sábado, 15 de agosto de 2020

João Batista, Fiel até a morte!


                   
(Pregação desse texto em minha igreja)



  No Evangelho que escreveu Lucas no capítulo 4.16 Jesus entra em uma sinagoga na cidade onde foi criado, Nazaré, e provavelmente é recebido como um Rabi, tendo então a oportunidade de ler as Escrituras. Cada dia seguiam uma ordem de leitura e naquele dia foi entregue a Jesus um rolo com a parte do Livro do profeta Isaías que dizia:
  “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres, para proclamar liberdade aos presos, recuperação de vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor” 
Lc 4.18/Is 61
  Antes de chegar em Nazaré Jesus já havia espalhado sua fama por onde havia passado e as pessoas o elogiavam por conta da diferença com que Ele transmitia a mensagem do Reino de Deus.
  Não foi diferente em Nazaré, após ler aquele texto das Escrituras todos mantiveram seus olhos fixos nele, Jesus disse que naquele dia as Escrituras haviam se cumprido, pois era dele que testificavam.
 “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito.” 
Jo 5:39
  Todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras que saíam de seus lábios, mas perguntavam: “Não é esse filho de José?”.
  Essa maneira de enxergá-lo se tornou para eles um grande impedimento para que não recebessem as bençãos contidas nele e que são alcançadas através da fé, é muito importante entendermos que a medida da expectativa que temos em Jesus define muito o que dele receberemos. Eles apesar de verem uma enorme diferença de Jesus para os demais mestres da Lei, não conseguiam ignorar o fato de Ele ser um homem normal, porque todos o conheciam.
  Foi aí que Jesus disse que um profeta não é aceito em sua terra. Ele ainda foi mais longe ao falar da viúva de Sarepta e sobre a cura do leproso Naamã que era sírio, ou seja, Deus poderia fazer milagres na própria terra de Israel, mas o coração do povo estava fechado para crer.
  Todos ficaram furiosos ao ouvir isso, eram verdades difíceis de serem ouvidas, mas lembre-se, esse foi o propósito de Deus para a vinda do seu Filho:
  “Pregar boas novas aos pobres, para proclamar liberdade aos presos, recuperação de vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor.”
  Gostaria de falar sobre um outro evento que envolvem tanto a obra de Jesus na vida dos homens, como a nossa missão de proclamá-lo e fazê-lo conhecido, principalmente para aqueles a quem temos mais proximidade.
  João Batista era o profeta enviado por Deus para preparar o caminho do Messias, ele era também primo de Jesus, mesmo assim Deus o revelou de forma gloriosa para que tivesse convicção de que Ele era realmente o Cristo.
   “No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se e disse: "Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!
Este é aquele a quem eu me referi, quando disse: Vem depois de mim um homem que é superior a mim, porque já existia antes de mim.
Eu mesmo não o conhecia, mas por isso é que vim batizando com água: para que ele viesse a ser revelado a Israel".
Então João deu o seguinte testemunho: "Eu vi o Espírito descer do céu como pomba e permanecer sobre ele.
Eu não o teria reconhecido, se aquele que me enviou para batizar com água não me tivesse dito: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que batiza com o Espírito Santo’.
Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus". 
Jo 1:29-34
  João não apenas tinha convicção de que Jesus era o Cristo, ele entendia que sua missão era fazer discípulos para Ele, dois de seus discípulos se tornaram principais no grupo de discípulos que seguiam Jesus por toda parte, sendo eles André (irmão de Pedro) e João (irmão de Thiago) Jo 1.35-39.
  Por isso João foi destacado por Jesus como sendo o maior de todos os profetas, ele cumpriu com excelência sua missão de anunciar a chegada do Messias, sua mensagem era de arrependimento, 100% cristocêntrica.
  Mesmo assim alguns dos seus discípulos não conseguiram aceitar o fato de que Jesus era maior do que João, chegavam até a ficar incomodados com o fato de mais gente estar seguindo Jesus do que seu mestre João (Jo 3.22-36).
  João acabou sendo preso por conta da mensagem que entregou a Herodes, este havia tomado para si Herodias, mulher de seu irmão, dentre outras coisas, após ser preso e ouvir da prisão o que Cristo estava fazendo enviou seus discípulos para lhe perguntarem.
  “És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?”
Mt 11.3
  Nesta pergunta nós encontramos duas interpretações, uma mais usada do que a outra, vamos para a mais usada.
  1° Interpretação
  De acordo com alguns intérpretes dessa parte da biografia de João, este questiona Jesus neste momento por conta da prisão, pois para quem interpreta dessa maneira, João teve sua convicção abalada por conta da provação do cárcere e da possível execução que sofreria. Nesta forma de interpretação temos um João Batista com uma fé condicionada a uma vida sem problemas no ministério, diferente dos demais profetas do AT que sempre sofreram resistência e até a morte por entregarem a mensagem de Deus, nela João esperava que Cristo o libertasse do cárcere, quando ao contrário disso, mantinha seu foco na missão.
  De fato até hoje existem muitos casos assim na vida daqueles que seguem a Jesus, e talvez seja essa a forma mais usada de interpretação, pois interpretamos de acordo com nosso contexto e realidade pessoal, pois enquanto tudo está bem, Jesus é realmente e sem dúvidas o Senhor de nossas vidas, mas quando as coisas apertam e não vemos nenhum sinal de intervenção de Jesus, começamos a esfriar na fé que tínhamos e questionamos o poder de Deus. 
  Temos alguns exemplos de discípulos que se decepcionaram com Jesus por não o verem fazer o que acreditavam e esperavam que Ele fizesse, exemplos básicos disso são os discípulos no caminho de Emaús, acreditavam que Jesus era um profeta, poderoso em palavras e obras dante de Deus e que iria trazer redenção ao povo de Israel referente ao domínio romano, mas quando Jesus foi crucificado a fé foi completamente abalada (Lc 24.13-21), a fé deles era condicionada a realização de coisas que eles queriam e não do cumprimento do propósito de Deus que são mais altos do que os nossos.
   2° Interpretação
  Agora temos a segunda interpretação dessa pergunta que João faz para Jesus através de seus discípulos, vale a pena observarmos que mesmo no cárcere os relatos sobre os feitos de Jesus continuavam sendo notificados a João, provavelmente por seus discípulos que não o abandonaram, nem mesmo quando foi preso.
  Agora ao questionar Jesus se ele realmente era o messias ou se deveria esperar outro, não fazia isso porque duvidava, já que temos algumas referências de que não havia dúvidas sobre isso em seu coração, pois o próprio Deus o havia revelado.
  João estaria fazendo esse questionamento não por si, mas para que seus discípulos tivessem a mesma convicção, ele os estava estimulando a ir em busca dessa verdade, pois mesmo estando em prisão não tomaram a decisão de seguir a Jesus.
  Nossa missão em preparar o caminho para o Senhor é bem semelhante a de João, ele acaba se tornando um dos maiores referenciais de pregadores por todos os tempos, com sua mensagem cristocêntrica e de arrependimento, se esvaziando de toda glória no reconhecimento do sucesso de seu ministério, entendia que Jesus deveria crescer e ele diminuir. Temos uma missão quanto igreja, anunciar o Reino de Deus, preparando o caminho para a volta de Jesus e fazê-lo conhecido em todas as nações.
  Por isso ao chegarem seus discípulos até Jesus e questionarem-no, Jesus não disse que sim ou que não, mas realizou grandes feitos e disse que deveriam anunciar a João o que estavam vendo e ouvindo:
  “os cegos vêem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres;
e feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa".
Mt 11:5,6
  Mais uma vez temos uma questão parecida com o que aconteceu na cidade de Nazaré, no que parece, os discípulos de João tinham alguma consideração por Jesus, mas não concebiam a ideia de que este era maior que seu mestre, mas agora puderam testemunhar com seus próprios olhos que apesar de João ser um grande homem de Deus, Jesus era o Filho de Deus.
  Após saírem os discípulos de João, Jesus começou a falar sobre ele, mas não que este havia sido um grande homem e agora havia desanimado na fé, no que parece Jesus nem quis enaltecer João na frente deles, mas deixou claro que João não era um homem fraco em suas convicções, se João tivesse desacreditado que Jesus era o Cristo ao questioná-lo ele deixaria de ser um referencial, quanto mais o “Elias” que havia de vir do qual falou Malaquias (Ml 4.5) e que Jesus deixou bem claro que tal profecia se referia ao próprio João.
  O que tento fazer ser entendido é que bem diferente da primeira interpretação, João não duvidou, pelo contrário, enquanto pôde, usou os meios que conseguiu para mostrar que era Jesus que deveria ser seguido e não ele.
  Seria um erro não reconhecermos esse João fiel até a morte, assim como foi um erro o povo de Nazaré não reconhecer Jesus como Filho de Deus.
  Pois veio João, que jejua e não bebe vinho, e dizem: ‘Ele tem demônio’.
Veio o Filho do homem comendo e bebendo, e dizem: ‘Aí está um comilão e beberrão, amigo de publicanos e "pecadores”’. Mas a sabedoria é comprovada pelas obras que a acompanham".  
Mt 11:18,19
  Precisamos pensar sobre tudo isso, sobre a forma que cremos no Filho de Deus, se do nosso Jeito ou se da forma como as Escrituras testificam dele, pois só poderemos produzir os frutos verdadeiros do Reino de Deus em nossa vida se nossa fé for autêntica, não de acordo com o que julgamos ou interpretamos com nosso ponto de vista.
“Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de águas vivas.”
Jo 7.38
  
  Outra coisa é, em qual das duas interpretações sobre a pergunta de João você se enquadra? Quem sabe Deus quer te tirar da primeira e te colocar na segunda, onde você não se deixa abalar e parar seu ministério por conta das dificuldades que se apresentam.

#PenseNisso
#DeusTeAbençoe

2 comentários:

  1. Glória Deus palavra Maravilhosa
    Que Deus continue te dando graça meu querido amigo.

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  2. Muito interessante a comparação dos dois pontos de vista! Da mesma passagem! É realmente curioso a atitude de João!

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