domingo, 6 de novembro de 2016

O discípulo e a multidão (Mt 5.1)


   Fica claro pra todos que existiam classes diferentes de pessoas que seguiam a Jesus, enxergamos duas classes, a classe dos discípulos e a maior delas que é a "multidão", a multidão com pequenas outras classes onde podemos encontrar a classe dos escribas e fariseus, a classe dos doentes e a classe daqueles que seguiam Jesus pelo pão que Ele multiplicava. Existia também outro grupo que por pouco tempo estava próximo ao Senhor, eram os que estavam a beira do caminho, pessoas que não tinham condições de o acompanhá - lo, mas que ao passar por perto não perdiam a oportunidade de clamar pelo seu favor.
   A bíblia é enfática ao mostrar sempre uma grande multidão que o seguia, não é de se admirar que hoje igrejas onde grandes milagres como curas e provisões acontecem estão sempre sendo seguidas por multidões, e não deixo por isso apenas uma crítica, até porque as pessoas buscam lugares assim por causa de suas necessidades e por causa das necessidades até mesmo Jairo principal da sinagoga foi até Jesus e se prostrou aos seus pés e pediu pela sua filha doente.

Lucas: 8. 40. Quando Jesus voltou, a multidão o recebeu; porque todos o estavam esperando.
 41. E eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa;
42. porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte. Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no as multidões.

   A verdade é que isso aconteceu e continua acontecendo, existem diversas formas das pessoas terem um encontro com o amor de Jesus e uma dessas é a necessidade, a verdade é que tem gente que nunca viveria uma vida diante de Deus se antes não passasse por uma necessidade da intervenção divina.
   Porém apesar de muitos encontrar o amor de Jesus através da cura e da provisão, muitos só encontram isso, a cura e a provisão e continuam com uma busca incessante por isso, vivemos em dias onde a busca pela cura, pelas portas abertas, a busca pela benção ou pela vitória são as causas das campanhas, eu costumo dizer que as portas que batemos serão sempre as que se abrirão, os nossos objetivos são aqueles que alcançaremos, se as portas que batemos são portas materiais serão elas que se abrirão pra nós, mas se buscamos o reino de Deus e sua justiça encontraremos a Deus, teremos experiências com Deus e todas as demais coisas nos serão acrescentadas (Mt 6.33).
   A multidão estava cheia de pessoas com problemas que os discípulos também passavam, o mundo era o mesmo, o tempo era o mesmo, o governo era o mesmo na época de hoje não difere daquele tempo, os problemas que a multidão está vivendo os discípulos também vivem mas o que diferencia o discípulo da multidão é  a motivação de nossos corações ao seguir a Jesus, até onde vamos, o que estamos dispostos a renunciar, pois a multidão geralmente quer alcançar algo, quer absorver algo de Jesus enquanto os discípulos que estão com Jesus estão aprendendo a cada dia a negar a si mesmo, a perder a própria vida para poder ganhar.
   Um dia Jesus fez uma pergunta aos seus discípulos:

 Mt 16.13-16  Quem diz os homens (multidão) que eu sou?
   Uns dizem Elias, outros dizem que é um profeta, uns dizem que é Jeremias e outros dizem que é João.
   Mas vós (discípulos) quem dizes que sou?
   Pedro (discípulo) tu és o Cristo Filho do Deus vivo!

   Os discípulos seguem a Jesus independente dos sinais que manifesta, eles o seguem porque o reconhecem como o messias e único salvador, muitos em meio aos próprios discípulos quando estes eram uma "multidão de discípulos" não suportaram o discurso de Jesus quando chegou em um nível mais profundo de comprometimento.

Jo 6.60-68
   Muitos, pois dos seus discípulos ouvindo isso, disseram: Duro é este discurso, quem poderá ouvir? [...]
   Mas há alguns de vós que não crêem...
   Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com Ele.
   Disse Jesus aos doze: Quereis vós também ir com eles?
   Respondeu - lhe Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna...

   O verdadeiro discípulo segue seu mestre até o fim, não o abandona, não segue a multidão, estes permaneceram, eles criam e pra que ficasse claro que o fato de ficarem também não era suficiente para provar a fidelidade de todos e que conhecia a cada um dos discípulos revelou que um no meio deles (doze) era um diabo, ou seja, um inimigo e não um discípulo.
   Um discípulo não abandona seu mestre quando as coisas se mostram desfavoráveis, não deixa seu mestre quando as palavras são duras, na verdade quando agimos assim deixamos de ser ou nunca fomos de fato discípulo.

Mt 5. 1
   Jesus vendo a multidão, subiu a um monte e assentando - se, aproximaram-se dele os seus discípulos.

   Isso é realmente demais, se pararmos e analisarmos esse detalhe neste versículo onde dará o início do sermão da montanha, perceberemos algo que diferencia claramente os discípulos da multidão. Sempre quando falo sobre o sermão da montanha em palestras sempre me perguntam se é possível viver os ensinamentos dados ali a começar pelas bem- aventuranças?
   Sempre digo que só poderemos seguir os ensinos do sermão do monte se quisermos ser iguais a Cristo, de maneira que diremos um dia "sede meus imitadores como eu sou de Cristo ( 1Co 11.1)" e se formos cheios do Espírito Santo, pois apenas com o fruto do Espírito poderemos viver o sermão do monte.
   Mas preste bem atenção neste versículo, Jesus vendo a multidão subiu ao monte, mas quem se aproximou foram os discípulos, a multidão o seguia no razo, no plano, mas na hora de subir ao monte não se esforçaram, ou seja não enfrentaram a ladeira e quando eu olho pra isso lembro fortemente de Moisés, pois Jesus estava entregando de certa forma os mandamentos (Mt 5. 17- 19), e nos dias de Moisés que recebeu a Lei (mandamentos) o povo teve de ficar atrás da linha que Deus havia posto como limite e quem ultrapassasse seria morto. Eu entendo que Deus um dia deu seus mandamentos à um só homem, pois os outros não foram achados dignos de subir a montanha, mas agora era a manifestação da graça, era para todos, porém nem todos queriam ter a experiência de receber de forma diferente de Moisés que viu a glória de Deus pelas costas escondido em uma fenda (Ex 33.18- 23), mas ouviriam do próprio Deus encarnado. A multidão quer receber desde que não necessite de esforço, desde que não tenha um monte pra subir, já o discípulos querem ouvir a Jesus, não importa se precisem subir ou se as palavras são duras, para os discípulos as palavras de Jesus são palavras de vida eterna.
   A classe dos escribas e fariseus também aumentavam o número da multidão que seguia ao Senhor, eram pessoas conhecedoras da Lei, mas não queriam ser discípulos, questionavam sua maneira de tratar principalmente os pecadores, o questionavam sobre o maior mandamento e tentavam- no para ter do que acusá- lo, porém nunca conseguiram, pois era e sempre será invencível. Este grupo se assemelha a muitos dentro das igrejas hoje, pessoas que depois de adquirirem conhecimento se tornaram fariseus, criticam, questionam tudo e não conseguem viver na essência de todo o conhecimento que adquiriram, estão no meio da multidão e não somam na obra, espalham.
   Os que estavam a beira do caminho eram geralmente pessoas mendigando por não ter condições de se locomoverem, como o cego de Jericó (Mc10.46- 52), como o outro cego que Jesus untou os olhos com lodo e mandou se lavar no tanque de Siloé (Jo 9), ou como o coxo na entrada do Templo quando Pedro e João iam entrando (At 3), homens que não tinham condições de seguir a Jesus, mas que aproveitavam quando este passava e que eram também agraciados, estes não estavam o tempo todo com a multidão, mas que ao Jesus passar somavam em seu número e muitos como o cego de Jericó tinham suas vidas transformada, pois tinham fé em Jesus pelo que ele era e não apenas pelo que podia fazer.
   Precisamos nos identificar nestes grupos ou classes de pessoas que seguem a Jesus, pois podemos estar perdendo o nosso tempo caso o seguimos de forma incorreta, podemos estar até atrapalhando outras pessoas de se aproximarem de Cristo, em diversas passagens vemos a dificuldade de pessoas se aproximarem de Jesus por conta da multidão, uns precisaram descer o amigo pelo telhado de uma casa (Mt 9.1), a mulher do fluxo ( Mc 5), o leproso (Mc 1).
   Se somos discípulos estamos aprendendo a cada dia com Ele, estamos cada dia mais parecidos com Ele, nós anunciamos o seu reino, somos levados também todos os dias como ovelhas para o matadouro, estamos crucificados com Ele, e não desistimos dele nas adversidades, não seguimos a multidão, ficaremos ainda que a maioria desista, ainda que a subida seja cansativa e desgastante, subiremos este monte, pois existe a certeza em nossos corações de que ao chegarmos lá em cima ouviremos sua voz, falaremos face a face, viveremos eternamente com Ele.
   Seja discípulo e não multidão e caso estejamos em meio a uma multidão hoje que seja uma multidão de discípulos apaixonados por Jesus!
 

3 comentários:

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