Jacó, exemplo de transformação

  Como pregador do Evangelho desde os meus dezesseis anos tenho percebido uma coisa em minha igreja e nas igrejas por onde ministrei a Santa Palavra de Deus. A necessidade do discipulado na vida daqueles que levantam suas mãos aceitando Jesus como Salvador de suas almas, por ser professor de EBD vejo a necessidade de uma continuidade no ensino da Palavra, esclarecendo principais dúvidas e auxiliando os novos irmãos no crescimento da graça e conhecimento.
  Em 1Co 3.6 diz: “Eu plantei (Paulo), Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. Estamos diante do maior texto base para o investimento de um ministério em “discipulado cristão”, quando vemos Paulo dizendo que o crescimento de uma igreja ou até da vida espiritual de uma única pessoa não depende apenas de uma pregação impactante, convincente que o pecador ouviu e recebeu Jesus, mas que a continuação do tratamento da vida onde foi lançada a semente contribuirá para seu crescimento. O que seria mais importante então? Na lógica desta comparação, não adiantaria lançarmos uma semente e não regarmos, e também não adianta regar onde não há semente. Então cada um tem seu valor e uma missão está ligada a outra. Como pregador itinerante tenho feito muitos apelos e pela misericórdia de Deus muitas almas tem se entregado à Jesus, pessoas que o aceitam de todas as formas, sorrindo, chorando, se ajoelhando, se rendendo diante dos meus olhos, só que, são pessoas que talvez não verei mais, ou verei depois de algum tempo, pessoas que receberam a semente no dia em que preguei, mas que necessitariam de um acompanhamento que chamamos de “DISCIPULADO”. Neste texto em poucas palavras tentarei auxiliar você meu irmão que tem participado desta graça redentora a esclarecer alguns assuntos que vejo ser muito importante para que seja bem estruturada a sua fé e possa receber de Deus a terceira parte do processo que é o “crescimento de Deus”. Em uma leitura de sete dias iremos viver este tempo de transformação.

(1° dia)- Uma nova vida diante do mundo. 
  Neste primeiro dia de discipulado eu gostaria de ressaltar a importância de mostrarmos ao mundo que nos conheceu longe dos caminhos de Deus que agora a nossa vida não é a mesma, pois fomos regenerados pelo poder do sangue de Jesus.
  Gostaria de usar como texto de referência o texto:
  Gn 32. 22-32: 22 - E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque. 
 23 - E tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha.
 24 - Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu. 
 25 - E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. 
 26 - E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. 
 27 - E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. 
 28 - Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste.
 30 - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.
 29 - E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. 
 31 - E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa. 
 32 - Por isso os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje; porquanto tocara a juntura da coxa de Jacó no nervo encolhido.
  Estamos diante de um texto bem conhecido em que o protagonista trazia sobre si um título e um passado comprometedor. O nome Jacó significa suplantador, o que nos dá a entender enganador, aproveitador, esperto... e seu passado fazia seu nome fazer todo o sentido. A verdade da vida de muitos que se convertem é essa também, pois ao nos convertermos trazemos em alguns casos títulos como mentiroso, mulherengo, beberrão, ladrão, drogado e etc. Não somente títulos, mas um passado que faz esses títulos realmente terem sentido em nossa vida. E depois de nos entregarmos a Jesus temos todos os dias o desafio direto e indireto por parte daqueles que nos conheceram no erro, desafio de provarmos que nos convertemos de fato.
  Converter significa mudar para se adequar, se tenho um aparelho MP3 não funcionará uma música em MP4, para que eu possa ouvi-la em meu aparelho preciso convertê-la, assim é o evangelho, o nosso modo de vida anterior não estava de acordo com o reino de Deus então precisamos de uma verdadeira conversão para nos adequar a ele. Só que para isso precisamos passar pelo processo de transformação que na vida de muitos é doloroso. Na Bíblia vamos encontrar diversas comparações de transformação como o vaso nas mãos do Oleiro (Jr 18), o ouro refinado (Ml3.2), e até mesmo como um pedaço de madeira bruta (considerando que Jesus era carpinteiro). O processo do barro, do ouro e da madeira bruta são difíceis e dolorosos, mas o resultado é sempre excelente quando feito por mãos perfeitas. Jacó estava na casa de seu sogro, depois de ter sofrido os males que cometera no passado e Deus o chama a voltar à seu irmão para um encontro de reconciliação, só que ele sabe que fugiu de seu irmão por ter tomado seu direito de primogenitura através de uma mentira e que Esaú desejava sua morte quando havia fugido, só que agora ele tem um encontro poderoso com Deus e Deus o ajudaria a reparar os erros cometidos no passado.
  A Bíblia diz que Jacó luta com o Anjo toda a madrugada e diz não deixa-lo ir se não o abençoar. Precisamos entender uma coisa neste texto, Jacó já havia recebido a benção de seu pai, só que sabia que havia alcançado da forma errada, então precisava da benção de Deus. Buscar a benção de Deus Não é diferente na nossa vida, você precisa analisar de onde conseguiu as “bênçãos” que possui, levando em consideração que muitas coisas podem ser fruto de negócios ilícitos. Uma vez um amigo novo convertido me perguntou o que ele deveria fazer com seu trabalho, ele era dono da metade de um “negócio” de TV a cabo e que tinha muito lucro com aquele trabalho, respondi sem meias palavras: “Deve largar se quiser realmente agradar a Deus”, a princípio foi impactante eu creio, ele disse que venderia sua parte do “negócio”, mas com o passar do tempo e o Espírito Santo trabalhando em seu coração ele nem quis o dinheiro, simplesmente abandonou o que era ilícito. Outro exemplo na Bíblia é o de Zaqueu que roubou por muito tempo em sua função de cobrador de impostos, mas quando Jesus entrou em sua casa e em sua vida disse:
  Lc 19.8 – “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado”.
  Existem coisas que são tão claras após a conversão que não precisamos nem perguntar ao irmão ou ao pastor, pois agora temos o Espírito Santo dentro de nós para nos aconselhar a respeito do que devemos fazer.

(2° dia)- Jacó lutou a madrugada inteira 
  Neste segundo dia gostaria de falar que o processo de transformação na vida de cada um é muito diferente, o processo de mudança na vida de alguns pode não ser instantâneo, pode ser demorado e doloroso. Devemos lutar e não desistir pela benção de Deus, no caso de Jacó como no contexto de nosso assunto, a benção é a transformação de um indivíduo, mudança de vida e bom testemunho para um mundo que vive contrario à vontade de Deus. Infelizmente o que vemos em nossas igrejas no Brasil é muito diferente do que deveria ser se seguíssemos os princípios da palavra de Deus, pessoas que entram para a igreja, mas o mundo não sai de seus corações e sendo assim não mudam também o seu testemunho de vida. Uma dos grandes desafios que um cristão enfrenta são as conversas dos ímpios, amigos do trabalho, da escola ou até da vizinhança a respeito de crentes que dão mau testemunho, na maioria das vezes ficamos sem saber o que falar, mas com isso devemos saber então o que fazer, devemos nos esforçar e lutar para não ser o nosso nome, o próximo na boca do povo. Disse Jesus sobre isso:
  Mt 13.41 – “Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade”; 
 “ Lc 17.1 E disse aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem!”.
  Por que seria tão importante o que as pessoas acham de nós já que ninguém tem nada com a nossa vida? Talvez no mundo esse fosse nosso pensamento, mas hoje devemos deixar bem claro para todos que nos conheceram antes que Jesus nos mudou completamente e por isso a decisão de entregar nossa vida a Ele é com certeza a mais importante de nossas vidas, decisão esta que deve ser tomada sem força ou pressão.
  Disse Jesus um dia uma parábola (Lc 14.27) sobre um homem que iria construir uma torre e esclareceu bem como deveria ser feito, o homem deveria fazer as contas dos gastos primeiro para não ter de parar a obra pela metade por falta de recursos e todos que passarem ficarem zombando dele. Jesus quis dizer que a nossa vida com Ele agora é uma edificação e para começarmos precisamos pensar se estamos dispostos a pagar o preço que for de ir até o fim para que nosso testemunho não seja fracassado diante dos homens, como disse Paulo 2Tm4.7 “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”. Devemos agora com Jesus fazer de nossa vida uma pregação sem palavras, nossa família, nossa maneira da falar, nossas reações diante das adversidades no trabalho, escola e etc. Devemos mostrar Jesus diante das provocações do mundo que nesse processo de transformação se intensificarão. O exemplo maior disso é o povo de Israel no Egito que quando estava próxima sua saída da escravidão Faraó dobrou o serviço e eles não entenderam a dureza deste processo de libertação. Então não seria em vão a perseverança de Jacó lutando por toda a madrugada e também não será em vão a nossa perseverança. Falo consciente da dificuldade de deixar um vício, manias hábitos, mas acima de tudo lute e acredite que o melhor de Deus está por vir.

(3° dia)- Curando feridas do passado Neste terceiro dia iremos falar sobre a necessidade de curar as feridas do passado e isso nos fará parecer mais com Jesus, um de nossos principais objetivos agora. Deus manda Jacó voltar a se encontrar com seu irmão que desejava o matar e por isso havia fugido. Muitos ou todos nós quando nos entregamos a Jesus trazemos feridas na alma, mágoas, situações mal resolvidas, pessoas que não falamos e agora Jesus nos encorajará a curarmos completamente essas feridas que continuam abertas quando buscarmos o perdão e aprendermos a perdoar. Jesus amou todos aqueles que estavam ao seu redor e isso sem precisar falar, pois o amor verdadeiro é demonstrado com atitudes e ele foi a maior prova de perdão, quando chamava Judas de amigo quando com um beijo o traía (Mt26.50), quando perguntava a Pedro três vezes se ele o amava quando o viu o negando três vezes (Jo 21.15-17), Jesus nos mostra que as mesmas oportunidades que o diabo dá a alguém para destruir um relacionamento conjugal, familiar ou até uma amizade devem ser dadas por nós para restaurar a comunhão entre nós e nosso próximo. Dizem que sentir ódio de alguém é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra, Jesus nos ensinou a morrer por aqueles que não mereciam e fez tudo isso por amor. Devemos viver agora o amor, deixar que o amor de Deus tome conta de nossas vidas e assim seremos curados de feridas antigas, poderemos passar por pessoas e não mais virar o rosto, abaixar a cabeça, trocar de calçada, mas pelo contrário mostraremos em nosso olhar a compaixão que o próprio Jesus tem por nós, compaixão quando via homens caídos, escravos de uma enfermidade, presos pelo pecado, ter compaixão é se colocar no lugar do outro e realmente ele nos amou até o fim (Jo 13.1), tomando nosso lugar na cruz para que não fossemos mais cativos pelo pecado. Se quisermos mesmo dar nosso melhor para o Senhor devemos ser sensíveis ao Espírito Santo e realizarmos sua obra, talvez em algum lugar você possa ouvir que se der sua oferta será abençoado sem precisar fazer mais nada, porém Jesus nos ensinou diferente: Mateus 5:23-24- “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti; Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta”. Jesus nos ensina a consertarmos primeiro nossa situação com aqueles que estamos contendidos, e não somente isso, “se teu irmão tem algo contra ti”, ou seja, podemos não ter nada contra, mas se alguém tiver algo devemos pedir perdão e isso com certeza agradará ao nosso Deus. A ferida de Jacó era o relacionamento com seu irmão, uma situação mal resolvida, mas na nossa vida pode ser algo que carregamos por tantos anos e que por muitas noites ao deitarmos a cabeça no travesseiro pesa em nossa consciência, o desejo de Jesus é que sejamos completamente libertos e transformados agora que o aceitamos: Em nossos corpos, sentimentos e pensamentos. Romanos 12:1-2 " Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”.

(4° dia)- Reconhecendo seu estado Neste quarto dia seremos desafiados a tomar uma atitude de coragem. “Existem pessoas que falam com prazer, por horas se tiver em todo o tempo alguém para ouvir seus bens feitos do passado. Poucos são os corajosos que por minutos confessam diante de Deus seus maus feitos para aliviarem suas almas. (JCarlos)”. Diz o texto que Jacó luta por toda a madrugada, só que está determinado e não deixaria ir o anjo sem o ter abençoado. Até que o anjo lhe pergunta o seu nome e agora é a hora mais difícil para muitos, a hora de falar quem você realmente é. Como disse no início Jacó tem um significado ruim, que descrevia sua personalidade e agora estava fugido onde ninguém conhecia seu passado e o anjo de Deus lhe pergunta quem é. Essa é a hora decisiva, pois se queremos uma nova vida precisamos reconhecer para Deus quem somos, pois na verdade Ele nos conhece e espera que nós reconheçamos nossa verdadeira identidade, identidade essa muitas vezes desconhecida até pelos nossos mais íntimos. Não adianta quão longe e quanto tempo faz que fugimos de situações que nos condenam diante de Deus, pois se queremos agora uma nova vida precisamos reconhecer diante dEle e assim encontraremos perdão e paz para nossa alma. Provérbios 28:13 “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.”; I João 1:9 “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça." Existem pessoas que se levantarão nos lembrando do passado que vivíamos no erro e se estas não se manifestarem o próprio diabo lançará em nossa mente setas que nos acusarão de erros do passado, por isso é tão importante começarmos cumprindo todas as necessidades básicas de um novo participante do Reino de Deus. Devemos entender o versículo de Provérbios como um princípio desta nova vida com Jesus, primeiro confessar à Jesus nossos pecados, pois só Ele pode nos limpar e depois deixar para trás tudo o que nos trás condenação. Romanos 8:1-“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito." Quando Jacó disse seu nome mostrou para Deus que reconhecia que não havia como esconder de Deus sua identidade e que desejava receber de Deus uma benção, mas agora não uma benção que o fizesse mais errado diante de todos e sim uma benção que o fizesse admirável diante dos seus. Jacó sabia que estava diante de alguém que o podia abençoar e reconheceu sua identidade, isso faz toda a diferença na vida de alguém que se encontra com Jesus. No evangelho de Lucas 17.11-19 vemos a história de dez leprosos que tiveram o prazer de um encontro com Jesus, a lepra era uma doença incurável, como hoje pecados que trazemos, erros irreparáveis, só que quando encontraram com Jesus não perderam a oportunidade assim como Jacó. Eles disseram: “Mestre”, eles reconheceram que Jesus não era qualquer um e sim alguém que tinha muito o que lhes ensinar. E disseram também: “Tem misericórdia de nós”, eles reconheceram de longe que precisavam de sua misericórdia. Por causa da lepra era lei que eles não se aproximassem das pessoas e nesta feita reconheceram que não podiam se aproximar de Jesus daquela maneira, seria bom que todos aprendessem que não há possibilidade de nos aproximarmos de Jesus se as “lepras” do passado não forem curadas, precisamos reconhecer nosso imérito e necessidade de sua infinita misericórdia. Então neste dia saiba da importância de reconhecer quem tu és para que assim como Jacó possas ser chamado agora de príncipe ou princesa de Deus.

(5° dia)- Um “aparente” prejuízo Neste quinto dia gostaria que observasse como as pessoas te veem como um evangélico, como os amigos que antes te acompanhavam para as baladas, ou que sentavam junto nas mesas dos bares, que passavam horas conversando sobre a vida alheia, ou até mesmo falando de coisas imorais aceitam o fato de que você agora não participa mais de coisas que te afastam de Deus ou que traz a vida sua antiga identidade. Na maioria das vezes somos desafiados a provar nas situações mais extremas que não somos mais os mesmos, comecei a caminhar com Jesus com 14 anos, mas já aos 12 saía com os amigos, era o mais jovem deles, mas difícil ir a uma festa sem “ficar” com uma menina, bebia muito, me considerava um jovem alcoólatra e logo que me converti passei por um dos maiores desafios de minha vida com Cristo, pois não bastava a dificuldade de renunciar o que minha carne desejava muito (o pecado), tinha que resistir aos convites dos amigos que sempre acompanhei. O que um recém-convertido passa todos passaram um dia e por isso vejo a necessidade de falar sobre isso, pois o jovem que um dia foi mulherengo agora seria chamado de gay na escola. Não devemos ceder as provocações, naquele tempo eu já entendia que não deveria provar para mulher nenhuma que era homem e sim para eu mesmo que eu era “um homem de Deus”. Iremos perceber que as pessoas sempre terão comentários sarcásticos do tipo: “Você está sumido, não tem tempo para os amigos agora”, “Agora que é crente ficou metido”, “Agora que é da igreja não pode fazer mais nada”, o mundo não entenderá que provamos algo muito mais prazeroso que qualquer sensação de prazer que a droga ou o sexo pode nos dar. Diante desses comentários pode até parecer que sofremos um grandioso prejuízo deixando de fazer algumas coisas, ou de estarmos em alguns lugares, mas tomemos como exemplo a vida dos jovens judeus que foram levados para a Babilônia no tempo de Daniel, foram vistos pelo rei como os mais excelentes entre todos os jovens e foram levados para receber um tratamento diferenciado. Poderiam se orgulhar de serem vistos como mais bonitos, inteligentes, mas não, decidiram não se contaminar com o manjar do rei e com as coisas da Babilônia, enquanto todos comiam das melhores comidas que eram oferecidas aos deuses da Babilônia eles comeram legumes por três anos. E ao fim destes três anos foram achados mais bonitos e saudáveis do que os demais. Estamos diante de um mundo que tenta nos seduzir, mas não é porque sou bonitão que uma mulher muito bonita vai “me dar bola”, e sim porque o mundo que vivemos “está no maligno (1Jo 5.19)”, e o próprio deseja roubar minha salvação. Aparentemente seria um prejuízo deixar de comer as melhores carnes, melhores comidas que os apresentavam, essa é uma escolha que todos nós devemos fazer, todos passamos pelas tentações e escolher não mais se contaminar com as coisas deste mundo nos trará a benção de Deus. Talvez quem viu Jacó ao entrar no vau caminhando normalmente não o reconheceu quando retornava, pois agora estava mancando depois de ser tocado na coxa pelo anjo. A maneira de Jacó caminhar nunca mais seria a mesma após o toque de Deus em sua vida, talvez alguém dissesse: “Mas Jacó agora você manca!”, tenho certeza que Jacó dizia: “Eu andava normalmente, mas era um suplantador, agora meu caminhar é diferente, pois sou um príncipe de Deus”. O processo pode ser doloroso, mas o resultado de Deus em nossa vida sempre é excelente.

(6° dia)- A sensação de ser salvo Neste sexto dia falaremos sobre algo importante para caminharmos direcionados para o alvo certo de nossa fé: Jesus! Jacó lutou pedindo que o anjo o abençoasse e recebeu uma nova identidade, e depois disso declarou: “Tenho visto a Deus face a face e a minha alma foi salva”. Só que um dia provou a sensação de ser um salvo pode dizer o quanto excede todas as coisas, é sentir-se próximo de Deus novamente e perder isso é como perder o fôlego de vida, passando a ser qualquer prazer deste mundo sem sentido. Davi foi um grande rei de Israel e muito usado por Deus, um homem realmente destacado entre os grandes heróis de Deus da história só que um dia cometeu um erro e pecou grandemente de maneira que deixou de sentir esta sensação de ser um salvo então escreveu um de seus mais belos salmos e em um dos versos disse: “Salmos 51.12- Torna a dar-me a alegria da tua salvação”. As práticas do pecado o fizeram deixar de sentir esta alegria. Ter a alegria da salvação é muito mais do que cumprir os dias de culto da igreja, rotineiramente falando, é muito mais do que cumprir exigências religiosas. Um dia um jovem rico chegou para Jesus e lhe perguntou o que deveria fazer para ser salvo, e Jesus lhe respondeu que deveria vender tudo e dar aos pobres, aquele jovem era rico, cumpria desde pequenos as exigências de sua religião, mas lhe faltava uma coisa no coração, e isso nenhum dinheiro no mundo pode comprar, uma sensação que o mais pobre servo de Deus tem, morando na pior favela de sua cidade, vivendo as mais difíceis adversidades e que o rico que tem as coisas mais caras deste mundo não tem. E não terá se não souber renunciar as coisas deste mundo, assim como aquele jovem diz a palavra “saindo entristecido (Mc10.22)”, Jesus não pediu isso para nenhuma outra pessoa, mas na vida daquele jovem era isso o que traria ao seu coração a alegria de ser um salvo. Não podemos perder o foco de nosso alvo, pois na nossa vida temos prioridades e devemos saber colocá-las diante de Deus. Um grande exemplo é o do cego de Jericó, que era um cego de nascença e quando Jesus o encontrou perguntou pra ele “O que queres que eu te faça?(Mc 10.51)”, o que desejaria um cego? Será que Jesus seria ignorante? Claro que não! E hoje o que será que realmente precisamos? Ele sempre continua a fazer esta pergunta, só que pedimos a coisa errada, estamos cegos para o enxergá-lo, não vemos Deus, não o compreendemos, não o conhecemos e estamos pedindo um montão de coisas, em nossos corações um vazio do tamanho de Deus e nós queremos coisas tão pequenas que não nos preencherá e não acabará com a tristeza da nossa alma. Muitos preferem ser ricos infelizes do que pobres felizes, isso é uma verdade, mas Jesus veio trazer não apenas a cura para os doentes, ele também nos deu alegria suficiente para vivermos nesta terra enfermos com uma alegria do céu. Muitas pessoas que Jesus curou Ele não apenas disse: “Vai a tua fé te curou”, mas assim como com o cego de Jericó Jesus disse: “Vai a tua fé te salvou (Mc 10.52)”. Todos nós queremos ser abençoados nesta vida, apesar de contas é a única que temos, mas o cego que Jesus curou um dia morreria, o paralítico, até mesmo os mortos que ressuscitou um dia tornariam a morrer, mas aqueles que receberam a certeza da salvação, assim como Jacó, receberam algo que transcende qualquer bem desta terra. Nós recebemos esta alegria não pelo que fizemos a faremos a partir de agora, claro que para sermos participantes desta graça precisamos reconhecer a Jesus como Senhor e Salvador de nossas vidas, mas a salvação que sentimos hoje é pela graça, graça é um favor imerecido, ou seja, algo que recebemos sem merecer, ou algo que nunca conseguiríamos por nossa própria força ou capacidade, mas que nos foi dada por amor, através da morte e ressurreição de Jesus. Ou seja, você não vai deixar de fazer alguma coisa agora que é servo ou serva de Deus para ser salvo ou salva e sim por que você já é uma pessoa salva. Não é pelo que fazemos e sim pelo que Ele já fez por nós, o que devemos fazer agora é lutar para nos mantermos salvos, pois temos um adversário que luta em todo o tempo, furioso tentando nos roubar este bem mais precioso que temos, a comunhão com Deus.

(7° dia)- Uma história escrita por Deus Espero ter lhe auxiliado nesta incrível e emocionante caminhada que está iniciando, o desfecho da história de Jacó é maravilhoso e é com isso que eu gostaria de terminar esta jornada de discipulado com você. Penso que Jacó imaginava na possibilidade de estar novamente com seu irmão Esaú, mas quando se lembrava de seus erros do passado via tudo isso impossível, mas após o encontro que tivera com Deus enfrentou seus medos e receios. Para que o fim desta história se tornasse tão lindo Jacó precisou deixar Deus escrever adiante de seu encontro com Ele, todos nós sabemos que quando os irmãos se aproximaram se abraçaram e choraram, ou seja, tudo já estava preparado, faltava apenas a atitude de Jacó. O passado de todos nós pode ser de condenação, talvez sofremos perdas irreparáveis aos nossos olhos e se continuarmos olhando para o que fizemos nunca nos levantaremos e buscaremos o que perdemos um dia. Precisamos deixar Deus escrever nossa história, obedecermos sua vontade e assim o nosso passado não mais nos condenará e viveremos a cada dia as novidades de Deus. Quando Jacó fugiu, correu com medo de morrer – Modelo errado de benção na vida - quando voltou, estava de cabeça erguida, com uma nova maneira de caminhar e uma nova personalidade. Hoje podes meu irmão, minha irmã dizer: Sou um príncipe de Deus! Agradeço a Deus por ter me dado a graça de tê-lo encontrado um dia e ter me colocado neste processo de discipulado que até o dia de hoje tenho vivido e também pelo crescimento de sua obra na minha vida que se estendem aos muitos irmãos e amigos que tenho feito por onde tenho passado, agradecer também pela minha amada esposa e ao maravilhoso ministério de minha igreja Pentecostal do Calvário que têm sido os meus maiores incentivadores em tempos tão difíceis em que a pregação da Palavra tem se tornado um grande desafio.