Atos dos Apóstolos 16: 19. E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas, e os levaram à praça, à presença dos magistrados.
20. E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade,
20. E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade,
21. E nos expõem costumes que não nos é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos.
O desafio de ser cristão neste mundo é bem maior do que imaginamos, quando estamos apenas acostumados a ir para a igreja aos domingos, ou nos outros dias da semana, fazer eventos, shows, dentre outras coisas semelhantes. Existe algo bem desafiador na vida de todo cristão, a missão de pregar o evangelho e anunciar que é chegado o Reino de Deus na terra, ser cristão e não estar comprometido com a evangelização não faz sentido, somos alistados no exército de Deus no primeiro dia que reconhecemos Cristo como Salvador. Com este texto gostaria de falar um pouco do impacto que o mundo precisa sentir quando um cristão chega em um ambiente, veremos que somos impulsionados por Deus a sermos agentes de mudança, mudança essa que as vezes precisa acontecer em todos os níveis.
Nos tempos de Paulo os romanos dominavam politicamente diversos territórios, a invasão dos romanos nestes territórios acabou trazendo um conflito nas religiões e até mesmo na cultura dos povos, quando isso acontece com um povo muitas coisas podem mudar, a língua, a maneira de vestir, a devoção espiritual, a forma de se relacionar, quando se vai perceber, o lugar perde a identidade inicial, a história e a cultura que sempre havia sido preservada acaba se mesclando com uma nova maneira de ver e de viver a vida.
Um exemplo clássico disso é o comportamento do povo de Israel quando a influência dos gentios foi pesada no tempo que conhecemos como "intertestamentario", em todos os âmbitos foram influenciados, muitos precisaram resgatar os valores na Lei de Deus e ensinar ao povo de Israel, nesta época iniciou a idéia brilhante dos fariseus, estes eram homens que estudaram e se tornaram separados para ensinar ao povo os princípios da Palavra e consequentemente zelar pelos costumes, história e cultura. A idéia de se criar este grupo/partido inicialmente era uma ótima idéia, nos tempos de Jesus infelizmente as coisas perderam o rumo, pois estes detinham o conhecimento, mas não tinham a essência do conhecimento de Deus.
Temos hoje grandes exemplos de povos que historicamente preservam seus costumes, costumes que estão diretamente ligados à cultura, por exemplo, no Brasil temos os índios, dentro da cultura indígena está a forma de se vestirem que é bem incomum, quase não usavam roupas, vemos já a mudança que aconteceu nas aldeias por conta da presença de pessoas de fora, uma cultura é facilmente mudada quando alguém entra e demonstra uma outra maneira de viver mais confortável e satisfatória, por exemplo as roupas dos índios, passaram séculos usando tangas (quando usavam), mas agora usam camisa, calça e etc. Eles entendem que podem estar aquecidos do frio, entendem que devem esconder algumas partes do corpo, o que antes era algo completamente normal, hoje tem índios que não se vêem saindo de sua casa sem roupas, mesmo que em uma aldeia no meio de uma floresta onde só haja outros índios. Este é só um pequeno exemplo de mudança cultural, pois estive a algum tempo em algumas aldeias indígenas no Maranhão e ao cuidar de duas índias gêmeas, lindas por sinal, a missionária que trabalha naquelas aldeias me disse que a poucos anos eu não poderia estar junto a gêmeas indígenas, pois acreditavam que o segundo que nascia em uma única gravidez vinha com um propósito de fazer mal ao primeiro, como se fosse um espírito mau que o perseguiria em toda a sua vida. Diferente do que eles pensam, em nossa sociedade vemos hoje o quanto irmãos gêmeos são apegados um ao outro e o quanto se ajudam e se amam. O evangelho chegou em algumas aldeias e essa crença foi extirpada, pois essas crianças na maioria das vezes eram enterradas vivas, houve uma mudança na cultura quando o evangelho chegou.
Essa é a transformação que o evangelho consequentemente vai trazer na vida de todas as pessoas, não importa onde vivam e a cultura que está estabelecida em determinada região, todo ser humano, por mais “bonzinho” que seja, não pode viver a cultura do Reino de Deus, pois essa cultura só pode ser vivida quando passamos pela experiência do novo nascimento (Jo 3), Jesus fala com Nicodemos que ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo, e depois acrescenta que ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito. Jesus ao falar disso, deixa claro que precisamos passar por essa transformação que Ele chama de “nascer de novo” e quando se refere a água e Espírito, está se referindo a declaração pública do batismo, quando simbolicamente ao mergulharmos morremos e ao nos levantarmos é como se todos estivessem testemunhando que nós reiniciamos a vida e agora precisamos viver uma vida no Espírito.
Ao viver no Espírito vamos automaticamente viver o Reino de Deus, ou seja, não dá pra viver o Reino de Deus sem que estejamos vivendo no Espírito, e não dá pra viver no Espírito, se não nascermos de novo, parece ser redundante, mas não estou sendo, pois em Gálatas 5.16-21 vamos encontrar a descrição dessas duas realidades, vida na carne e vida no Espírito, às vezes podemos convencer todo mundo que vivemos no Espírito, mas a realidade pode ser bem diferente.
Ao andarmos em Espírito somos movidos pelo Espírito Santo a vivermos uma vida de santidade, isso em todos os níveis, e por conta dessa nova maneira de viver, teremos também uma nova maneira de ver o mundo e nisso vamos entrar em choque com alguma parte das culturas humanas.
Dentro da nossa cultura brasileira por exemplo temos o folclore,segundo o dicionário significa: conjunto de mitos, crenças, artes, que preservam o povo, ou a história deste povo.
O folclore está repleto de figuras místicas, muitas coisas estão diretamente ligadas e relacionadas a devoção espiritual dos escravos e até mesmo dos índios, com uma visão aberta entende-se que não se trata apenas de histórias, quando conhecemos o evangelho, inevitavelmente vamos reprovar muitas coisas do folclore brasileiro.
Deus quando chamou Abraão, o chamou para viver uma nova cultura, da forma que Ele mesmo iria mostrar (Gn 12), Deus estava tirando Abraão de sua cultura, vemos que Deus tem interesse em mudar a cultura humana que é consequência do pecado, não para dar ao homem uma nova cultura, nas a cultura do Reino que já existia entre o homem e Deus no Jardim do Éden. Deus chamou Abraão e disse que através dele todas as famílias na terra seriam abençoadas, ou seja, que a cultura, a maneira de viver agora dada a ele e posteriormente às gerações que viriam, essa cultura influenciaria o mundo e o maior reflexo disso nós veríamos nas famílias.
Até os dias de Jesus somente os judeus em sua maioria acreditavam estar debaixo desta promessa e benção, salvo aqueles que eram estrangeiros e confessavam ao Deus de Israel como Senhor e seguiam seus mandamentos.
Nos tempos do Apóstolo Paulo e especialmente neste texto de At 16, o domínio daquelas regiões era romano, Roma tinha uma influência cultural muito grande e neste ponto haviam decretado que não aceitariam judeus em Roma, ou seja, não queriam ter a influência dos judeus, pois por mais que houvesse um domínio político e militar de Roma, os judeus com sua fé e postura ainda conseguiam transformar muitas pessoas.
Atos dos Apóstolos 18: 2. E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles
Mas queria chamar a atenção para algo mais importante neste texto que escolhemos para meditar, neste momento não se trata apenas de uma presença judaica, ou da fé judaica, pois na fé judaica até mesmo o romano que estava oprimindo o povo de Israel poderia se converter ao judaísmo, mas que ao se converter teria um determinado limite para estar na presença do Deus de Israel, pois eram considerados gentios, não tinham a marca da circuncisão que era para o judeu a marca da aliança que existia entre aquela nação e Deus, essa é uma dentre outras coisas que colocava um gentio em uma posição completamente inferior aos judeus diante de Deus. Só que agora a cultura que está sendo vivida e apregoada não é a judaica, e sim a cultura do Reino de Deus, pois o mesmo Paulo disse em Efésios:
Efésios 2: 13. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.
14. Porque ele é a nossa paz [Cristo], o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação [Parede que separava os judeus dos gentios no átrio do templo] que estava no meio,
15. Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz,
16. E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.
17. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto;
18. Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. 19. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus;
Paulo diz que o limite que sempre existiu entre o homem e Deus foi quebrado na Cruz, mas não apenas isso, pois Paulo se refere ao muro que existia na parte exterior do templo, onde dividia-se os gentios dos romanos, que segundo a história, havia uma placa que dizia que aquele que ultrapassasse seria punido com a morte. Fica claro que um gentio, mesmo que convertido ao judaísmo, este tinha muitos limites estabelecidos entre eles e Deus pelo simples fato de não serem judeus, só que o cristianismo veio com uma nova realidade, onde tanto judeus como estrangeiros poderiam ser um só povo diante do Senhor. Se para os romanos a influência dos judeus com todos aqueles limites era pra eles perigosa, agora imagina a influência do cristianismo que pregava que agora teríamos acesso ao lugar santíssimo, além do véu, que através de Cristo somos agora Família de Deus.
Quando Paulo chega e expulsa aquele demônio da menina, ele manifesta uma característica do Reino, pois expulsar demônios foi uma coisa que iniciou apenas quando Cristo iniciou seu ministério.
Marcos 1: 22. E maravilharam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.
23. E estava na sinagoga deles um homem com um espírito imundo, o qual exclamou,
24. Dizendo: Ah! Que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.
25. E repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te, e sai dele.
26. Então o espírito imundo, convulsionando-o, e clamando com grande voz, saiu dele.
27. E todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Que nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
E dizia Jesus quando enviou seus discípulos:
Mateus 10: 7. E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
8. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
Estas manifestações são manifestações próprias do Reino, só que para os romanos, pessoas possessas era coisa normal. Uma vida oprimida por um espírito maligno era normal, sabemos que todas as pessoas que estão endemoniadas vivem oprimidas, vivem uma vida prostituída, as vezes miserável, não diferente daquela moça que era usada pelos seus senhores para lucrarem. Era como se não tivesse problema estar possesso, se isso gerasse lucro, vemos estes valores em uma cultura materialista, onde lucrar é o importante, a forma que se vai lucrar não importa, mesmo que isso inclua o domínio dos demônios em sua vida. Não são poucas as pessoas que se relacionam com espíritos imundos para obter sucesso em sua vida profissional, e ao passo que vemos pessoas lucrando, vemos também pessoas completamente oprimidas.
“Quando o evangelho chegou na cidade, acabou a esperança de lucro daqueles que se faziam senhores da mulher que fazia adivinhações”.
Quando o evangelho chega, nem sempre as pessoas enriquecem, as vezes os ricos empobrecem, pois suas riquezas são provenientes de negociações ilícitas e para viver o Reino de Deus, essa vida precisa ser renunciada. Esta é a mudança que o evangelho traz, radical, em níveis culturais e ideológicos, mudança que vai influenciar toda a história e cultura de um povo, o que inaceitável é que o evangelho chegue em um lugar e este lugar permaneça o mesmo, ou seja, é impossível que uma pessoa conheça o evangelho e continue com as mesmas práticas e mentalidade de antes.
Nem todos estão dispostos a perder coisas para obter o Reino, este é o impacto e o desconforto que o evangelho naturalmente vai causar no homem que vive a cultura humana, o evangelho nos aponta para o relacionamento que o homem tinha com Deus no início através do relacionamento de Jesus com o Pai, o evangelho não foi entregue a nós para deixarmos de observar a Lei, mas nós veio para aperfeiçoar aquilo que estava fora no sentido da perfeita vontade de Deus na vida dos “cumpridores da Lei”.
Nem todos estão dispostos a perder coisas para obter o Reino, este é o impacto e o desconforto que o evangelho naturalmente vai causar no homem que vive a cultura humana, o evangelho nos aponta para o relacionamento que o homem tinha com Deus no início através do relacionamento de Jesus com o Pai, o evangelho não foi entregue a nós para deixarmos de observar a Lei, mas nós veio para aperfeiçoar aquilo que estava fora no sentido da perfeita vontade de Deus na vida dos “cumpridores da Lei”.
Por exemplo, os homens questionam a Jesus sobre o divórcio, dizendo que Moisés deu carta de divórcio para eles, acharam que iriam colocar Jesus em uma “sinuca de bico”, Jesus não explicou a Lei pela própria Lei, mas apontou para o início.
Marcos 10: 4. E eles disseram: Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar.
5. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos deixou ele escrito esse mandamento;
6. Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea.
7. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher,
8. E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.
9. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.
Por conta da dureza do coração do homem muitas coisas foram mudadas, não porque Deus quis, mas porque o homem se tornou opositor aos mandamentos de Deus quando se tornou conhecedor do bem e do mal e passou a escolher o mal, as vezes o mal não era algo claramente tão grave, mas na motivação das escolhas humanas estava o egoísmo. Agora Jesus está entre os homens para trazer novamente a cultura do Reino de Deus que foi dada aos homens antes da queda.
A cultura do Reino não enxerga o divórcio como algo natural, não enxerga um relacionamento extraconjugal como algo sendo normal, na cultura do Reino as coisas são exatamente como no início, não há justificativa para o rompimento de um casal que se tornou um dia uma só carne e o “Amor” que os homens dizem ter por algo ou alguém que está fora do padrão inicial não pode justificar os pecados.
Lucas 16: 18. Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também.
Jesus deixou bem claro que o padrão de um relacionamento no Reino é diferente do padrão que os homens vêem como normal, Jesus não veio estabelecer novas regras, veio estabelecer as regras existentes no Reino, regras que quando entendidas, perceberemos que já eram existentes, mas que não era vivida pelos homens, pois cada um era senhor de sua vida, mas agora somos servos do Reino e obedientes aos seus decretos. Jesus não mudou apenas os costumes dos gentios, Ele se manifestou para mudar todos os costumes, práticas e culturas que fogem da verdade, inclusive no meio do povo judeu.
Ao praticarmos a oração do “Pai Nosso”, entendemos que aquela oração não é uma reza pra ser decorada e repetida, mas para ser entendida e vivida, buscada com a nossa vida, tem um trecho que diz “Venha o Teu Reino, seja feita a Transferência vontade”, no Reino de Deus não há mais espaço para as nossas vontades pessoais e humanas, os valores que observaremos e apreciaremos não serão mais provenientes da cultura do lugar, ou da moda atual, o que pode ser extremamente aceitável para nós pode ser completamente reprovável.
O preço de ser diferente pode ser muito alto, com os missionários Paulo e Silas em At 16 foi a humilhação na praça, pois foram despidos, açoitados com varas, levados para uma prisão e postos no lugar dos mais perigosos, ser diferente, manifestar a cultura do Reino não nos fará aceitáveis no mundo que está submerso em corrupção, talvez isso nos levará também a andar pelo caminho da humilhação, talvez sejamos feridos e quem sabe até mortos como de fato acontece com alguns missionários no campo até hoje.
Você está disposto a ser um agente transformador onde está? Na sua casa, escola, trabalho, vizinhança?
Pois por meio de nós, a igreja, é que o mundo contemplará o Reino, e o Reino não pode ser visto com olhos humanos, pois está dentro de nós, é no governo de Cristo em nossa vida, este Reino pode ser manifestado hoje através de nossas atitudes, vamos juntos mudar o mundo?
At 17: 6b: Estes que têm alvoroçado o mundo, chegaram também aqui;
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