domingo, 3 de junho de 2018

O desafio do ministério 2



  2 Tm 2: 1. Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus;
  2. e o que de mim ouviste de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.   3. Sofre [Suporta o sofrimento] comigo como bom soldado de Cristo Jesus.
  4. Nenhum soldado em serviço se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.
  5. E também se um atleta lutar nos jogos públicos, não será coroado se não lutar legitimamente.

  O desafio do ministério continua, quanto a isso não podemos nos enganar, a igreja de Jesus andará ordeiramente de acordo com o posicionamento do ministério que foi levantado e dentro da palavra de Deus vamos encontrar toda a orientação necessária.
  Paulo sente muita falta de Timóteo, também não é pra menos, ao apresentá-lo em sua carta, Paulo mostra que Timóteo não caiu de paraquedas como pastor de uma igreja, Paulo fala das lágrimas derramadas por Timóteo, da sua fé não fingida e do dom que estava na vida dele pelas sua própria imposição de mãos. Timóteo foi bem treinado por sua avó e por sua mãe, duas mulheres que foram essenciais para o desenvolvimento da sua fé, sem falar do pai espiritual que era o próprio apóstolo Paulo, isso não o isentaria de passar pelos desafios do ministério.
  Precisamos entender isso de forma muito clara, por mais que sejamos muito bem treinados por grandes mestres e líderes, na obra do ministério não existe "expert", todos nós cumprimos nosso chamado por Graça e misericórdia de Deus, somos completamente dependentes do Senhor.
  Paulo aconselha a Timóteo a se "fortificar na Graça que há em Cristo", outro ponto importante a ser observado, que o ministério é espiritual, claro que não deixaremos de estar envolvido no ministério emocionalmente, porém é em nível  espiritual que reteremos o amor pelo Senhor e pelo chamado de Deus em nossa vida.

2 Tm 1: 13. Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido na fé e no amor que há em Cristo Jesus;
  14. guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós.

  Se não tivermos um bom relacionamento com o Espírito Santo, de forma alguma poderemos manter inabalável o nosso ministério, pois a realidade que assumimos ao nos colocarmos a disposição de Deus para sua obra, é como se tivéssemos nos alistado para um exército e todo exército tem suas características básicas que entendemos ser a analogia que Paulo está usando para comparar o obreiro com um soldado.
  Na tradução Ferreira de Almeida, que é a mais utilizada vamos encontrar Paulo dizendo "Sofre comigo as aflições de Cristo como um bom soldado", já na tradução da NVI, "Suporta o sofrimento comigo", pode parecer não ter muita diferença, mas a pouca diferença que tem, faz diferença, pois o chamado ao ministério, não é um chamado para sofrer, ninguém quer aceitar uma proposta como essa, o chamado para a cruz por exemplo, não é simplesmente um chamado a sofrer, mas um chamado à suportar a cruz até o fim, pois foi isso que Jesus fez, junto com o sofrimento do ministério, temos também a força que nos fará suportar as adversidades e as batalhas que enfrentaremos.

  2 Tm 1: 7. Porque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.
  8. Portanto não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa comigo dos sofrimentos do evangelho segundo o poder de Deus,

  "Como um bom soldado", Paulo está nos chamando a atenção e vale a pena dar atenção a isso, pois ele diz a Timóteo algo que deveria ser um padrão para o ministério, nós não fomos chamados para ser simplesmente soldados, fomos chamados pra ser bons soldados, isso nos arremete à disciplina deste soldado e ao serviço que ele presta no seu exército, o mesmo Paulo se considera um bom soldado e no final de sua vida declara que "lutou um BOM combate, acabou a carreira e guardou a sua fé (2Tm 4.7)". O combate da nossa carreira cristã nesta guerra declarada contra o reino das trevas só será bom, no sentido de sairmos vitoriosos no final se formos "bons soldados".
  Paulo diz que ninguém que milita neste exército, se embaraça com negócios desta vida, pois sabe do seu compromisso em agradar seu general que o alistou para essa guerra, a fim de agradá-lo. Ele usa também a figura de um gladiador nos jogos que os romanos usavam no anfiteatro, pois se ele não "incorporasse" o campeão, se não se dedicasse ao treino, se ele não estivesse focado na luta que enfrentaria, certamente morreria, seria vencido por outro gladiador que estivesse mais preparado e forte do que ele.
  Os embaraços da vida nos tiram da disciplina que um bom soldado precisa ter, nosso treinamento não é físico:
  1 Tm 4: 8. Pois o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, visto que tem a promessa da vida presente e da que há de vir.

  Nossa guerra é em campo espiritual e por isso nos revestimos de toda armadura de Deus que é inteiramente espiritual (Ef 6), a falta de disciplina na oração, jejum e leitura da palavra, tem formado ministros com patentes em seus braços, mas com pouca ou nenhuma autoridade para atuarem em guerras espirituais e por isso estou escrevendo a você meu amigo leitor, após passar por dois dias sendo ministrado sobre liderança, entendo mais forte do que antes, que existe um padrão de exigência de Deus pra nós que deixamos de ser um simples "civil" que anda pela rua.
   Um bom soldado tem olhos diferentes, tem uma postura diferente na sociedade, pois entende que ele não é só um cidadão comum, ele é um soldado.
  Enquanto não assumirmos nosso papel com a devida responsabilidade, veremos o exército inimigo fazer destruição na terra, como é comum em toda a guerra, veremos mortes e desolação.
  Quem se alista para o exército de Cristo precisa se comprometer com esse alistamento, o nível de renúncia de vida em todas as áreas será parte do comprometimento com este exército, assim como o exército brasileiro, por exemplo, precisa chegar a uma certa idade para o alistamento, assim na vida espiritual, necessita ter alcançado uma maturidade para se tornar um bom soldado.
  Gostaria de falar do nível de renúncia que precisamos alcançar no ministério, para que ele seja crescente e bem sucedido, pois não fará diferença alguma o tempo que nos alistamos e estamos na ativa, sempre seremos convidados por Deus à um mais alto nível no relacionamento com ele e assim consequentemente no ministério.
  Gostaria de começar a falar sobre o nível de renúncia antes de reconhecermos o chamado de Deus para o ministério e também antes de ser isso confirmado em nossa vida pela imposição das mãos de uma liderança. Vamos usar o exemplo de Abrão.
  Abrão foi chamado por Deus quando ainda vivia na casa de seu pai, junto de seus familiares, que na verdade eram idólatras, não buscavam e não adoravam a Deus. Abrão foi chamado por Deus e direcionado à uma promessa, mas existia uma condição, a renúncia.
  Abrão, sai da tua casa, do meio da sua parentela e da casa de seu pai, Deus específica três coisas que Abraão deveria renunciar para viver o chamado que tinha pra ele, Deus o chama e fala de três coisas quando poderia dizer apenas "sai de onde está".

  Sai da sua casa - Abraão deveria renunciar os seus bens materiais para viver o seu chamado, tudo o que havia conquistado e construído e estava apegado, deveria abrir mão, a partir de agora sua dependência estaria inteiramente em Deus, essa escolha não é simples e fácil. (Jovem rico Lc 18)

  Sai do meio da sua parentela- A parentela de Abraão seria um grande problema, visto que toda ela servia a outros deuses, Deus está chamando Abraão para sair do meio da influência deles, isso não é um doutrina para deixar nossa família e seguir nosso caminho com Cristo, mas nos deixa claro que ao aceitarmos o chamado iremos provocar incômodo e insatisfação em nossos familiares.

  "Lc 14: 26. Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo."

  Não significa que temos a missão de aborrecer essas pessoas, mas que a fé que decidimos seguir irá trazer situações desconfortáveis até para os nossos familiares e em alguns casos a coisa mais certa a fazer é evitar o contato direto e contínuo para que isso não influencie negativamente na caminhada.

  Sai da casa do seu pai - A família nesta época patriarcal era  forte, a pessoa do pai exercia uma autoridade muito grande, as palavras e conselhos de um pai eram como mandamentos sagrados, os pais abençoavam seus filhos de forma profética. Deus ao chamar Abraão pra sair da casa do seu pai, está chamando Abraão pra ser seu filho, para que a partir deste momento os conselhos e orientações viriam de Deus, sua palavra de benção viria de Deus, toda sua dependência estaria em Deus.

  Observamos que tudo o que Abraão representa hoje na história bíblica, história essa que chega até nós, pois Jesus é descendente de Abraão e sua existência foi anunciada na benção que Deus derramou sobre ele e nós pela fé nos tornamos descendentes de Abraão pelo sangue de Jesus que nos fez co-herdeiros juntamente com ele e participantes das promessas. Porém toda esse destaque como pai da fé se manifestou não apenas pela vontade de Deus, mas pela disposição de Abraão em renunciar em todos os níveis, alcançando intimidade e favor de Deus.
  Após renunciar as três coisas que Deus havia falado e passar longos anos esperando a promessa de ter um filho, depois de ter o fruto da promessa, a saber, Isaque. Agora Deus chama Abraão para mais um grande desafio, o que nos ensina os níveis de renúncia que precisamos estar conscientes que Deus nos chamará e com isso nos dará crescimento e maturidade para exercermos com mais firmeza o ministério.
  A renúncia da sua casa, da sua parentela, da casa do seu pai, era a renúncia de coisas naturais, renúncia das tentações pecaminosas do pecado no meio da sua família e na terra que habitava, porém agora é diferente, Isaque é um milagre, um filho que nasceu de uma mulher estéril já em sua velhisse, Abraão tem outro filho que se chama Ismael, mas Deus pede " Isaque, seu único filho (Gn 22.2)". Isaque não é um simples filho, Isaque era uma promessa viva, uma benção vinda do próprio Deus e Abraão o amava, só que agora Abraão deve renunciar a benção que o próprio Deus havia o entregado na intenção de agradar o próprio Deus naquilo que Ele estava determinando e direcionando a Abraão. Vemos como muda o nível de renúncia, pois antes Abraão está renunciando coisas que ele mesmo construiu ou coisas naturais, mas agora Abraão vive o tempo da renúncia das coisas que são bençãos, que vieram de Deus. Abraão agora só alcançará uma maior intimidade com Deus se fizer essa grande renúncia, este é um ponto decisivo no ministério, o ponto em que devemos renunciar o que é bom para alcançarmos algo mais excelente da parte de Deus e o excelente de Deus só é alcançado na obediência a Ele.
  Não podemos nos enganar, nossa renúncia não se resume apenas ao tempo em que estávamos saindo do mundo de pecados e aceitando a fé para vivermos com Cristo, mesmo depois de anos servindo a Deus e agora já fazendo parte do ministério devemos renunciar. Mais uma vez quero usar o exemplo de Paulo, que por vários momentos em que teve que renunciar uma decisão que aos olhos naturais era a melhor escolha, mas entendendo o chamado de Deus em sua vida, optou por seguir sua carreira fielmente, independente das intempéries que sofreria.

  Paulo sendo magoado pela insistência dos irmãos aos receberem a revelação do que aconteceria com ele em Jerusalém, ele chama a atenção dos irmãos deixando claro que não havia renunciado apenas seu bem-estar pessoal, mas que havia renunciado a própria vida.
  At 21: 12. Quando ouvimos isto, rogamos-lhe, tanto nós como os daquele lugar, que não subisse a Jerusalém.
  13. Então Paulo respondeu: Que fazeis chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.

  Paulo diante de Festo, quando eles queriam dar liberdade para ele, Paulo apela para César.
  At 26: 32. Então Agripa disse a Festo: Este homem bem podia ser solto, se não tivesse apelado para César.

  Este é o nível de renúncia que precisamos buscar viver no ministério, um nível exemplificado por João Batista, onde não importa aparecermos, onde a nossa vida não tem mais valor e sentido se não estivermos dentro do propósito e querer de Deus, parece uma coisa clara para todo cristão, mas tem sido difícil ser formados ministros com essa mentalidade. Não devemos nos surpreender, já que Paulo disse a Timóteo que nestes dias homens amantes de si mesmo com uma série de desvios se levantariam (2Tm 3).

  O desafio do ministério continua, antes da decisão de seguir a Jesus, é muito importante que saibamos o que de fato é a cruz, pois sem cruz, não há evangelho, se não há evangelho, não a salvação.


Deus minha única opção.

    Geralmente agradecemos a Deus pelos livramentos que Ele nos dá, dizemos que somos gratos pelos livramentos que vimos e por aqueles que n...