segunda-feira, 25 de março de 2019

O poder das Escrituras - Os discípulos no caminho de Emaús

         

 Lucas 24: 13. E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús.
 14. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido.
 15. E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles.
 16. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem.
 17. E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes?
 18. E, respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse-lhe: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias?
 19. E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo;
 20. E como os principais sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram.
 21. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.
 22. É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro;
 23. E, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive.
 24. E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a ele não o viram.
 25. E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! [NVI- 25 Como vocês custam a entender e demoram a crer em tudo o que os profetas falaram!]
 26. Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?
 27. E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.
 28. E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe.
 29. E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.
 30. E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu.
 31. Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes.
 32. E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?
 33. E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalém, e acharam congregados os onze, e os que estavam com eles,
 34. Os quais diziam: Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão.

 Vivemos em uma época diferenciada em toda a história da igreja cristã, digo isso relacionado à exposição das Escrituras Sagradas, temos muito material de estudo de grandes homens de Deus na história, biografias com registro de mensagens de grandes mestres e pregoeiros do evangelho, muitos são os nomes e tantos são os livros que contém essas mensagens que fica até muito difícil obter tanto o material como também o conhecimento. Algumas vezes veremos alguns teólogos do passado que vamos admirar pelo ensino, mas que estarão em conflito de interpretações teológicas com algum outro que também vamos admirar, isso nos acabará levando a viver um colapso nas idéias se não estivermos bem estruturados em um entendimento que classificamos como “puro e simples”.
 Ao ler este texto que usamos como referência, trouxemos uma advertência sobre o perigo de sermos seguidores superficiais de Cristo e também o cuidado que precisamos ter com a nossa mensagem em um tempo que classifiquei “diferenciado” na questão da pregação em nossos dias, pois vivemos em uma época em que os “grandes mestres e pregadores” da nossa atualidade não estão com suas interpretações e mensagens em algum livro de difícil acesso, eles estão apenas a alguns cliques na internet, ali não precisamos ler, não precisamos vencer o sono, podemos simplesmente ouvi-los em um fone de ouvido enquanto fazemos outra coisa, esse acesso tão fácil tem seu lado positivo (é claro), mas tem um lado muito negativo.
 Na época em que Jesus viveu entre os homens, mesmo pregando o genuíno evangelho encontramos não poucos que o seguiam pela motivação errada, pessoas que o seguiam simplesmente pelo interesse de receber bençãos materiais e mesmo que pensassem no céu e na salvação como um fim em si mesmos, estariam equivocados concernentes ao que Jesus veio “restabelecer” entre o homem e Deus. Veremos nos evangelhos sendo mencionadas diversas vezes as grandes multidões que seguiam a Jesus, costumamos classificar também esses seguidores como multidão e discípulos, isso vai ficar muito mais claro para nós em um momento.

 Mateus 16: 13. E, chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
 14. E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas.
 15. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
 16. E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.

 Neste momento Jesus se aproxima de seus discípulos e pergunta quem “os homens” diziam que Ele era e fica bem claro que a idéia de quem é só mais um homem (pessoa) que segue a Jesus nunca vai ter uma idéia correta sobre a identidade dEle. Uns diziam que era João, outros Elias e Jeremias ou algum dos profetas, este relatório dos discípulos acaba sendo muito triste, pois a idéia ou a interpretação destes “homens” acerca de Jesus o compara e o diminui com algum outro homem que já esteve na terra e que aquilo que Ele faz, estes homens também poderiam fazer, em uma linguagem mais clara, eles diziam que Jesus era apenas mais um grande homem enviado por Deus.
 Os “homens” não sabiam que todos estes profetas citados por eles na verdade não poderiam ser comparados a Jesus, pois dEle que testificavam suas profecias e em alguns casos com suas próprias vidas, o problema não estava nos profetas e sim na falta de interpretação das escrituras pelos homens que agora tem uma idéia muito rasa de quem Jesus de fato é.
 O último censo estatístico sobre o número de evangélicos no Brasil marcou um número aproximado de 50 milhões de evangélicos na nossa nação, porém temos também um número semelhante a esse de um grupo que foi denominado “desigrejados”, ou seja, crentes desviados da igreja. Entendemos que poderíamos ter perdas significativas em um mundo tão pecaminoso, mas este número é estarrecedor e nos revela um problema urgente em nossas igrejas, a falta de firmeza no conhecimento do evangelho, e não digo do estudo da teologia propriamente dita, mas do puro e simples evangelho. Não digo isso me referindo aos cursos, seminários e faculdades teológicas como um problema em si, mas vejo que mesmo com todos estes recursos ao nosso dispor na atualidade, vemos tudo isso sendo usado de forma prejudicial quando as bases (evangelho puro e simples) não foram bem fundamentadas e as motivações desde o início se tornaram erradas. Estive pensando outro dia sobre um gráfico, onde temos uma linha reta e uma linha que seguia com pouquíssimos graus a sua direita, esta linha que tem este minúsculo desvio não vai mostrar muita diferença no início do percurso, porém lá na frente, este pequeno desvio vai a colocar muito distante da linha reta. Os fundamentos da fé cristã são essenciais para uma vida reta diante de Deus, ensinar algo errado no início pode levar um cristão a se perder por toda uma caminhada na igreja, onde muitos vão estar convencidos de que tem uma idéia correta do evangelho, mas diante de Jesus serão apenas “homens que o seguem”.
 Em contrapartida temos os discípulos, Jesus faz novamente a pergunta, ciente de que estes teriam uma resposta diferente, este é o diferencial de um discípulo para a multidão, o quanto conhece a identidade do Senhor dentro do propósito da redenção e não apenas sobre seus feitos.
 A resposta de Pedro foi direta e objetiva, Tu és o Cristo (Messias), Filho do Deus vivo.
 Jesus é anunciado como o Messias desde o Éden, “da semente da mulher nascerá um que pisará na cabeça da serpente (Gn 3.15)”, Jesus é anunciado na Lei entregue a Moisés, Jesus é anunciado pelos profetas e agora ao fazer a pergunta aos discípulos, Pedro diz que Jesus é aquele de quem as Escrituras testificam, o Filho de Deus, isso porque foi nascido de uma virgem como falou o profeta Isaías (Is 7.14/ Mt 1.23), semelhante a este, nenhum profeta foi ou seria.
 Esta revelação e declaração de Pedro foi um divisor de águas para o que hoje chamamos de Igreja (Ekklesia), pois foi neste momento que aparece a primeira vez esta palavra, Jesus deixou bem claro na sua afirmativa que era debaixo deste fundamento que a igreja estava sendo formada, na revelação de que Jesus era o Messias, o Filho de Deus.
 O que faz de uma pessoa ser igreja, não é o simples fato de ela ter sido curada, ter sido abençoada financeiramente, ter se tornado membro de uma instituição religiosa e passar anos frequentando um lugar onde se faz reuniões, mas o fato de ela conhecer as escrituras e reconhecer que é de Jesus que elas testificam e através deste conhecimento termos a certeza de que não seguimos um profeta que faz sinais miraculosos e fala coisas fortes, mas que se trata do próprio Filho de Deus encarnado tornando possível mais uma vez o relacionamento entre Deus e o homem através da salvação. Por isso a salvação não é um fim, o céu não é um fim, mas como diz um pastor muito abençoado “o céu e a salvação não são um fim em si mesmos, mas o meio pelo qual o filho de Deus usou para que pudéssemos ter um relacionamento e conhecer a Deus, pois quanto tempo precisaríamos para conhecer um Deus eterno? Somente uma eternidade com Ele” (Leandro Vieira).
 Com este texto e dentro deste entendimento eu percebo que posso seguir Jesus a vida toda e por todos os lugares e mesmo assim não ter o pleno conhecimento de quem Ele é, e isso é importantíssimo, pois o fundamento para que eu me torne igreja não é nada mais do que isso, reconhecer a Jesus como o Messias e como Filho de Deus. A falta deste entendimento dentro das nossas igrejas está formando um problema que tem se tornado um grande dilema em nossa geração, onde as nossas igrejas hoje se tornaram um dos maiores campos missionários na nossa nação, onde as pessoas estão na igreja, mas não sabem expressar quem Jesus é, o que significa a cruz e o sacrifício feito ali, sem este conhecimento as pessoas que estão na igreja são apenas seguidores superficiais. A advertência que nos foi dada pelo profeta Oséias vai muito além de apenas conhecermos em vida o Senhor, “Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor (Os 6.3), este conhecimento que teremos do nosso Deus só começou aqui na terra, mas ele continuará por toda a eternidade.
 Ao encontrar-se com os discípulos no caminho de Emaús, Jesus se deparou com um quadro bem parecido com a maioria dos “desigrejados”, são aqueles que começam a seguir a Jesus, mas quando algo que não estava dentro das expectativas deles acontecem, voltam a viver a vida antiga que levavam anteriormente, podemos entender que estes discípulos não o reconheceram pelo corpo de Jesus agora glorificado, mas estes deixaram claro a sua decepção com a morte de Jesus, pois eles esperavam que Jesus os libertasse do domínio dos romanos, o fato de não entenderem o propósito de Jesus revelado em toda a Escritura e anunciado pelo próprio Jesus enquanto estava com eles os levou ao retrocesso em sua caminhada de fé, se não conhecermos a Jesus, vamos entender errado também os propósitos dEle e isso pode nos levar a viver decepções espirituais. Nossas igrejas estão cheias de pessoas decepcionadas com Jesus, pois estão anunciando para elas um Jesus que não é o Cristo, mas um Jesus que vai resolver o que elas querem que ele resolva, só que o evangelho não foi anunciado a nós para resolver os nossos problemas terrenos, mas para resolver o problema que existia entre o homem e Deus, a saber o pecado e aí sim, como consequência de uma vida remida pelo sangue do Cordeiro de Deus temos a nossa vida aperfeiçoada em todas as áreas, nisso encontramos as bençãos materiais, essas bençãos são bônus que recebemos ao maior e melhor de todos os presentes que foi a chance de nos tornarmos filhos de Deus por meio de Jesus.
 As estatísticas não poderão nos ajudar a entender o por que das pessoas que um dia estiveram tão perto de Jesus, agora estão caminhando na contramão do lugar que nunca deveriam ter saído, nós sempre iremos encontrar nas Escrituras essas respostas e Jesus deixou bem claro o motivo.

 [NVI- 25 Como vocês custam a entender e demoram a crer em tudo o que os profetas falaram!]

 Quando não entendemos as Escrituras, cremos errado, ou seja, se não entendermos o que as Escrituras falam sobre Jesus e o plano de Deus para salvar a nossa vida, teremos uma fé errada na pessoa certa. Por exemplo, temos diversas igrejas, diversos pregadores, mas os sermões que na maioria das vezes estão alimentando o povo não tem como prioridade tornar Jesus mais conhecido e sim a proclamação das vitórias terrenas, temos muita gente sabendo os passos para uma vida abençoada, mas que não sabem os passos para uma eternidade com Deus.
 Quando Jesus começou a falar sobre as Escrituras, desde Moisés e depois os profetas e apontar as referências que o AT fazia a Jesus, sobre a necessidade da morte e do sangue que iria trazer perdão e reconciliação entre os homens e Deus, eles disseram que o coração queimava ao ouvir isso. Hoje o que traz alegria ao coração das pessoas está mais ligado às bençãos materiais do que o simples fato de ouvir sobre Cristo, dentro das muitas discussões teológicas por exemplo, o que se revela é a vaidade humana para defender sua interpretação como melhor e certa diante das outras e não o prazer de proclamar Cristo com mensagens cristocêntricas.
 Como um jovem pregador e alguém que ainda tem muito para aprender, deixo aqui meu conselho para os pregadores, não precisamos aquecer o coração dos ouvintes com mensagens que massageiam os egos, não precisamos apelar em nossas mensagens, tudo o que precisamos é falar de Cristo, pois é sobre Ele que as Escrituras testificam.
 Estava já ficando tarde e os discípulos convidaram Jesus para entrar e passar a noite com eles (quem não iria querer passar a noite com alguém que expunha a palavra como o Senhor?). Jesus entrou e na hora de partir o pão deu graças e partiu, como sempre fazia, e sumiu. Foi neste momento que os discípulos o reconheceram e imediatamente retornaram a Jerusalém e relataram o fato aos outros discípulos.
 O que os fez reconhecer que era Jesus não foi um grande milagre, mas o ato simples de partir o pão que era uma característica dEle, hoje infelizmente somos levados por uma necessidade de ver coisas fora do normal para crer que Deus está presente.
 Este é o evangelho puro e simples, o evangelho que proclama o favor imerecido como maior ato de amor de Deus por nós, que coloca Jesus sobre tudo, nos fazendo entender que  precisamos amar a Deus sobre todas as coisas, até mesmo as nossas próprias vontades, prazeres e satisfações, não apenas às ilícitas, mas as lícitas também, pois se não entendermos isso, podemos deixá-lo como fizeram os discípulos no caminho de Emaús, mesmo após saberem que Jesus estava vivo, isso não os trouxe esperança, pois não era esse o maior amor.
 Se Jesus não é suficiente em sua vida…
 Nada será suficiente.
 Se caminha com Cristo por algum interesse de resolver apenas os problemas desta vida, será por estes mesmos problemas que um dia você deixará de seguir a Cristo.
#PenseNisso
#DeusTeAbençoe


 

Deus minha única opção.

    Geralmente agradecemos a Deus pelos livramentos que Ele nos dá, dizemos que somos gratos pelos livramentos que vimos e por aqueles que n...