terça-feira, 21 de abril de 2020

Desfazendo as obras do diabo.


  1 João 3:8b Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo.

  Nós bem sabemos dessa verdade que encontramos nas Escrituras, mas gostaria de te fazer uma pergunta, quais são essas obras do diabo? O que pra você seria “as obras do diabo”?
  A primeira idéia que me vem, ou que me vinha na cabeça quando eu ouvia essa expressão, era que Jesus veio expulsar demônios, curar doenças, tirar pessoas do tráfico, da prostituição, dos diversos tipos de imoralidade sexual, coisas semelhantes a essas, mas entender que as obras do diabo se resumem a isso é ter uma visão muito superficial do que realmente podemos entender dessas obras. 
  Poderíamos perceber com clareza que a obra que matou todos os homens descendentes de Adão não foi nenhum dos pecados que consideramos monstruosos, mas a “simples” desobediência. Isso aconteceu por conta de uma das obras do diabo, uma obra que continua sendo realizada por ele e levando inúmeras pessoas à queda, a mentira.

  A Mentira

  João 8:44 "Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.

  A mentira é uma das obras que o inimigo usa desde o princípio, toda a humanidade foi comprometida por conta dela. Falo sobre esse tema para que tenhamos uma consciência transformada quanto a essa questão, pois como citei antes, não nos basta deixarmos de cometer pecados “monstruosos” se continuamos mentindo, a mentira tem muitos níveis de ação na vida dos homens.
  Temos aquele que mente deliberadamente, que inventa historias irreais, mas temos aquele que mente por demonstrar algo externamente, mas ser outra coisa internamente, claro que não quero ser radical neste ponto, claro que tem dias que não estamos bem, mas vamos nos esforçar para não contagiar as pessoas ao nosso redor com nossa tristeza, mas digo ser exteriormente uma coisa de forma constante e interiormente outra, quando a proposta do evangelho é realmente outra, é vivermos uma transformação interior e isso fará com que ela seja refletida em nosso exterior.
  Este texto de Jo 8.44 fala de o diabo ser homicida, mas isso não é surpresa para nós, só que a morte que ele provocou no início não foi por meio de armas de fogo, de bombas nucleares, mas a própria mentira. Não tenho dúvidas que outras tantas vezes os homens foram e continuam convencidos pelas suas mentiras a fazer tudo ao contrário do que Deus quer e que essa rebelião continua trazendo morte e condenação.

  Jesus não veio desfazer as obras do diabo no sentido de parar o que ele (em “pessoa”) está fazendo, mas no sentido de nós pararmos de reproduzir em nossa vida pecaminosa as obras do diabo. Não precisamos apertar um gatilho para fazer as obras do diabo, basta mentirmos. Gostaria de usar um texto agora para refletir com você sobre algumas obras do diabo que precisam ser interrompidas em nossa vida, pois foi pra isso que Jesus veio ao mundo, é muito importante que ao ler esta frase de que “Jesus veio desfazer as obras do diabo” (1Jo 3.7-10), mas com todo o seu contexto, que remete ao nosso comportamento após a conversão, o novo nascimento, a transformação da nossa mente pelo seu sangue.

  João 10:10 O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.     
  12 Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas.     
  13 Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas.

   Ladrão, Mercenário, Lobo.

  Neste texto nós temos uma referência direta ao diabo, não somente a ele, mas ao que ele faz, suas obras. Roubar, matar e destruir, mas o texto não fala somente do ladrão, ele fala de mais dois personagens, o Mercenário e o lobo. 
  Fica claro quem é o ladrão e suas intenções, ele quer roubar, matar e destruir, mas ele não fará isso sozinho, quase sempre faz isso em conjunto e através de pessoas, ou seja, são suas obras pelas pessoas.
  Jesus usa uma linguagem comum e de fácil compreensão ao falar de ovelhas e pastor, até hoje usamos esses tipos para ilustrar o relacionamento que os membros de uma comunidade evangélica tem com sua liderança, o relacionamento de ovelhas e pastores. Na época de Jesus era comum a criação de ovelhas, o trabalho do pastor, os perigos no campo, ataques de bestas feras, inclusive de lobos. Mas os pastores tinham o compromisso de cuidar das ovelhas e as vezes isso significava defendê-las de ataques de cobras, leões, ursos e lobos (Temos exemplo de Davi 1Sm 17.36,37), o mesmo Davi recebeu uma missão de seu pai e vemos a atitude de Davi referente às ovelhas que estavam sob seus cuidados, antes de sair deixava o rebanho com outro pastor para que elas estivessem seguras dos ataques (1 Sm 17.20).
  Nas palavras de Jesus em Jo 10. 10,12,13 ele fala do perigo do ladrão, este pretende roubar, mas não apenas isso, ele vai matar e destruir o rebanho, somente uma coisa pode impedi-lo, um pastor como Davi, um pastor como Jesus. Estes deixaram um grande exemplo, eles estavam dispostos a dar a própria vida pelo rebanho. Precisamos entender que o perigo não está em ter ladrão, ele existe desde o princípio e a intenção dele é a mesma, o perigo consiste em quem estiver cuidando das ovelhas, na possibilidade de aquele que está cuidando delas não ser um pastor, mas ser um Mercenário, pois este quando perceber que pode ser prejudicado, ferido ou até mesmo morto pelo ladrão, ele foge, ele abandona as ovelhas.
  Interesse, Egoísmo
  O mercenário só pensa no que vai receber por cuidar das ovelhas, em outras traduções nós encontramos o termo mercenário como Assalariado, ou seja, alguém que só faz porque está recebendo por aquilo. 
  O que seria a obra do diabo aqui neste texto? Não só o matar, roubar e destruir, mas o interesse pessoal e egoísta quando aparentemente estamos cuidando de outros, talvez esse ponto nos faça entender 1Co 13.3 quando diz que “ainda que eu distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”, sempre me perguntei como isso seria capaz, mas entendo que isso é capaz sim, pois podemos assumir uma posição extremamente importante para outras pessoas, fazermos coisas que demonstram inteiro cuidado que temos com elas e ainda assim ter interesses pessoais, nem que seja simplesmente o status, ter o nome gravado na história, não foram poucos os homens que se entregaram à morte pelo desejo de serem lembrados como um grande homem, Jesus morreu pela humanidade, mas conforme lemos em Fl 2, Ele se esvaziou de sua glória, não tinha interesse em ser Deus, mas em obedecer e salvar os homens, e mesmo quando um homem faz algo parecido hoje, precisamos entender que isso não faz referência ao próprio homem, mas à Cristo, Paulo diz que somos pecadores, que até aquilo que desejamos fazer, não fazemos, e aquilo que não queremos fazer, isso fazemos, pois o pecado habita em nós (Rm 7.20). Um mercenário pensa no salário, pensa em quê e em quanto vai ganhar por cuidar daquelas ovelhas, é muito fácil pensar na referência de pastor, mercenário e ovelha apenas pensando no pastor ordenado ao ministério, mas gostaria de aprofundar esse entendimento junto de você para que entenda que este comportamento, este sentimento mau não está somente nos corações dos pastores que se fizeram mercenários no ministério por concentrarem seus esforços na busca por status e lucro em cima das ovelhas, mas que todos nós como pessoas podemos manifestar essas atitudes e sentimentos em nossos relacionamentos, tendemos a nos relacionar com as pessoas pensando em que podemos ganhar com isso, em que essa pessoa pode me ser útil, relacionamentos baseados em interesses completamente egoístas.
  Podemos ser assim nas amizades, quando o amigo tem dinheiro, quando o amigo é popular, enquanto ele é saudável, enquanto ele me agrada, ou me apóia. Percebemos muitas amizades acabando quando um dos lados não se sente mais beneficiado pelo outro lado, Jesus não é mercenário em seus relacionamentos, ao receber o beijo de Judas permaneceu sendo seu amigo (Mt 26.49,50).
  Podemos ser mercenários no nosso namoro ou casamento, dependemos do bem que o outro possa nos oferecer para também oferecermos o bem, claro que todos nós esperamos haver reciprocidade nos relacionamentos, mas a característica do filho de Deus, do homem que é nascido de novo e tem o Espírito de Deus é exatamente isso, amar quem não é amável.

Mateus 5:44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;
  Pensando sobre esses textos e em como as coisas fazem sentido, percebi uma atitude bem provável de um mercenário, na hora do conflito com o ladrão ele foge, ele abandona, ou seja, na hora que a ovelha que ele deveria cuidar mais precisa, ele foge. 
Abandono.
  As obras do diabo são manifestas também no abandono, pense comigo nesta cena, o ladrão atacando o rebanho e o mercenário fugindo e correndo, ou o lobo atacando e o mercenário correndo, fugindo para não ser ferido, ele não quer ser ferido, ele não quer sofrer prejuízos, todo ser humano tem a tendência à auto-preservação da vida, é bem comum fugirmos de situações que possam nos ferir e que claramente irão nos trazer prejuízos, mas precisamos rever nosso cristianismo, pois diz as Escrituras que Jesus tendo nos amado, nos amou até o fim (Jo 13.1). Não são poucos os que abandonaram seus amigos, namorados, cônjuges, pais, famílias, sei que isso pode ser duro de aceitar, mas quem sabe você tem feito isso, ou até pensado nisso, será que junto à sua idéia de se afastar de alguém não está o pensamento “você precisa parar de ser bobo”, “você tem direito a ser feliz”, pense que se você ainda precisa fazer algo para ser feliz, inclusive algo que o Senhor não aprova, é sinal de que ainda não encontrou a felicidade, pois a felicidade plena encontramos em Deus e a partir daí o prazer da nossa vida está em obedecermos a sua Lei (Sl 1.2).
  Chegamos até aqui e vimos que as obras do diabo não são apenas algumas coisas monstruosas que citamos no início, que não são apenas o roubar, matar e destruir, mas encontramos nas nossas atitudes as obras do diabo, já falamos do ladrão, do mercenário que é interesseiro, egoísta e que abandona quem precisa, agora iremos falar do lobo.
  Lobo - Ataca e dispersa.
  De acordo com o texto de Jo 10.12 o lobo ataca e dispersa o rebanho, temos vivido em uma época não muito diferente do primeiro e dos séculos seguintes da igreja, tempo de ataques, isso também caracteriza-se como sendo obra do diabo, os ataques são diversos e em várias categorias, sendo ataques diretos contra templos, contra cristãos que são torturados e mortos, ataques ideológicos, como acompanhamos no Brasil. Mas precisamos entender a estratégia do lobo quando ataca a igreja, sua intenção, o resultado desse ataque, Jesus mesmo disse o resultado do ataque do lobo, ele dispersa o rebanho, ele separa as ovelhas.
  As obras do diabo são os ataques que dispersam o rebanho (Jo 10.12), preciso te chamar a atenção para o fato de que a perseguição que foi investida na igreja ao longo dos anos nunca enfraqueceu a igreja ao separá-la, pelo contrário, a igreja se tornou mais forte e unida. É também impressionante o que temos visto hoje na igreja pós-moderna, temos visto esses ataques acontecendo entre pessoas que se consideram igreja, é como se a mão esmurrasse outra parte do corpo que faz parte, atacam uns aos outros em suas redes, são frases, são indiretas, são fotos, memes, são vídeos, são opiniões que ao mesmo tempo que atacam, espalham o rebanho, enfraquecem o rebanho, torna uma ou outra ovelha mais vulnerável ao ataque mortal, não conseguem resistir a tentação de expor suas idéias, pois considera-se mais sábio do que o outro, sua razão está a cima do bom senso e preservação da unidade do corpo, sem perceber (ou percebendo e ignorando) que o mundo não está mudando para a melhor com suas expressões, mas sua comunidade de fé sim e negativamente.
  Não foi a toa que senti de escrever sobre este assunto, acho extremamente necessário nesses dias, são muitas guerras teológicas, ideológicas e políticas, é muita manifestação de egoísmo, são muitos os ataques, da mesma forma que muitos entram pelas portas da igreja, muitos também saem, pois falta nela aquela comunhão da igreja primitiva. Quando pararemos de nos expor  em redes apontando o erro dos outros? Se nos achamos incumbidos dessa missão, por que não falamos diretamente e no privado? Por que declararmos tanto ao mundo, quando deveríamos entregar à Deus em oração? Com quem aprendemos tanto a usar o sarcasmo? Quem nos convenceu de que temos que entrar em lutas, debates e discussões? Vejo Paulo em alguns debates no livro de Atos, mas vejo sua motivação e o resultado desses debates, sempre terminava com vidas salvas. Quantos temos salvado nesses debates intermináveis pelas redes sociais? 
  Jesus veio para desfazer as obras do diabo, isso vai muito além do que propriamente o que o inimigo faz, tem muito a ver com o que fazemos e que são semelhantes as obras dele, o novo nascimento eliminará de nossas vidas tais sentimentos e atitudes, talvez este período da história não seja apenas para o mundo reconhecer a soberania de Deus, creio eu que Deus quer despertar sua igreja para que reveja seus conceitos e valores, para que faça uma revisão em seu interior e veja se suas obras se parecem mais com as de Cristo ou com as obras do diabo.
#PenseNisso
#DeusTeAbençoe


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