o que for necessário para segui-lo. Note que somente o terceiro vai de fato, e suas palavras são muito parecidas com as de Eliseu. Ao receber aquela toque da capa de Elias, nenhuma palavra é necessária, ele está determinado a deixar tudo, de maneira que queima tudo para lá na frente não pensar que tem bois o esperado, ou a vida antiga a sua disposição quando e se desejar voltar, seguir a Cristo é assim como Eliseu fez e como o terceiro homem que o evangelho de Lucas nos conta, precisamos colocar a mão neste arado do Senhor para nunca mais olharmos para trás. Se saímos do mundo de drogas e baladas, de prostituição e mentira, de pecados de todos os gêneros, saímos para nunca mais voltarmos a pensar na possibilidade de retornar.
 Note que quando Eliseu diz que vai se despedir de seus pais, Elias diz pra ele “não se esqueça do que eu te fiz”, como se tivesse sido algo tão grandioso e poderoso, Eliseu não recebeu uma profecia, não viu vento quebrando rochas, terremoto, fogo, Eliseu apenas recebeu um toque de uma capa e não deveria esquecer disso. Me faz lembrar Mateus quando foi chamado por Jesus em uma alfândega, quando cobrava impostos, Jesus o chamou “Siga-me” e ele o seguiu (Mt 9.9).
 Nisso eu aprendo uma lição do Reino muito importante, que quando há uma pré-disposição em nosso coração de servir a Deus na causa do Reino, não precisamos de muito, se somos desprendidos das coisas materiais, qualquer sinalização da parte de Deus é suficiente para nos lançarmos na obra, abrir mão do que tenha que abrir pelo Reino. Uma coisa vale a pena ressaltar, Eliseu não é irresponsável com relação a família e nem Elias, pois um sabe que não pode sair sem dar uma satisfação aos seus familiares e o outro entende que isso é necessário. Só há um porém, não devemos esquecer o sinal que marca o nosso chamado, pois imagino o momento que Eliseu chega em casa falando para os seus pais que vai embora junto com Elias, o profeta mais perseguido do reino, tenho certeza que as palavras de preocupação foram faladas, o choro dos familiares, creio que neste momento se misturou em uma luta no interior de Eliseu, emoções e obediência ao chamado, às vezes nossas emoções tendem a nos roubar do chamado, mas as palavras de Elias estavam martelando o coração do jovem Eliseu, “Não esqueça o que eu te fiz”, isso soava como “Não esqueça que você foi marcado”, Eliseu deveria vencer suas emoções, não eram apenas os bois e o arado, eram também suas emoções.

 Quanto custa o Reino de Deus para você?
 O que você estaria disposto a fazer pelo Reino?

 Vamos usar algumas palavras de Jesus em forma de parábola para entendermos e finalizarmos este pensamento…

Mateus 13: 44. "O Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo.
 45. "O Reino dos céus também é como um negociante que procura pérolas preciosas.
 46. Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou".

 Por muito tempo em li estas parábolas e nunca consegui entender em toda a sua profundidade, quem sabe Deus ainda me faça ir mais fundo um dia do que esta revelação que vou compartilhar com você. Você venderia tudo o que tem por uma pérola? Por uma bolinha branca daquelas? Quando eu digo tudo é tudo mesmo…
 Eu perguntei isso para algumas pessoas que aconselhei após entender a parábola, ninguém venderia tudo o que tem por uma pérola e eu respondi o mesmo, “eu também não venderia”.
 Então eu expliquei o porquê nem eu e nem eles fariam isso, nenhum de nós faríamos, pois não temos interesse nenhum em pérolas e nem temos o conhecimento para reconhecer pérolas de valor, já aquele homem da parábola, era isso que ele procurava, e quando achou o que procurava, estava disposto a dar tudo o que tem, para que não apenas pudesse ter achado, mas para se apropriar do que tanto buscou.
 O homem que achou o tesouro, Jesus diz que após ter encontrado o tesouro, vendeu tudo com muita alegria para possuir o tesouro, não é só o fato de abrir mão de tudo e sim como fazemos isso, precisamos ter prazer em abrir mão de toda a nossa vida pelo Reino, nós não venderíamos tudo por uma pérola porque não é isso que buscamos com toda a nossa vida, mas se o Reino de Deus for, ele valerá tudo o que temos para possuí-lo, como diz a própria Palavra, tomaremos a força, usaremos toda a nossa força e recursos para tomarmos posse deste Reino.
 Espero que entenda a mensagem deste texto, pois as Escrituras nos deixam bem claro que com Deus é “Tudo ou nada”.
#PenseNisso
 

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Agentes de trasformação

 
Atos dos Apóstolos 16: 19. E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas, e os levaram à praça, à presença dos magistrados.
20. E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade,
21. E nos expõem costumes que não nos é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos.


 O desafio de ser cristão neste mundo é bem maior do que imaginamos, quando estamos apenas acostumados a ir para a igreja aos domingos, ou nos outros dias da semana, fazer eventos, shows, dentre outras coisas semelhantes. Existe algo bem desafiador na vida de todo cristão, a missão de pregar o evangelho e anunciar que é chegado o Reino de Deus na terra, ser cristão e não estar comprometido com a evangelização não faz sentido, somos alistados no exército de Deus  no primeiro dia que reconhecemos Cristo como Salvador. Com este texto gostaria de falar um pouco do impacto que o mundo precisa sentir quando um cristão chega em um ambiente, veremos que somos impulsionados por Deus a sermos agentes de mudança, mudança essa que as vezes precisa acontecer em todos os níveis.
 Nos tempos de Paulo os romanos dominavam politicamente diversos territórios, a invasão dos romanos nestes territórios acabou trazendo um conflito nas religiões e até mesmo na cultura dos povos, quando isso acontece com um povo muitas coisas podem mudar, a língua, a maneira de vestir, a devoção espiritual, a forma de se relacionar, quando se vai perceber, o lugar perde a identidade inicial, a história e a cultura que sempre havia sido preservada acaba se mesclando com uma nova maneira de ver e de viver a vida.
 Um exemplo clássico disso é o comportamento do povo de Israel quando a influência dos gentios foi pesada no tempo que conhecemos como "intertestamentario", em todos os âmbitos foram influenciados, muitos precisaram resgatar os valores na Lei de Deus e ensinar ao povo de Israel, nesta época iniciou a idéia brilhante dos fariseus, estes eram homens que estudaram e se tornaram separados para ensinar ao povo os princípios da Palavra e consequentemente zelar pelos costumes, história e cultura. A idéia de se criar este grupo/partido inicialmente era uma ótima idéia, nos tempos de Jesus infelizmente as coisas perderam o rumo, pois estes detinham o conhecimento, mas não tinham a essência do conhecimento de Deus.
 Temos hoje grandes exemplos de povos que historicamente preservam seus costumes, costumes que estão diretamente ligados à cultura, por exemplo, no Brasil temos os índios, dentro da cultura indígena está a forma de se vestirem que é bem incomum, quase não usavam roupas, vemos já a mudança que aconteceu nas aldeias por conta da presença de pessoas de fora, uma cultura é facilmente mudada quando alguém entra e demonstra uma outra maneira de viver mais confortável e satisfatória, por exemplo as roupas dos índios, passaram séculos usando tangas (quando usavam), mas agora usam camisa, calça e etc. Eles entendem que podem estar aquecidos do frio, entendem que devem esconder algumas partes do corpo, o que antes era algo completamente normal, hoje tem índios que não se vêem saindo de sua casa sem roupas, mesmo que em uma aldeia no meio de uma floresta onde só haja outros índios. Este é só um pequeno exemplo de mudança cultural, pois estive a algum tempo em algumas aldeias indígenas no Maranhão e ao cuidar de duas índias gêmeas, lindas por sinal, a missionária que trabalha naquelas aldeias me disse que a poucos anos eu não poderia estar junto a gêmeas indígenas, pois acreditavam que o segundo que nascia em uma única gravidez vinha com um propósito de fazer mal ao primeiro, como se fosse um espírito mau que o perseguiria em toda a sua vida. Diferente do que eles pensam, em nossa sociedade vemos hoje o quanto irmãos gêmeos são apegados um ao outro e o quanto se ajudam e se amam. O evangelho chegou em algumas aldeias e essa crença foi extirpada, pois essas crianças na maioria das vezes eram enterradas vivas, houve uma mudança na cultura quando o evangelho chegou.
 Essa é a transformação que o evangelho consequentemente vai trazer na vida de todas as pessoas, não importa onde vivam e a cultura que está estabelecida em determinada região, todo ser humano, por mais “bonzinho” que seja, não pode viver a cultura do Reino de Deus, pois essa cultura só pode ser vivida quando passamos pela experiência do novo nascimento (Jo 3), Jesus fala com Nicodemos que ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo, e depois acrescenta que ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito. Jesus ao falar disso, deixa claro que precisamos passar por essa transformação que Ele chama de “nascer de novo” e quando se refere a água e Espírito, está se referindo a declaração pública do batismo, quando simbolicamente ao mergulharmos morremos e ao nos levantarmos é como se todos estivessem testemunhando que nós reiniciamos a vida e agora precisamos viver uma vida no Espírito.
 Ao viver no Espírito vamos automaticamente viver o Reino de Deus, ou seja, não dá pra viver o Reino de Deus sem que estejamos vivendo no Espírito, e não dá pra viver no Espírito, se não nascermos de novo, parece ser redundante, mas não estou sendo, pois em Gálatas 5.16-21 vamos encontrar a descrição dessas duas realidades, vida na carne e vida no Espírito, às vezes podemos convencer todo mundo que vivemos no Espírito, mas a realidade pode ser bem diferente.
 Ao andarmos em Espírito somos movidos pelo Espírito Santo a vivermos uma vida de santidade, isso em todos os níveis, e por conta dessa nova maneira de viver, teremos também uma nova maneira de ver o mundo e nisso vamos entrar em choque com alguma parte das culturas humanas.
 Dentro da nossa cultura brasileira por exemplo temos o folclore,segundo o dicionário significa: conjunto de mitos, crenças, artes, que preservam o povo, ou a história deste povo.
 O folclore está repleto de figuras místicas, muitas coisas estão diretamente ligadas e relacionadas a devoção espiritual dos escravos e até mesmo dos índios, com uma visão aberta entende-se que não se trata apenas de histórias, quando conhecemos o evangelho, inevitavelmente vamos reprovar muitas coisas do folclore brasileiro.
 Deus quando chamou Abraão, o chamou para viver uma nova cultura, da forma que Ele mesmo iria mostrar (Gn 12), Deus estava tirando Abraão de sua cultura, vemos que Deus tem interesse em mudar a cultura humana que é consequência do pecado, não para dar ao homem uma nova cultura, nas a cultura do Reino que já existia entre o homem e Deus no Jardim do Éden. Deus chamou Abraão e disse que através dele todas as famílias na terra seriam abençoadas, ou seja, que a cultura, a maneira de viver agora dada a ele e posteriormente às gerações que viriam, essa cultura influenciaria o mundo e o maior reflexo disso nós veríamos nas famílias.
 Até os dias de Jesus somente os judeus em sua maioria acreditavam estar debaixo desta promessa e benção, salvo aqueles que eram estrangeiros e confessavam ao Deus de Israel como Senhor e seguiam seus mandamentos.
 Nos tempos do Apóstolo Paulo e especialmente neste  texto de At 16, o domínio daquelas regiões era romano, Roma tinha uma influência cultural muito grande e neste ponto haviam decretado que não aceitariam judeus em Roma, ou seja, não queriam ter a influência dos judeus, pois por mais que houvesse um domínio político e militar de Roma, os judeus com  sua fé e postura ainda conseguiam transformar muitas pessoas.

 Atos dos Apóstolos 18: 2. E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles

 Mas queria chamar a atenção para algo mais importante neste texto que escolhemos para meditar, neste momento não se trata apenas de uma presença judaica, ou da fé judaica, pois na fé judaica até mesmo o romano que estava oprimindo o povo de Israel poderia se converter ao judaísmo, mas que ao se converter teria um determinado limite para estar na presença do Deus de Israel, pois eram considerados gentios, não tinham a marca da circuncisão que era para o judeu a marca da aliança que existia entre aquela nação e Deus, essa é uma dentre  outras coisas que colocava um gentio em uma posição completamente inferior aos judeus diante de Deus. Só que agora a cultura que está sendo vivida e apregoada não é a judaica, e sim a cultura do Reino de Deus, pois o mesmo Paulo disse em Efésios:
 Efésios 2: 13. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.
 14. Porque ele é a nossa paz [Cristo], o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação [Parede que separava os judeus dos gentios no átrio do templo] que estava no meio,
 15. Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz,
 16. E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.
 17. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto;
 18. Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. 19. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus;

 Paulo diz que o limite que sempre existiu entre o homem e Deus foi quebrado na Cruz, mas não apenas isso, pois Paulo se refere ao muro que existia na parte exterior do templo, onde dividia-se os gentios dos romanos, que segundo a história, havia uma placa que dizia que aquele que ultrapassasse seria punido com a morte. Fica claro que um gentio, mesmo que convertido ao judaísmo, este tinha muitos limites estabelecidos entre eles e Deus pelo simples fato de não serem judeus, só que o cristianismo veio com uma nova realidade, onde tanto judeus como estrangeiros poderiam ser um só povo diante do Senhor. Se para os romanos a influência dos judeus com todos aqueles limites era pra eles perigosa, agora imagina a influência do cristianismo que pregava que agora teríamos acesso ao lugar santíssimo, além do véu, que através de Cristo somos agora Família de Deus.
 Quando Paulo chega e expulsa aquele demônio da menina, ele manifesta uma característica do Reino, pois expulsar demônios foi uma coisa que iniciou apenas quando Cristo iniciou seu ministério.

 Marcos 1: 22. E maravilharam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.
 23. E estava na sinagoga deles um homem com um espírito imundo, o qual exclamou,
 24. Dizendo: Ah! Que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.
 25. E repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te, e sai dele.
 26. Então o espírito imundo, convulsionando-o, e clamando com grande voz, saiu dele.
 27. E todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Que nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
 E dizia Jesus quando enviou seus discípulos:
 Mateus 10: 7. E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
 8. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
 Estas manifestações são manifestações próprias do Reino, só que para os romanos, pessoas possessas era coisa normal. Uma vida oprimida por um espírito maligno era normal, sabemos que todas as pessoas que estão endemoniadas vivem oprimidas, vivem uma vida prostituída, as vezes miserável, não diferente daquela moça que era usada pelos seus senhores para lucrarem. Era como se não tivesse problema estar possesso, se isso gerasse lucro, vemos estes valores em uma cultura materialista, onde lucrar é o importante, a forma que se vai lucrar não importa, mesmo que isso inclua o domínio dos demônios em sua vida. Não são poucas as pessoas que se relacionam com espíritos imundos para obter sucesso em sua vida profissional, e ao passo que vemos pessoas lucrando, vemos também pessoas completamente oprimidas.

 “Quando o evangelho chegou na cidade, acabou a esperança de lucro daqueles que se faziam senhores da mulher que fazia adivinhações”.

 Quando o evangelho chega, nem sempre as pessoas enriquecem, as vezes os ricos empobrecem, pois suas riquezas são provenientes de negociações ilícitas e para viver o Reino de Deus, essa vida precisa ser renunciada. Esta é a mudança que o evangelho traz, radical, em níveis culturais e ideológicos, mudança que vai influenciar toda a história e cultura de um povo, o que inaceitável é que o evangelho chegue em um lugar e este lugar permaneça o mesmo, ou seja, é impossível que uma pessoa conheça o evangelho e continue com as mesmas práticas e mentalidade de antes.
 Nem todos estão dispostos a perder coisas para obter o Reino, este é o impacto e o desconforto que o evangelho naturalmente vai causar no homem que vive a cultura humana, o evangelho nos aponta para o relacionamento que o homem tinha com Deus no início através do relacionamento de Jesus com o Pai, o evangelho não foi entregue a nós para deixarmos de observar a Lei, mas nós veio para aperfeiçoar aquilo que estava fora no sentido da perfeita vontade de Deus na vida dos “cumpridores da Lei”.
 Por exemplo, os homens questionam a Jesus sobre o divórcio, dizendo que Moisés deu carta de divórcio para eles, acharam que iriam colocar Jesus em uma “sinuca de bico”, Jesus não explicou a Lei pela própria Lei, mas apontou para o início.

Marcos 10: 4. E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar.
 5. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos deixou ele escrito esse mandamento;
 6. Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea.
 7. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher,
 8. E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.
 9. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.

   Por conta da dureza do coração do homem  muitas coisas foram mudadas, não porque Deus quis, mas porque o homem se tornou opositor aos mandamentos de Deus quando se tornou conhecedor do bem e do mal e passou a escolher o mal, as vezes o mal não era algo claramente tão grave, mas na motivação das escolhas humanas estava o egoísmo. Agora Jesus está entre os homens para trazer novamente a cultura do Reino de Deus que foi dada aos homens antes da queda.
 A cultura do Reino não enxerga o divórcio como algo natural, não enxerga um relacionamento extraconjugal como algo sendo normal, na cultura do Reino as coisas são exatamente como no início, não há justificativa para o rompimento de um casal que se tornou um dia uma só carne e o “Amor” que os homens dizem ter por algo ou alguém que está fora do padrão inicial não pode justificar os pecados.

 Lucas 16: 18. Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também.
 Jesus deixou bem claro que o padrão de um relacionamento no Reino é diferente do padrão que os homens vêem como normal, Jesus não veio estabelecer novas regras, veio estabelecer as regras existentes no Reino, regras que quando entendidas, perceberemos que já eram existentes, mas que não era vivida pelos homens, pois cada um era senhor de sua vida, mas agora somos servos do Reino e obedientes aos seus decretos. Jesus não mudou apenas os costumes dos gentios, Ele se manifestou para mudar todos os costumes, práticas e culturas que fogem da verdade, inclusive no meio do povo judeu.
 Ao praticarmos a oração do “Pai Nosso”, entendemos que aquela oração não é uma reza pra ser decorada e repetida, mas para ser entendida e vivida, buscada com a nossa vida, tem um trecho que diz “Venha o Teu Reino, seja feita a Transferência vontade”, no Reino de Deus não há mais espaço para as nossas vontades pessoais e humanas, os valores que observaremos e apreciaremos não serão mais provenientes da cultura do lugar, ou da moda atual, o que pode ser extremamente aceitável para nós pode ser completamente reprovável.
 O preço de ser diferente pode ser muito alto, com os missionários Paulo e Silas em At 16 foi a humilhação na praça, pois foram despidos, açoitados com varas, levados para uma prisão e postos no lugar dos mais perigosos, ser diferente, manifestar a cultura do Reino não nos fará aceitáveis no mundo que está submerso em corrupção, talvez isso nos levará também a andar pelo caminho da humilhação, talvez sejamos feridos e quem sabe até mortos como de fato acontece com alguns missionários no campo até hoje.
 Você está disposto a ser um agente transformador onde está? Na sua casa, escola, trabalho, vizinhança?
 Pois por meio de nós, a igreja, é que o mundo contemplará o Reino, e o Reino não pode ser visto com olhos humanos, pois está dentro de nós, é no governo de Cristo em nossa vida, este Reino pode ser manifestado hoje através de nossas atitudes, vamos juntos mudar o mundo?

At 17: 6b: Estes que têm alvoroçado o mundo, chegaram também aqui;
 
 

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Fama ou legado?

  


 Temos em todas as épocas pessoas famosas, pessoas que marcam, uns são lembrados por anos, outros décadas e outros até conseguem ser lembrados em toda a história e mundialmente. Na bíblia temos muitos nomes de pessoas que deixaram sua marca e lições preciosas, principalmente se olharmos por essa ótica, pois todos estes homens são usados como exemplo, mesmo depois de milhares de anos e por diversos países e culturas diferentes, tenho certeza de que nunca imaginaram na proporção disso quando estavam vivos, que seriam tão famosos a ponto de suas ações e palavras serem lembradas e usadas como exemplos.
 Creio eu que todos fomos enviados para cumprir um propósito, creio até mesmo que tenham pessoas em um maior destaque na nossa sociedade porque assim foi determinado por Deus, a fama é algo que podemos até escolher correr dela como Jesus fazia em alguns momentos do seu ministério, mas não adianta, quando há um propósito e ele incluí a fama, não poderemos fugir, mas devemos nos preparar com tudo o que for necessário para que, quando este tempo chegar não caiamos nos laços da fama.
 Mateus 4: 24. E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, oprimidos por várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava.
 25. E seguia-o uma grande multidão da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judeia, e de além do Jordão.

 A fama nos aumenta o número de seguidores, seguidores de todas as partes, Jesus sabia que a fama fora de hora atrapalharia todo o propósito e por isso evitava lugares e pessoas as vezes.

 Marcos 1: 44. E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; porém vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.

 Jesus não pediu para alguém registrar o que aconteceu com a finalidade de divulgar seu ministério, pelo contrário, Ele pediu para que o leproso não divulgasse o ocorrido e no decorrer da história vamos perceber as consequências de esse pedido ter sido negado e desobedecido, o homem que fora curado da lepra agora tinha um grande testemunho de cura para contar, saiu declarando o que não era pra declarar e Jesus teve que se retirar para as partes desertas, ou seja, quem quisesse encontrar Jesus teria mais dificuldade agora, por outro lado, para encontrar o homem do grande testemunho seria fácil.
 Creio que existem pessoas que Deus chamou para assumir “prateleiras mais altas” na nossa sociedade, pessoas que serão “candeeiros” que Deus deseja colocar em um lugar bem alto para trazer luz ao entendimento dos homens, porém este lugar exige de nós muita sabedoria e cuidado para discernir o tempo e preparo necessário para que não nos percamos do nosso propósito.
As críticas, os Haters e os escândalos.
 Jesus sendo perfeito em palavras e obras teve pessoas para falar mal dEle, o chamaram de príncipe dos demônios, de samaritano, teve pessoas que pegavam trechos de suas palavras para desmoralizá-lo e até incriminá-lo. A fama nos levará a essa posição delicada, onde podemos ser heróis para uns e bandidos para outros, vemos isso todos os dias em nosso país, lamentavelmente onde muitos líderes e irmãos que se destacaram estão trazendo escândalo, temos as mídias que pegam trechos de falas para incitar seus telespectadores a gostar de uns e odiar outros, por exemplo, se alguém trouxesse as imagens gravadas por um cinegrafista amador que estava no templo no dia que Jesus entrou dando chicotadas em quem comprava e vendia no templo, talvez ficaríamos escandalizados, ou imagine eles passando no rádio as falas de Jesus que iria destruir o templo e reconstruir em três dias, talvez poderíamos juntamente com eles considerar Jesus um terrorista.

 Cuidado com a fama, ela não fala bem de você, ela só te expõe, te coloca em destaque, atraí a atenção de todos para você, mas o que determina se você será bem visto, admirado, aplaudido, não é a "dona fama" e sim suas atitudes, pois a fama não fez um acordo de apenas falar bem ao nosso respeito.
 A fama não poupa detalhes, principalmente os ruins, quando ela descobre uma falha, seja a mínima, seja a mais antiga, seja a mais suja, ela não tem peso na consciência para não expo-los, em nossos dias, ela nem mesmo usa filtros, para a fama o que mais vale é continuar nos colocando em destaque. Por conta da fama seremos lembrados, por 10, 20 ou quem sabe por toda a história, depende de nós se positivamente ou negativamente.
 Tem gente lutando pra ter fama, muitos doentes de alma, depressivos, mas mantendo suas vidas na busca de likes e novos seguidores, no retorno financeiro que isso trará, suas vidas se tornaram um objeto ou produto que busca a cada aparição a aprovação do seu público.
Quando penso em todas essas coisas, vejo o quanto ter uma vida discreta e simples éuma benção, pois a quem mais é dado, muitos mais lhe será cobrado também.
 Se você tem um chamado para estar em um local mais alto na "galeria da fama", cuide-se, não apenas quando chegar lá, cuide-se sempre, cuide principalmente da sua vida particular, da sua família, do seu coração, pois esta não se satisfaz com os grandes momentos, ela nao se satisfaz em falar apenas da música do cantor, não se satisfaz em falar da palavra do pregador, da roupa que é usada, dos lugares que vai, da comida que está na mesa, ela quer falar do cônjuge, dos filhos, da forma como se relacionam, dos momentos fora do contexto de seu ofício, ela tem sede pelos mínimos detalhes de toda a nossa vida, talvez ao pensar sobre isso, muitos não fariam da fama seu objetivo, pois na verdade não é esse o objetivo do servo de Deus, quando a fama vem para um filho de Deus, ela é usada como meio de glorificar a Deus e fazer seu evangelho conhecido e não um fim em si mesma.
 Que nossa luta maior não seja por fama e sim por um legado, minha vida não se resume a um sermão ou um louvor numa noite, em um grande evento, mas em um testemunho para a vida toda.
Que não sejamos como os imperadores de Roma que faziam de tudo para terem suas estátuas erguidas e serem lembrados e adorados como deuses, mas que seja para nós suficiente a lembrança dos nossos filhos, amigos e conhecidos de que fomos cristãos tementes a Deus, que o nome de Jesus continue se tornando famoso através de nós pelas nossas palavras e acima de tudo, pelas nossas atitudes.
#PenseNisso

Deus minha única opção.

    Geralmente agradecemos a Deus pelos livramentos que Ele nos dá, dizemos que somos gratos pelos livramentos que vimos e por aqueles que n...