sexta-feira, 2 de junho de 2017
A figueira seca
Mateus: 21. 18. Ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome; 19. e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente.
Buscando os frutos
Com o passar dos anos é nítida a mudança da igreja em alguns lugares, considerando que em poucos lugares encontramos o fervor do início, seja este fervor uma busca intensa pelo Espírito Santo, ou até mesmo a busca pelos perdidos, o amor pelas almas que também é gerado por este mesmo fervor. Com isso vemos a preocupação dos pais da igreja no Brasil, principalmente dos pentecostais, pois o crescimento da igreja Assembléia de Deus hoje é impressionante, porém não vemos nos cultos de hoje, mesmo com todos os recursos que não encontrávamos em uma igreja simples do passado, mesmo com todos os novos ritmos, instrumentos, pessoas capacitadas com vozes perfeitas, mesmo assim não temos constantemente pessoas batizadas com o Espírito Santo, pessoas curadas, libertas e outras coisas mais que eram tão comum nas igrejas onde nem sempre seus líderes falavam perfeitamente o português, mas que ao orarem o poder de Deus se manifestava grandemente.
Com tantos eventos, camisas, gritos de júbilo e multidões gritando o nome de Jesus, com tudo isso é impossível não ter o coração acelerado, desejo de pular, saltar e correr, pois na verdade o amamos, porém isso me faz refletir sobre todo esse movimento, diferente do grande movimento feito pela igreja do primeiro século, que foram taxados como bêbados pelas ruas, embriagados do poder de Deus marcaram sua geração com a evangelização que transformou milhares de vidas em poucos dias, onde era normal que todos em um mesmo ambiente recebessem a plenitude do Espírito Santo, não apenas alguns poucos, sem microfones, sem equipamentos de som os pregadores se faziam ouvir mesmo de tão longe e sem condições de eu explicar, a palavra era compreendida e multidões assim também se rendiam a Cristo convencidos de seus pecados pela presença irresistível do Senhor.
Minha preocupação hoje é fazer parte de uma geração diferente e não fazer a diferença esperada por Deus, pois temos uma geração que tem presença na sociedade, mas não tem manifestado o poder restaurador, pois ao passo que a igreja cresce, não conseguimos ver também a diminuição da das mazelas e cadeias que aprisionam nossa nação, principalmente com relação aos jovens que se envolvem cada vez mais com drogas, tráfico de drogas, dentre outros grandes problemas igualmente devastadores. Precisamos observar todo o movimento ao nome de Cristo, cada passeata, cada marcha, cada procissão aonde seu nome é aclamado, pois nem sempre isso o agrada. Quando entendemos que seus olhos podem contemplar além dos grandes eventos, a exemplo de Jerusalém, depois de tanta honra que recebeu chorou sobre a cidade, foi aclamado como o "Profeta de Nazaré" e chorou sobre a cidade ao falar que tantas vezes apedrejaram e mataram os profetas enviados pelo Pai e Ele mesmo seria mais um, chorou por ver no grande evento pessoas o ovacionando, mas que uma semana depois estariam gritando "crucifica- o".
Entendo que pessoas ali com uma fé muito superficial fizeram um estrondo significante em uma cidade inteira, porém tudo se resumia a isso, não tinham suas convicções bem estabelecidas no Filho de Deus e logo se deixaram influenciar pela oposição.
Que tipo de louvor entregamos ao nosso Rei Jesus? Ao Rei que veio em nome do Senhor?
Nossos gestos dignos de aplausos, como aquele de lançar as vestes no chão para que Jesus passasse por cima com o jumentinho, convencemos a todos de nossa devoção, porém ao ver tudo isso e olhar pra dentro de nosso coração, Jesus se alegra por ver tamanha entrega de alma, ou se entristece por ver nossa superficialidade?
Jesus passa por este momento, tinha que ser assim, estava escrito, e se dirige ao templo, lembrando que era a Páscoa é que pessoas de todas as partes do mundo vinham à Jerusalém oferecer seus sacrifícios ao Senhor.
Ir à Jerusalém não era obrigatório, o templo nem sempre existiu e a Páscoa foi instituída quando saíram em liberdade do Egito, porém se tornou parte da tradição dos homens subir todos os anos a Jerusalém para as principais festas, afinal de contas a cidade foi escolhida pelo Senhor, nela estava o templo do Senhor, no templo estava o lugar santíssimo, no lugar santíssimo estava a Arca do Senhor, de certa forma podemos até entender que o valor do templo no coração de Israel passou a ser maior do que a própria Páscoa.
Temos os conhecidos "Salmos dos degraus" ou "cânticos de subida" (Sl 120- 134), eram esses cânticos que todos os anos cantavam ao subir para a celebração e o maior desejo no início desta tradição eu entendo que era chegar e participar do sacrifício oficial do cordeiro de Páscoa feito pelo sumo- sacerdote, era uma expectativa grande chegar no Santuário e fazer orações, adorar ao Deus de Israel, porém o povo da época também acabou sofrendo com as mudanças, pois com o passar do tempo sempre vemos uma melhor forma de fazer todas as coisas, vemos sempre uma forma de "facilitar".
Aquele cordeiro que a pessoa criava ou se não criava, comprava com bastante antecedência para poder engordá- lo para a grande oferta e sacrifício da páscoa, o cordeiro que a pessoa vinha em todo o caminho trazendo junto na subida, cantando os louvores, esse cordeiro já não era a maior das prioridades ao subir para a Páscoa, pois ali em Jerusalém, mais precisamente dentro do templo tinha a disposição dos viajantes, animais que eram vendidos com o consentimento dos líderes religiosos, a final de contas isso trazia muito lucro para eles.
Antes de entrar na questão do comércio na casa de oração, quero falar também da forma como vamos ao santuário hoje, em nosso tempo moderno, nos dias em que pensamos em "facilitar" nossa vida de alguma forma, na história do povo de Israel, eles precisavam preparar o melhor cordeiro, fazia parte da subida deles ao santuário a companhia do cordeiro, só que assim como eles, em nossos dias não alimentamos este cordeiro todos os dias, não temos o cuidado com ele, e chegamos no santuário sem a presença do cordeiro conosco.
- Mas está tudo bem, não preciso me preocupar com o cordeiro em todo o caminho, pois tenho dinheiro e quando chegar lá no santuário meu dinheiro resolve a minha falta de cordeiro em todo o meu caminho.
Por causa de um evangelho prostituído que temos visto, onde tudo se resume à vida financeira e que as bençãos dependem da disposição em entregar ofertas de valores significativos no templo e fazendo isso já temos a comunhão com Deus. Infelizmente tem sido assim em muitos lugares, a maneira mais fácil de servir a Deus é o que muitos buscam, uma vida sem esforço ou sacrifícios, uma vida devocional sem o cuidado diário com a comunhão através de oração, jejum e palavra. Víamos na igreja a alguns anos que pregadores pagavam um preço alto por uma revelação de Deus acerca de uma mensagem que trariam, oravam e jejuavam em busca de uma palavra de Deus, hoje tudo vai no automático, precisamos perceber que pregadores são como padeiros, enquanto todos dormem, estes estão pelas madrugadas buscando em Deus um pão que venha do céu, por conta de tantas mensagens já "mastigadas" na internet, muitos não buscam mais o caminho da meditação, dos dias em oração buscando um nível mais profundo de intimidade com o Espírito Santo dentro da revelação da Palavra, a igreja tem sentido este impacto da superficialidade de muitos.
Agora ao contextualizar a parte da figueira com essas duas outras situações, precisamos atentar para Jesus amaldiçoando a figueira e entender que Jesus não é inimigo da natureza e que não estava ensinando os seus discípulos a amaldiçoar árvores se essas não tivessem frutos.
Jesus no dia anterior viveu uma experiência horrível em Jerusalém, cidade essa conhecida como a cidade santa, pois ali estava o centro da adoração ao Deus verdadeiro, cidade essa que o recebeu com júbilo, com procissão e aclamação,mas que era apenas emocionalismo, momentâneo e passageiro, uma cidade em que muitos vinham de longe para adorar a Deus e que acreditavam que encontrariam no templo adoração, sacrifício e alimento para suas almas, porém ao chegarem ali, encontravam o comércio que enriquecia os sacerdotes, o verdadeiro comércio da fé. Nada muito diferente do que vemos hoje e Jesus com a figueira trouxe a grande demonstração da realidade de Jerusalém, pois geralmente encontramos folhas na figueira após os frutos, ou seja, a figueira é uma árvore que dá frutos antes de folhas e se tinham muitas folhas ao olhar de longe, certamente encontraria frutos.
A figueira se tornou a representação da fé em Jerusalém, que era famosa por ser conhecida como a cidade Santa, que tinha o templo e seus inúmeros sacerdotes, escribas e fariseus, porém uma cidade apenas com aparência, mas que não tinha alimento e nem cura para aqueles que buscavam ali um encontro com Deus.
O figo não apenas servia para alimentação, servia também para fins medicinais, servia como remédio, Jesus ao dizer que estava com fome expressa a fome do mundo, a necessidade de cura da alma dos povos que buscam em uma igreja (figueira) encontrar alimento e cura para sua alma, que olham e vêem igrejas bem estruturadas e cheias, porém igrejas que entram e não conseguem encontrar o que suas almas necessitam, infelizmente este tem sido o quadro de nossa geração que não está comprometida com um evangelho que nos arranca das garras do pecado com força e poder, um evangelho que nos cura a alma, geralmente as multidões buscam afagar seus egos em lugares em que a felicidade pessoal está no primeiro lugar das suas vidas.
As folhas de figueira serviam para causar a impressão de que tudo estava bem com a figueira, mas ela era a expressão do paradoxo cristão, alguém que vive uma vida vazia dos frutos do Espírito, mas que mantém "as folhas", a aparência mascarada com expressões que ocultam o vazio interior, isso não é algo novo, visto que após pecarem Adão e Eva usaram folhas de figueira para tapar suas vergonhas, meio este que não foi suficiente, pois ao receberem a visita de Deus se esconderam, as folhas serviam para cobrir suas vergonhas apenas entre eles (humanos), mas diante de um Deus que vê todas as coisas, pensamentos, sentimentos e intenções, sabiam que estavam nus, que suas vestes de pureza e santidade haviam sido tiradas por conta do pecado que caíram.
Assim se comportam inúmeras pessoas diante de um quadro de apostasia, pessoas que ao longo de sua caminhada cometeram falhas, pecaram, mas que não se humilharam diante de Deus, vivem tapando e mascarando seus pecados com "folhas de figueira", meio este que convence aos homens, mas que sabemos, diante de Deus tem sido insignificante, pois Ele contempla a nossa nudez.
Temos esta tendência quando um dia revelamos em nossa face o brilho do Espírito Santo e infelizmente não existe mais, tentamos de alguma forma maquiar nossa vida a fim de convencer a todos de que tudo está perfeito, quando na verdade o brilho se foi e o coração está vazio.
Moisés fez isso um dia:
Êxodo: 34. 29. Quando Moisés desceu do monte Sinai, trazendo nas mãos as duas tábuas do testemunho, sim, quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, por haver Deus falado com ele.
30. Quando, pois, Arão e todos os filhos de Israel olharam para Moisés, eis que a pele do seu rosto resplandecia, pelo que tiveram medo de aproximar-se dele.
31. Então Moisés os chamou, e Arão e todos os príncipes da congregação tornaram a ele; e Moisés lhes falou.
32. Depois chegaram também todos os filhos de Israel, e ele lhes ordenou tudo o que o Senhor lhe falara no monte Sinai.
33. Assim que Moisés acabou de falar com eles, pôs um véu sobre o rosto.
34. Mas, entrando Moisés perante o Senhor, para falar com ele, tirava o véu até sair; e saindo, dizia aos filhos de Israel o que lhe era ordenado.
35. Assim, pois, viam os filhos de Israel o rosto de Moisés, e que a pele do seu rosto resplandecia; e tornava Moisés a pôr o véu sobre o seu rosto, até entrar para falar com Deus.
Mas Paulo nos chama a sermos diferentes, não tapar o rosto como fez Moisés, pois a Glória que está sobre nossa vida não é transitória e passageira, essa glória deve ser permanente.
2 Coríntios: 3. 13. E não somos como Moisés, que trazia um véu sobre o rosto, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório.
18. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.
Que neste dia possamos permitir que o Espírito Santo nos leve de volta a sermos verdadeiros adoradores, sem máscaras, sem fingimentos que convencem a todos, mas que o entristece, que o faz chorar como Jesus em Jerusalém. Que possamos permitir Deus nos vestir com suas vestes de santidade para que nossa vergonha e nosso pecado não apareça diante dEle e dos homens, pois essas vestes sim, são as vestes que são suficientes pra nós.
Medite neste texto e não apenas pense, permita-se voltar ao jardim da comunhão com Deus, vestido de santidade e de glória!
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